‘Temos 3 mil homens armados’: facções culpam o PCC após chacina na fronteira de MS

Grupos paraguaios dizem que mulheres morreram injustamente em atentado

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Seis foram presos durante operação nesta segunda-feira.
Seis foram presos durante operação nesta segunda-feira.

Circula nas redes sociais uma suposta nota divulgada por três facções criminosas da fronteira entre Brasil e Paraguai, acusando o PCC (Primeiro Comando da Capital) de ter “lavado as mãos” após a chacina do último sábado (9), que matou quatro pessoas. Desde a morte de Jorge Rafaat em 2016, considerado Rei da Fronteira, a região virou palco de confronto entre facções rivais, principalmente na briga pelo controle do narcotráfico entre PCC e CV (Comando Vermelho).

Os três grupos paraguaios – denominados Departamento de Extermínio de La Fronteira, Primeiro Comando do Paraguai e Exército do Povo Paraguaio – acusam o PCC de ter “lavado as mãos mais uma vez após o comunicado de que não tem qualquer participação no ato injusto que aconteceu no sábado 09/10/2021, onde morreram três moças injustamente em decorrência do homicídio em que só o personagem teria que pagar com a vida (sic)“.

O trecho refere-se a Osmar Vicente Álvarez Grance, o ‘Bebeto’, que seria o principal alvo dos pistoleiros. O subcomandante da Polícia Nacional do Paraguai, coronel Gilberto Fleitas, afirmou que o atentado estaria relacionado a um conflito interno entre ‘Bebeto’ e um grupo dedicado ao narcotráfico no Brasil. “Seria mais uma questão interna ligada ao mercado brasileiro. Haveria um conflito com esta pessoa, Bebeto”, afirmou. O subcomandante, contudo, não revelou a qual grupo Bebeto estaria em conflito.

A carta prossegue afirmando que “irá começar a agir” caso nenhuma atitude fosse tomada, e convoca autoridades da polícia paraguaia para encontrar os culpados. Um dia após a divulgação da nota, foram presos seis brasileiros acusados de participarem da chacina nesta segunda-feira (11).

Os grupos afirmam estarem fortemente armados. “Estamos atentos para acabar com esses criminosos ou vamos atacar e agir, e eles não vão conseguir parar tão pouco para fazer nada, porque nós estamos prontos com 3 mil homens fortemente armados e preparados contra esses personagens e seres do mal (sic)“, finaliza.

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(Foto: Reprodução/ Redes Sociais)

Operação prendeu 6 brasileiros

Seis brasileiros presos nesta segunda-feira (11) durante operação contra autores da chacina ocorrida na fronteira. A Polícia Nacional Paraguaia também apreendeu três carros, outros três documentos de veículos, celulares, joias e 74 gramas de maconha.

O nomes dos presos foram divulgados pelo site local Capitán Bado: Hywulsson Foresto, Juares Alvers da Silva, Luis Fernando Armani e Silva Simões, Gabriel Veiga de Souza, Farley José Cisto da Silva Leite Carrijo e Douglas Ribeiro Gomes.

Os veículos apreendidos também são brasileiros, sendo um Fiat Uno cinza, um Volkswagen não identificado na cor branca e um Fiat Polo cinza.
Os mandados de busca e apreensão e prisão foram expedidos pelo juiz criminal do Segundo Turno da Comarca de Amambay, Juan Martín Areco Torraca, para que fossem cumpridos apreensão de veículos de procedência duvidosa, suposta posse de maconha, entrada em domicílio e elementos processuais de quádruplo homicídio. Os presos foram transferidos para o Departamento de Investigações de Amambay.

Carro furtado

O carro utilizado pelas vítimas da chacina tem placas da cidade de Navegantes, em Santa Catarina, e registro de furto. O veículo foi atingido por pelo menos 100 tiros fuzil de vários calibres.

Trata-se de uma Chevrolet Trailblazer, ano e modelo 2016. A suspeita é de que o carro era dirigido por Osmar Vicente Álvarez Grance, vulgo ‘Bebeto’, que seria o alvo do atentado.

Já a caminhonete Toyota Hilux encontrada incendiado em uma estrada vicinal na Colônia Virgen de Caacupé, não tem registro de roubos ou furtos, e tem placas de Várzea Paulista-SP.

“Briga interna”

O subcomandante da Polícia Nacional do Paraguai, coronel Gilberto Fleitas, afirmou ao ABC Color que não há relação da chacina com outros ataques acontecidos na fronteira, em referência à morte do vereador de Ponta Porã Farid Affif, também no sábado (9).

Conforme apurado pela Futura Fm, de Amambay, a residência fica na colônia Cerro Cora’i, e está há uma quadra da fronteira. Segundo o chefe policial da operação, todos são brasileiros. 

O atentado que matou quatro pessoas estaria relacionado a um conflito interno entre ‘Bebeto’ – Osmar Vicente Álvarez Grance -, uma das vítimas, e um grupo dedicado ao narcotráfico no Brasil. “Seria mais uma questão interna ligada ao mercado brasileiro. Haveria um confito com esta pessoa, Bebeto”, afirmou.

A caminhonete foi localizada em uma estrada vicinal na Colônia Virgen de Caacupé, após moradores acionarem a polícia. Chegando ao local, os policiais verificaram que o veículo tinha características similares ao que teria sido utilizado no atentado e foi identificado durante as investigações.

O diretor da polícia de Amambay Carlos Miguel López Russo, foi pessoalmente ao local do achado. A caminhonete tem placa brasileira e trata-se de uma Toyota Hilux, ano 2014/2015, da cidade de Bauru-São Paulo.

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Carro em que as vítimas estavam. (Foto: Reprodução)

O veículo foi encontrado horas depois de membros da equipe de investigação afirmar que tinham fortes indícios para esclarecimento do crime, mas que não daria maiores informações para não atrapalhar o andamento.

Chacina

A estudante de medicina, Kaline Reinoso, de 21 anos, foi uma das vítimas da chacina ocorrida em frente a uma casa de eventos em Pedro Juan Caballero. Ela era moradora de Dourados e estava acompanhada de outra estudante de medicina identificada como Rhannye Jamilly.

Elas estavam no mesmo grupo de Osmar Vicente Álvarez Grance, o Bebeto, e da filha do governador do Departamento de Amambay, Haylée Carolina Acevedo Yunis, de 21 anos, que também morreram no atentado. De acordo com a Polícia Nacional, foram mais de 100 disparos de fuzil de vários calibres.

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