Alvos da Operação Aqueus, da Polícia Federal, quatro policiais militares lotados em Ponta Porã são acusados de violação do sigilo funcional. Isso, porque durante as investigações eles teriam abordado agentes da PF que estavam à paisana e identificaram os policiais para o líder da organização criminosa, de quem estariam recebendo propina.

O Jornal Midiamax apurou ainda que foi feito pedido de prisão temporária para o comandante da Polícia Militar responsável pela equipe, mas que foi indeferido e pode ainda ser analisado pela Justiça Militar. Em agosto de 2020, agentes federais à paisana investigavam uma possível negociação de drogas feita pelo líder da organização, Heitor Ferreira Gomes, o ‘Gordinho’.

Neste momento, equipe da PM abordou os agentes, que se identificaram, mas disseram para os policiais seguirem normalmente com a abordagem para não levantarem suspeita do traficante. Heitor estava hospedado em um apartamento nas proximidades. Mesmo assim, os policiais militares enviaram para Heitor fotos dos agentes federais e as identificações.

Isso foi descoberto após a quebra do sigilo telefônico do acusado, quando as conversas de WhatsApp entre Heitor e policiais militares foram descobertas. Foi apontado pela PF que os militares recebiam propina para fins criminosos e violaram sigilo funcional.

Na terça-feira (14) a operação cumpriu os mandados de busca e apreensão em Ponta Porã, nas casas dos acusados e também no batalhão. Celulares e documentos foram apreendidos e podem servir de provas.

A PF ainda identificou outro agente público envolvido na organização criminosa. Um agente penitenciário é apontado como laranja, que usava uma empresa de fachada para lavar dinheiro da quadrilha.

Operação Aqueus

Segundo a PF, a droga que vinha da fronteira para Campo Grande e posteriormente Três Lagoas era redistribuída para o litoral paulista, Grande São Paulo e interior de Minas Gerais. O núcleo especializado na lavagem de dinheiro chegou a movimentar mais de R$ 155 milhões em apenas 14 meses.

Em Campo Grande, a droga ficava armazenada em uma propriedade na Chácara das Mansões, onde um homem foi preso em flagrante com armas de fogo. O dinheiro em espécie era transportado em veículos e também eram feitas movimentações nas contas de parentes próximos dos criminosos, que integravam a quadrilha.

Para ocultar os bens, eles investigam em imóveis registrados no nome de laranjas. Entre 2020 e 2021, os lideres receberam mais de R$ 3,5 milhões nas contas desses laranjas. A PF acredita que o lucro tenha sido ainda maior. Durante as investigações 8 pessoas foram presas em flagrante.

Nesta terça foram cumpridos 63 mandados de busca e apreensão, 22 de prisão preventiva, 7 de prisões temporárias, além do sequestro de 13 imóveis e o bloqueio judicial de contas bancárias de 33 pessoas físicas e jurídicas.