‘Estelionatário do amor’ é baleado com oito tiros e socorrido em Campo Grande

Testemunhas disseram que autores estariam em Fox vermelho

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Caso foi registrado na Depac Centro.
Caso foi registrado na Depac Centro.

Homem de 33 anos foi alvejado por oito disparos de revólver calibre 9 mm na tarde deste domingo (7), no Bairro Mata do Jacinto, em Campo Grande. Ele estava no interior do carro, um Jeep Renegade, junto a outras duas pessoas, que não se feriram. Velho conhecido no meio policial, ele chegou a ser apelidado de “estelionatário do amor”.

Conforme informações do boletim de ocorrência, a Polícia Militar foi acionada por moradores e, chegando à Rua Pridiliano Rosa Pires, não encontraram a vítima e nem o possível autor. Testemunhas disseram que o homem foi levado, em seu veículo, até a casa do sogro, e de lá encaminhada para o Hospital da Cassems.

A vítima foi atingida por oito perfurações, no braço esquerdo, pescoço, rosto e lateral das costas e pernas. Ele estava consciente e orientado, aguardando transferência para a Santa Casa. Moradores da vizinhança informaram que os autores estariam em um carro Volkswagen Fox vermelho, e seriam dois ocupantes. Duas passageiras que também estavam no carro, junto à vítima, não se feriram.

A Perícia e a Polícia Civil compareceram ao local e encontraram quatro cápsulas de calibre 9 mm deflagradas no chão e, em seguida, os policiais e peritos se deslocaram até o hospital para fazer a perícia no carro. O caso foi registrado como tentativa de homicídio.

‘Estelionatário do amor’

Com mais de 15 passagens por estelionato, o suspeito se aproxima de mulheres fingindo ser militar, inicia um relacionamento e dá golpes, levando dinheiro, carros, celulares, entre outros pertences das vítimas. O último foi aplicado no dia 11 de agosto. Após ela descobrir que caiu em um golpe, passou a receber ameaças do acusado, que já responde na Justiça por crimes com o mesmo modus operandi. Segundo a mulher, ela recebeu uma mensagem do suspeito, dizendo que não tinha atendido a ligação porque estava em uma missão.

A vítima, então, respondeu ao número desconhecido, afirmando que não tinha ligado. Foi assim que o golpista começou a conversar com a mulher. Se apresentando como militar do Exército — embora em outras ocasiões já tenha dito que era policial — ele puxou conversa e conquistou a vítima, que passou a se envolver amorosamente com ele.

Durante o relacionamento, o acusado mentiu, dizendo que tinha vendido um terreno de R$ 300 mil e que o dinheiro tinha sido bloqueado pelo banco. Ludibriada pelo golpista, a mulher acabou ajudando o suspeito, emprestando a ele R$ 10 mil. Em outra ocasião, passou o cartão em uma loja, no valor de R$ 3 mil para o suspeito.

Estelionatário por formação, ele andava em um Jeep Renegade novo, segundo a vítima, veículo que não sai por menos de R$ 90 mil. Tudo isso para simular ter boa condição financeira e poder dar o golpe. A mulher só descobriu o golpe quando o falso militar disse que a levaria em uma festa, no Exército.

Quando ela estava pronta para a festa, ele ligou, dizendo que o general tinha cancelado o evento. Desconfiada, ela conversou com um amigo, que é militar do Exército, e ele disse que não havia ninguém com o nome do namorado dela no comando e ainda que não tinha nenhuma festa marcada.

Após descobrir o golpe, a vítima se afastou do acusado, quando começou a ser ameaçada e a receber ligações. Por isso, registrou boletim de ocorrência pelo estelionato e também pela violência doméstica.

Velho conhecido da polícia

Em 2016, o acusado foi notícia no Midiamax, após ser preso por estelionato. Na época, a polícia já indicava que ele agia como estelionatário amoroso, ou seja, entrava em relacionamentos e convencia as mulheres a darem para ele objetos caros. Uma vítima chegou a comprar um iPhone para o golpista, que se passava na época por policial federal.

Outra vítima comprou para o acusado um carro avaliado em R$ 80 mil. Na época, o acusado foi preso na casa dos pais, onde morava. Sempre atuando da mesma forma, ele diz que está com as contas bancárias bloqueadas e que precisa comprar algo, mas que vai pagar depois. Com isso, acaba pegando dinheiro das vítimas.

Dois anos depois, em 2018, o golpista foi preso novamente em um apartamento na Mata do Jacinto, com prisão preventiva decretada. A vítima foi um vendedor de joias, que teve duas correntes furtadas pelo suspeito. Além disso, ele simulou comprar uma peça, mas pagou com cheque sem fundos.

O golpe resultou em prejuízo de R$ 23 mil ao vendedor. O acusado chegou a dizer para a vítima que não seria preso e que não pagaria nada. Com processos judiciais por estelionato ainda tramitando, o golpista coleciona passagens e segue atuando no crime.

O crime de estelionato está previsto no artigo 171 do Código Penal, com pena de 1 a 5 anos e multa.

*(Matéria editada às 16h22 para acréscimo de informações)

Conteúdos relacionados