Nas páginas policiais desde 2016, morador em Campo Grande, de 32 anos, foi denunciado por, mais uma vez, aplicar o golpe conhecido como estelionato amoroso. Com mais de 15 passagens por estelionato, o suspeito se aproxima de mulheres fingindo ser militar, inicia um relacionamento e dá golpes, levando dinheiro, carros, celulares, entre outros pertences das vítimas.

Denúncia feita por uma vítima do acusado, nesta quarta-feira (11), foi ainda mais grave. Após ela descobrir que caiu em um golpe, passou a receber ameaças do acusado, que já responde na Justiça por crimes com o mesmo modus operandi. Segundo a mulher, ela recebeu uma mensagem do suspeito, dizendo que não tinha atendido a ligação porque estava em uma missão.

A vítima, então, respondeu ao número desconhecido, afirmando que não tinha ligado. Foi assim que o golpista começou a conversar com a mulher. Se apresentando como militar do Exército — embora em outras ocasiões já tenha dito que era policial — ele puxou conversa e conquistou a vítima, que passou a se envolver amorosamente com ele.

Durante o relacionamento, o acusado mentiu, dizendo que tinha vendido um terreno de R$ 300 mil e que o dinheiro tinha sido bloqueado pelo banco. Ludibriada pelo golpista, a mulher acabou ajudando o suspeito, emprestando a ele R$ 10 mil. Em outra ocasião, passou o cartão em uma loja, no valor de R$ 3 mil para o suspeito.

Estelionatário por formação, ele andava em um Jeep Renegade novo, segundo a vítima, veículo que não sai por menos de R$ 90 mil. Tudo isso para simular ter boa condição financeira e poder dar o golpe. A mulher só descobriu o golpe quando o falso militar disse que a levaria em uma festa, no Exército.

Quando ela estava pronta para a festa, ele ligou, dizendo que o general tinha cancelado o evento. Desconfiada, ela conversou com um amigo, que é militar do Exército, e ele disse que não havia ninguém com o nome do namorado dela no comando e ainda que não tinha nenhuma festa marcada.

Após descobrir o golpe, a vítima se afastou do acusado, quando começou a ser ameaçada e a receber ligações. Por isso, registrou boletim de ocorrência pelo estelionato e também pela violência doméstica.

Velho conhecido da polícia

Em 2016, o acusado foi notícia no Midiamax, após ser preso por estelionato. Na época, a polícia já indicava que ele agia como estelionatário amoroso, ou seja, entrava em relacionamentos e convencia as mulheres a darem para ele objetos caros. Uma vítima chegou a comprar um iPhone para o golpista, que se passava na época por policial federal.

Outra vítima comprou para o acusado um carro avaliado em R$ 80 mil. Na época, o acusado foi preso na casa dos pais, onde morava. Sempre atuando da mesma forma, ele diz que está com as contas bancárias bloqueadas e que precisa comprar algo, mas que vai pagar depois. Com isso, acaba pegando dinheiro das vítimas.

Dois anos depois, em 2018, o golpista foi preso novamente em um apartamento na Mata do Jacinto, com prisão preventiva decretada. A vítima foi um vendedor de joias, que teve duas correntes furtadas pelo suspeito. Além disso, ele simulou comprar uma peça, mas pagou com cheque sem fundos.

O golpe resultou em prejuízo de R$ 23 mil ao vendedor. O acusado chegou a dizer para a vítima que não seria preso e que não pagaria nada. Com processos judiciais por estelionato ainda tramitando, o golpista coleciona passagens e segue atuando no crime.

O crime de estelionato está previsto no artigo 171 do Código Penal, com pena de 1 a 5 anos e multa.