No fim da tarde desta quinta-feira (8), foi protocolado ofício da ACS PMBM MS (Associação dos Policiais Militares e Bombeiros Militares de Mato Grosso do Sul) junto à Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública). O pedido é de intervenção do secretário para que o atual comandante do se redima ou até mesmo que ocorra o afastamento.

Ao Midiamax, o presidente da associação, Mário Sérgio Couto, informou que o ofício foi entregue com pedido para que o secretário Antônio Carlos Videira tome uma providência sobre o comandante-geral do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul. Nesta semana, denúncias por parte de militares que alegam coação e abusos do comando foram divulgadas.

“O pedido é para o comandante mudar a estratégia de gestão dele. Caso não se redima, para que o secretário então tome uma medida de afastamento”, afirmou Couto. Também conforme o presidente da ACS, se não houver uma intercessão da Sejusp, eles devem buscar medidas judiciais em defesa dos bombeiros militares.

Assédio moral e exploração

As primeiras denúncias chegaram ao Midiamax após mais de 80 militares de todo Estado serem escalados para serviço de combate a incêndios na região do Pantanal, em Corumbá. Passados três dias, muitos questionavam onde estava o fogo do incêndio. A Operação Hefesto teve início no dia 2 de julho e segue em andamento.

Por conta das reclamações, oficial dos bombeiros teria enviado áudios alegando que, se necessário, apertaria as escalas. Depois, ao saber que o áudio foi amplamente divulgado, enviou outro pedindo que o anterior fosse ignorado. Mesmo com as reclamações, na quarta-feira teve início outra operação de combate a incêndios.

Desta vez, a chamada Operação Panemorfi, que acontece na região de Bonito e Jardim. Foram escalados 50 bombeiros militares de outras cidades, como Campo Grande, Amambai, Ponta Porã e Sidrolândia. Um foco de incêndio foi combatido no Morro do Matheus e outro a aproximadamente 50 quilômetros de Jardim.

O que é dito pelos bombeiros militares, que não se expõem para não sofrerem represálias do comando, é que “não existe fogo”. A reclamação não é pelo trabalho, mas pela escala apertada e também pela quantidade de militares que teria sido escalada para os serviços, desfalcando os quartéis nas outras cidades.

‘Eu que mando'

Denúncias de assédio moral por parte dos bombeiros são inúmeras e, de acordo com Mário Sérgio Couto, o comandante teria deixado bem claro que não recebe ordens de ninguém, e que é ‘ele quem manda'.

Muitos bombeiros relatam estarem ficando doentes, com esgotamento psicológico e físico, por causa desse autoritarismo, sendo que alguns já teriam falado em tirar a própria vida. Segundo Mário, o comandante não respeita e nem tenta diálogo com a associação.

Áudios

Áudios circularam nas redes sociais mostrando a situação em que os bombeiros foram submetidos. “Senhores, boa tarde. Aos comandantes noticiem seus militares que militar não tem folga, militar tem licenciamento. Noticiem o que se for necessário cair a escala de 24h/48h a escala vai cair. Se tiver que cair de 24h/24h vai cair. É assim que é nossa profissão. Se não fizeram antes vai ser feito agora.”

Quando as reclamações vieram à tona, a assessoria dos bombeiros disse que foi necessário empenhar diversos militares na Operação Hefesto pela peculiaridade desse combate e trabalho estratégico com objetivo de preservação do . A respeito dos áudios do oficial sobre ter que “cair a escala”, a assessoria afirma que é uma situação que ocorre, conforme as demandas dos serviços operacionais, sem novidade.

“Ressalta-se que a Corporação trabalha com escala de serviço. Os bombeiros militares empenhados neste momento na Operação Hefesto ficarão por tempo determinado, que pode variar conforme evolução do sinistro, sendo posteriormente substituídos por outros bombeiros militares ou acionando mais militares para a missão, somando com o efetivo no local”.

“Por fim, o CBMMS reafirma seu compromisso com o Meio Ambiente e destaca que todos os trabalhos realizados neste momento são fundamentais para que se evite desastre ambiental maior, como o que ocorreu no ano passado”, finalizam. O Midiamax tentou, mas não conseguiu contato com o secretário da Sejusp.