Denúncia no MPMS implica chefia e inteligência da Polícia Civil de MS na briga pelo jogo do bicho

Ouvidoria recebeu manifestação com nomes da DGPC suspeitos de interferir em disputa por contravenção em Campo Grande

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Delegado-Geral da PCMS
Delegado-Geral da PCMS

A crise que rachou a cúpula da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, com suspeitas de que decisões do Delegado-Geral, Adriano Geraldo Garcia, teriam ligação com a briga pelo controle do jogo do bicho em Campo Grande, chegou ao MPMS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul).

Nesta terça-feira (9), foi registrada na Ouvidoria do MPMS denúncia que pede oficialmente a apuração sobre suposta atuação de membros da Polícia Civil de MS para favorecer grupos interessados no domínio do mercado de contravenção na capital sul-mato-grossense. 

Nomes de possíveis envolvidos no esquema foram apontados e, conforme consulta pública, a manifestação aguarda recebimento. Além disso, o serviço de inteligência da PCMS também foi implicado na denúncia.

Conforme o registro na Ouvidoria do MPMS, “o delegado geral e seu serviço de inteligência trabalham de maneira exaustiva para aniquilar o jogo do bicho na capital, para após essa ‘limpeza’ ingressar com a banca que os patrocina”.

Ainda é lembrado pelo denunciante o número de operações Deu Zebra, realizadas pela Polícia Civil desde setembro deste ano. Também é feita afirmação de que integrariam a Deops (Delegacia Especializada de Ordem Política e Social), que seria responsável por apurar tal infração, policiais que têm como familiares investigados na Operação Omertà.

A denúncia afirma que membros da DGPC (Delegacia-Geral de Polícia Civil) atuariam em parceria com interessados no controle da jogatina em Mato Grosso do Sul.

Sejusp deve assumir procedimentos internos sobre o caso

Após o Jornal Midiamax revelar as suspeitas apontadas por delegados da Polícia Civil de MS que implicam colegas ligados à cúpula da DGPC, o titular da Sejusp-MS (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul), Antônio Carlos Videira, explicou que o delegado-geral da Polícia Civil, Adriano Geraldo Garcia, não poderá participar das apurações internas sobre as denúncias, já que está entre os suspeitos.

Nesse caso, Adriano está afastado das investigações, já que faz parte do processo e terá de se declarar impedido de todas as apurações feitas em relação à investigação. A Corregedoria já está em investigação e quando o relatório for remetido à DGPC, Adriano terá de remeter à Sejusp para o secretário Antônio Carlos Videira, que julgará o caso.

“Não posso emitir nenhuma opinião sob pena de me declarar suspeito”, disse ainda Videira em entrevista gravada ao Jornal Midiamax.

Suspeitas e racha na Polícia Civil

Diversos delegados com quem a reportagem conversou confirmaram que ‘estranham’ o comportamento do Delegado-Geral com relação a investigações que poderiam atingir envolvidos no controle da contravenção em Campo Grande.

A crise já causou bate-boca em reunião oficial na DGPC (Delegacia-Geral da Polícia Civil) e os policiais temem represália por parte da cúpula. Desde segunda-feira (8), após a publicação da reportagem, várias reuniões teriam sido realizadas para tentar conter o verdadeiro ‘racha interno’.

No entanto, delegados dizem que teriam sentido ‘tom de coerção’ em abordagens que supostamente buscavam apoio para a cúpula. 

“Tudo será investigado para a apuração de condutas”, avisou Videira. Segundo o secretário, que também é delegado da Polícia Civil de MS, todos que estavam na reunião quando ocorreu um bate-boca entre Adriano e a delegada Daniela Kades serão ouvidos.

Para tanto, será aberta uma Comissão Processante contra todos os envolvidos. O secretário disse ainda que caso ache necessário, após relatório, poderá pedir a realização de outras diligências. “Será a oportunidade para todos os envolvidos se defenderem”. O prazo para a conclusão do procedimento é de 30 dias.

Enquanto isso, Campo Grande volta a ter execução com fuzil

O comportamento estranho do delegado-geral já havia levantado suspeitas de vários delegados, como até a publicação de uma portaria, em que proibia ações conjuntas com órgãos externos à Polícia Civil sem a sua autorização e justificativa para a colaboração externa. Alguns delegados consideraram a medida uma tentativa de ‘encabrestar’ investigações, centralizando as informações.

As suspeitas dos delegados sobre o que poderia estar por trás das operações ‘Deu Zebra’ ganharam força no fim de setembro, com a interferência direta e pessoal do delegado-geral, Adriano Garcia, em uma demanda de advogados que representam investigados na Operação Omertà.

Eles pediram à DGPC a devolução de bilhetes apreendidos durante a Operação Black Cat. No dia 28 de setembro, o próprio delegado-geral enviou um despacho à força-tarefa da Omertà solicitando informações sobre a apreensão do material e dando três dias para a resposta.

Ao Jornal Midiamax, Adriano Geraldo Garcia disse que considera ‘absurdas’ as suspeitas dos outros delegados de polícia.

“Como gestor, eu preciso coibir e tenho o dever, para que a sensação de segurança não caia por terra para a população”, afirmou Adriano.

No entanto, enquanto a Polícia Civil aguarda o desenrolar da crise, a ‘sensação de segurança’ em Campo Grande voltou a registrar um crime de execução pública com uso de armamentos pesados. Na noite desta terça-feira (9), um interno do sistema penitenciário de Mato Grosso do Sul, também sob controle da Sejusp, foi fuzilado.

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