O capitão da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul) que acabou preso nesta quinta-feira (8), em Campo Grande, ao ‘virar as costas’ para o chefe, um coronel, o teria denunciado pelo crime de homofobia na semana passada junto ao MPM (Ministério Público Militar). O militar passou por audiência de custódia nesta sexta-feira (9) e foi liberado. O juiz relaxou a prisão por considerá-la ilegal. 

A prisão ocorreu durante uma reunião em que mais dois militares foram convidados a participar, sendo que o capitão havia afirmado que não falaria de nada que fosse além do trabalho. O advogado do capitão, Anderson Yukio, disse ao Jornal Midiamax que o seu cliente não deu as costas para o superior quando recebeu a voz de prisão por insubordinação. 

“Ele nem chegou a levantar da cadeira quando o coronel mandou prendê-lo”, disse o advogado. O capitão havia feito uma denúncia junto ao MPM contra seu superior pelo crime de homofobia, e, segundo o advogado, mesmo com o caso em segredo, havia boatos na seção onde o militar trabalhava sobre a denúncia, o que teria provocado a reunião com o coronel. 

‘Vida pessoal’

Em seu relato, o capitão disse que se sentia extremamente constrangido por relatar a sua vida pessoal e que jamais pretendeu enfrentar um processo tão grande de exposição, já que, durante a reunião, o superior queria falar sobre assuntos relativos à vida pessoal dele. Já em seu relato, o coronel alvo da denúncia disse acreditar que o capitão era heterossexual, já que tinha conhecimento que ele havia sido casado com uma mulher, e nunca havia ouvido no ambiente de trabalho alguém comentar sobre a sua orientação sexual. 

Um áudio, que havia circulado em WhatsApp, pejorativo contra homossexuais no grupo da Polícia Militar teria sido o gatilho para que o capitão fizesse a denúncia junto ao MPM. 

Em contato com a assessoria de comunicação da PM, foi informado ao Jornal Midiamax que será feito um pedido para se ter acesso a essa denúncia feita pelo capitão junto ao MPM e que o caso será investigado. De acordo com a assessoria, não havia conhecimento de que uma denúncia pelo crime de homofobia havia sido feita.