Após as várias denúncias que envolvem o nome do delegado-geral Adriano Garcia, a Adepol (Associação dos Delegados de Polícia de Mato Grosso do Sul), em nota publicada nesta quinta-feira (11), manifestou confiar nas providências do Estado em investigações sobre Adriano, que foi substituído por um período de 15 dias devido à publicação de suas férias. 

A nota ainda fala que a “Adepol confia plenamente no esclarecimento da verdade, dentro do Estado de Direito, repudiando qualquer prejulgamento e colocando-se à disposição dos associados, a fim de assisti-los em todas as providências”.

Confira a nota na íntegra:

“A Adepol-MS vem a público se posicionar acerca de manifestações veiculadas em redes sociais e na mídia, quanto ao pedido de investigação e afastamento do Delegado-Geral, por supostas irregularidades.

O momento institucional exige equilíbrio e a Adepol-MS confia nas providências que o Estado venha a adotar, destacando que quaisquer representações vociferando denúncias de irregularidades contra qualquer cidadão e, notadamente, contra Delegado de Polícia no exercício de suas funções, devem passar pelo necessário filtro estatal, por meio de ações céleres e imparciais pelos órgãos competentes, sem quaisquer prejulgamentos.

Ademais, vale lembrar que qualquer cidadão, servidor público ou não, dispõe por meio da Constituição da República Federativa do Brasil, da sagrada garantia de ter sua inocência presumida perante qualquer denúncia. Nesse norte, ao mesmo tempo em que são necessários os devidos esclarecimentos em busca da verdade, a Adepol-MS vê com preocupação cogitações de medidas açodadas que venham sugerir a supressão da garantia constitucional de presunção de inocência, notadamente diante de situações que necessitam de maior averiguação.

A Adepol-MS confia plenamente no esclarecimento da verdade, dentro do Estado de Direito, repudiando qualquer prejulgamento e colocando-se à disposição dos associados, a fim de assisti-los em todas as providências.

Por fim, a Adepol-MS acredita firmemente na união da classe para que turbulências de momento sejam enfrentadas com a moderação e o equilíbrio necessários, primando sempre pela manutenção do espírito republicano, democrático e respeitoso que deve permear as relações institucionais nas mais variadas instâncias.”

Férias

Nesta quinta-feira (11), foi publicada no Diário Oficial, a substituição de Adriano por Rozeman Geise Rodrigues de Paula, que assume o cargo para desempenhar a função no período de 16 a 30 de novembro. Informações obtidas pelo Jornal Midiamax são de que Adriano Garcia retorna das férias já em outro cargo, não mais como delegado-geral da instituição, após longo desgaste sofrido com denúncias de delegados, que apontaram suspeitas sobre uso da Polícia Civil para interferência na briga pelo jogo do bicho em Campo Grande.

O afastamento por férias e substituição pela delegada-geral adjunta é assinada pelo secretário Antônio Carlos Videira, da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul).

Denúncia MPMS

No último dia 9, foi determinada a distribuição imediata pelo MPMS (Ministério Público Estadual) de uma denúncia que tem como alvo a cúpula da DGPC (Delegacia-Geral da Polícia Civil). Segundo informação oficial do Ministério Público, o procedimento deve ser distribuído a uma das promotorias do Patrimônio Público. A expectativa é de que pelo menos um dos titulares dessas promotorias se declare sob suspeição. Atualmente, atuam como titulares os promotores Adriano Lobo Viana de Resende, Fabio Ianni Goldfinger e Humberto Lapa Ferri, da 29ª, 30ª e 31ª promotorias, respectivamente. 

A manifestação foi recebida pela ouvidoria e no mesmo dia determinada a sua distribuição. “Foi determinado o encaminhamento à Supervisão das Promotorias de Justiça Especializadas para distribuição a uma das Promotorias de Justiça com atribuição na área do Patrimônio Público e Social”, explicou a nota enviada ao Jornal Midiamax.

Ainda na quarta-feira (10), o vereador Tiago Vargas (PSD) protocolou um pedido do afastamento junto ao MPMS. Ele chegou a citar nas redes sociais que Adriano não teria “condições éticas e morais para estar à frente da PCMS, pois ameaçou uma delegada que se recusou a citar nomes de investigados ligados ao jogo do bicho”.

Comissão processante

Após o Jornal Midiamax revelar suspeitas apontadas por delegados da Polícia Civil de MS que implicam colegas ligados à cúpula da DGPC, o titular da Sejusp-MS (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul), Antônio Carlos Videira, explicou que o delegado-geral da Polícia Civil, Adriano Geraldo Garcia, não poderá participar das apurações internas sobre as denúncias, já que está entre os suspeitos.

Nesse caso, Adriano está afastado das investigações, já que faz parte do processo e terá de se declarar impedido de todas as apurações feitas em relação à investigação. A Corregedoria já está em investigação e quando o relatório for remetido à DGPC, Adriano terá de remeter à Sejusp para o secretário Antônio Carlos Videira, que julgará o caso. “Não posso emitir nenhuma opinião sob pena de me declarar suspeito”, disse ainda Videira em entrevista gravada à reportagem.