Quadrilha que escavou túnel para roubar banco pretendia passar fim de ano em casa
Seis dos sete presos pela tentativa de roubo à central do Banco do Brasil em Campo Grande confessaram o crime, revelado em 22 de dezembro, e ainda revelaram que escavaram o túnel no lugar errado. Naquela madrugada em que foram presos, eles teriam decidido voltarem para suas casas, passarem as festas de fim de ano […]
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Seis dos sete presos pela tentativa de roubo à central do Banco do Brasil em Campo Grande confessaram o crime, revelado em 22 de dezembro, e ainda revelaram que escavaram o túnel no lugar errado. Naquela madrugada em que foram presos, eles teriam decidido voltarem para suas casas, passarem as festas de fim de ano e retornarem para cometerem o roubo em 2020. O plano, no entanto, acabou frustrado pelos policiais do Garras.
Cinco dos presos afirmaram que o túnel teria chegado a uma sala errada dentro da central do banco, e não onde eles pretendiam chegar inicialmente. O último a prestar depoimento, Bruno Oliveira de Souza, de 30 anos, que dirigia o caminhão e foi atingido por um tiro, contou que chegou a ajudar na escavação, mas como teriam errado o local, decidiram passar as festas de fim de ano em casa.
Quando eles iam embora, foram abordados pelas equipes do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco e Sequestro). O plano foi frustrado, sete integrantes da quadrilha foram presos e dois morreram após atirarem contra os policiais e terem os disparos revidados.
Bruno estava no caminhão, serviço para o qual teria sido contratado inicialmente, e os homens que morreram foram identificados como José Willian Nunes Pereira, de 48 anos, e Renato Nascimento Santana, de 42 anos, posteriormente identificado como Antônio de Melo Leal, evadido do sistema prisional de São Paulo. Bruno sofreu ferimento na mão e chegou a ficar internado na Santa Casa de Campo Grande.
Relatos dos presos e plano frustrado
Wellington Luiz dos Santos Junior, de 28 anos, contou à polícia que conheceu Antônio de Melo, o ‘Barba’ em um presídio no Estado de São Paulo. Ele foi convidado para ‘puxar terra’ e receberia R$ 20 mil pelo serviço, além de outros lucros com o roubo. Ele chegou em Campo Grande no dia 5 de dezembro e só tinha a função de cavar. Ele relatou no depoimento que todos desistiram da escavação por terem atingido o local errado e que iriam embora.
Já Lourinaldo Belisário de Santana, de 51 anos, contou que foi convidado para escavar o túnel por Barba, já que tinha histórico de crime semelhante. Ele fez um túnel para fuga de presos em Franco da Rocha (SP) e foi quem convidou Francisco Melo Ribeiro, de 41 anos. Ele foi informado sobre um total de R$ 80 milhões que estariam no cofre do banco e receberia R$ 500 mil pelo serviço. Ele confirmou que era Barba quem dava as coordenadas, mas era comandado por um tal de ‘Véio’, que a princípio seria o mentor do crime.
Robson Alves do Nascimento, de 50 anos, contou que foi procurado por um tal de ‘Gordinho’ e que teria que arrumar uma casa em Campo Grande. Ele alugou a residência no Zé Pereira e chegou a se encontrar com Véio, apontado por ele como responsável pelas despesas da organização criminosa. A ele foram oferecidos R$ 300 mil. A esposa Eliane Goulart Decursio de Brito, de 36 anos, também foi presa, mas ele afirmou que ela não sabia do crime.
No depoimento, Eliane reafirmou não saber dos planos da quadrilha. Ela disse apenas que se mudou para Campo Grande com o marido. Gilson Aires da Costa, de 43 anos, contou que chegou no dia 13 de dezembro, recrutado também por Barba, convidado para escavar. Como ele tinha fobia e não conseguiu ficar no túnel, então era responsável por cozinhar para a quadrilha. Ele receberia R$ 20 mil pelo serviço e alegou não conhecer Véio.
Francisco Melo, recrutado por Barba juto com Lourinaldo, contou que também receberia R$ 500 mil pelo trabalho e que chegou a ir embora durante os trabalhos e novamente retornou para dar continuidade nas escavações. Ele também alegou não conhecer Véio. Não há, até o momento, confirmação se José Willian, um dos mortos no confronto, seria ‘Véio’. Ele chegou a ser chamado de ‘Véinho’ por Bruno e foi mentor de um assalto de R$ 6 milhões à Caixa Econômica Federal em 1998 em São Paulo.
Ação do Garras e prisões
Foram aproximadamente seis meses de investigações. Naquela noite do dia 21 de dezembro, os policiais do Garras estavam na região do Coronel Antonino, onde fica localizada a casa usada para escavação do túnel. Os investigadores perceberam movimentação no local e decidiram fazer a atuação para desmantelar a organização criminosa.
Já por volta da 1 hora do dia 22, a equipe voltou ao local e percebeu um grupo deixando a casa em um caminhão e uma Hilux. A equipe viu os automóveis na Rua Dollor Ferreira de Andrade, na esquina com a Rua do Rosário, quando foi feita a primeira abordagem. O motorista do caminhão, Bruno, jogou o veículo contra um dos policiais e a ação foi revidada a tiros.
Bruno ainda conseguiu fugir num primeiro momento e em seguida foi feita abordagem aos ocupantes da Hilux, Barba e José, que estavam com pistolas em punho e atiraram contra os policiais. Os disparos foram revidados e eles chegaram a ser encaminhados para a Santa Casa, deram entrada na área vermelha, mas não resistiram aos ferimentos.
Os policiais conseguiram localizar Bruno já nas proximidades da Santa Casa, buscando por atendimento médico. Ele foi preso em flagrante. As equipes fizeram buscas na casa no Zé Pereira e prenderam Eliane, Wellington, Lourinaldo, Francisco e Robson. Já em outra casa na Rua Iguassu, no Amambaí, foi detido Gilson. Com ele foram apreendidos vários aparelhos celulares, entre outros aparatos.
Os integrantes da organização criminosa foram apresentados em coletiva de imprensa pelo delegado João Paulo Sartori, que também mostrou junto de equipes de policiais do Garras o túnel escavado pelos criminosos, que responderão por roubo majorado.
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