Chorando muito e com sentimento de impotência é que a mulher que foi agredida por um tenente da em setembro deste ano em Bonito a 300 quilômetros de chegou para prestar depoimento, na manhã desta segunda-feira (23), na Corregedoria da Polícia Militar na Capital.

Ela disse ao Jornal Midiamax que no dia da agressão não a deixaram contar a sua versão dos fatos e a todo momento era xingada com palavras de baixo calão e agredida, “levar tapas não é fácil, mas levar socos, chutes e pontapés é desumano”, disse a mulher, que ainda contou que todos têm medo do oficial da PM, já que ele teria pai e sogros coronéis.

A mulher ainda disse que se sente uma formiguinha diante de um formigueiro sendo a única prejudicada na história. No dia da confusão, ela contou que ficou presa até o dia seguinte, um domingo, e que não deixaram o marido dela conversar com ela, nem fizeram corpo de delito ou a deixaram registrar um boletim de ocorrência. Para a mulher o policial precisa ser exonerado já que estaria ocupando o lugar de pessoas do bem.

“Como ia provar que tudo que estava falando era verdade?”, já que disseram para o marido da vítima que não havia imagens de câmeras de segurança que teriam flagrado o fato. Ela termina falando que espera por Justiça, “as pessoas precisam ter mais respeito e empatia com crianças especiais”, disse a mulher.

A agressão

Após as cenas de agressão, os policiais registraram o boletim de ocorrência por ameaça, dano, resistência, desacato e embriaguez. Conforme o registro policial, a mulher teria se envolvido em uma confusão em restaurante em Bonito. Consta que ela chegou ao local antes do estabelecimento abrir e que pediu que a servissem. Porém, o dono teria dito a ela que o restaurante iria abrir dentro de 15 minutos. Assim ela teria se irritado e iniciado a confusão, conforme registrado no B.O.

O dono do restaurante disse que a mulher estava alterada e com a filha no colo, dizendo que ela era autista e precisaria ser servida naquele momento. Os PMs relatam no B.O que no momento em que estavam atendendo a ocorrência, tentaram conversar com a mulher. “Novamente ela veio com agressividade dizendo que iria surrar a [nome da proprietária do restaurante] e avançou contra a guarnição, neste instante tivemos que usar da força para contê-la”.

Os PMs responsáveis por lavrar o boletim de ocorrência não citam as agressões cometidas pelo policial, limitando-se a dizer que a mulher foi levada para dentro do quartel para ela “ficar em um local mais arejado, porém tal procedimento tornou-se inzequível (sic), pois a autora começou novamente a proferir palavras de calão contra a guarnição, desacatando e depreciando a autoridade policial”. Porém, nas imagens é possível ver que as agressões partem do policial, pois a mulher já estava contida pelas algemas.

Outra agressão cometida pelo oficial

No dia 14 de novembro deste ano, estava acontecendo uma de uma candidata a prefeita quando militares que estavam controlando o trânsito pediram para as pessoas subissem na calçada ou fossem para o canteiro para evitar acidentes, sendo que o rapaz de 24 anos, que acabou tendo a cabeça pisada pelo policial não teria obedecido as ordens.

O tenente, então, teria entrado em luta com o homem que teve a cabeça pisada pelo militar durante a abordagem que foi filmada por uma testemunha, e as imagens viralizaram nas redes sociais, assim como, as imagens do tenente agredindo com socos e chutes a mulher algemada dentro da delegacia de Bonito.

Afastado

O tenente que foi filmado espancando uma mulher em setembro dentro do Batalhão da Polícia Militar de Bonito a 300 quilômetros de Campo Grande e que também responde a um processo por agressão, que aconteceu em novembro deste ano em Bodoquena foi afastado neste fim de semana.

O oficial foi afastado e está cumprindo trabalhos administrativos dentro da corporação. Segundo a assessoria de comunicação da Polícia Militar, sendo que os inquéritos já foram instaurados e possuem um prazo de 45 dias para conclusão podendo ser prorrogados

Quando questionado sobre a agressão de setembro, o policial apenas ter sido removido para Bonito e não afastado pela conduta de imediato foi respondido pela assessoria, que seria procedimento de praxe.

O Governador de Mato Grosso do SulReinaldo Azambuja (PSDB) determinou nesta segunda-feira (23) que os policiais militares envolvidos em agressões com socos a uma mulher em Bonito e um ‘pisão' em um homem, que aconteceu em Bodoquena, sejam afastados imediatamente da corporação. Em nota encaminhada, Reinaldo afirma que ‘ainda que tenha havido ocorrência de desacato e agressões aos policiais, são inadmissíveis a violência extrema e a conduta empregada na ação policial nestes casos, que já estão sob rigorosa investigação, em inquérito Policial Militar – IPM'. No entanto, a portaria ainda não foi publicada no .