Uma decisão da 7ª Vara Criminal deu absolvição a Ewerton Cesar Ferriol, o dançarino Tom Brasil, por mais uma acusação de estupro e assédio sexual. Ele foi denunciado por várias bailarinas e tem pelo menos 9 processos tramitando, tendo a primeira absolvição em março, após o juiz entender que não houve grave ameaça, configurando o crime de .

Nesta decisão, o juiz também alegou que não há provas suficientes que comprovem o crime de estupro. Tom abusava das alunas que eram bolsistas na escola de dança, ameaçando que as tiraria do estúdio de dança e ainda difamaria as vítimas. Foi assim com a adolescente de 16 anos, que pelo entendimento do juiz não foi vítima de estupro.

No depoimento, a jovem que na época era adolescente afirmou que estava no mercado com outras alunas quando Tom ligou para ela, dizendo para que encontrasse com uma outra dançarina, também adolescente. Em seguida a menina ligou para a vítima e disse para elas se encontrarem atrás da escola de dança.

A adolescente chegou no local e momentos depois o dançarino chegou de carro, acompanhado da outra menina. Ele ordenou que as duas se beijassem e ainda que a jovem que estava com ele passasse a mão na outra vítima. Ela afirmou que não queria, mas ele ameaçou tirar as vítimas da escola de dança. Em seguida, tirou as roupas da adolescente e a estuprou.

A vítima foi ameaçada de ser expulsa da escola e difamada. Em outra ocasião, ela afirmou que estava guardando refrigerantes na geladeira do estúdio de dança quando o dançarino chegou por trás, tirou o órgão genital e passou na jovem. Na decisão, o juiz entendeu que não houve o crime de estupro, uma vez que no depoimento a jovem contou que quando foi abusada no carro ela não teve reação, ficou paralisada e acabou aceitando manter a relação sexual para não ser expulsa da academia de dança.

Tanto nesta decisão quanto na primeira, ambas de absolvição, o (Ministério Público de ) já se manifestou, alegando que irá apelar da sentença.

Como aconteciam os abusos

Uma das alunas e vítimas do professor contou que era bolsista na escola de dança e que os abusos só teriam parado nos últimos 3 anos que passou na companhia, quando foram entrando novas integrantes, que se tornariam ‘novos alvos'.

A denúncia das alunas é de que eram assediadas por terem a bolsa para integrarem a escola. “Sempre começava da mesma forma. Depois de conhecer a sua rotina, ele marcava um tipo de treinamento a sós, momento em que começam as investidas”, disse.

Uma bailarina de usou as redes sociais para denunciar que teria sofrido abusos por parte do coreógrafo e dono de uma companhia de dança da Capital. Ela afirmou no depoimento que, se não mantivesse relações sexuais com ele, era cortada das apresentações. A jovem diz que ainda que era obrigada manter as relações sem o uso de preservativo e que, com isso, contraiu DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis).

“Iniciei como bolsista na academia dele em 2010. Fiz parte da companhia, dancei em shows, programa de TV e qualquer outra coisa que surgisse. Saí em janeiro de 2013 quando me mudei para Brasília para fazer faculdade. Nesses dois anos fui abusada sexual, profissional, financeira, moral e psicologicamente. Eu e muitas outras meninas que passaram pelos seus ‘ensinamentos'”, dizia a postagem.

A dançarina afirmou em seu post que ao contar para o coreógrafo que havia contraído DST e que suspeitava de gravidez, foi humilhada e chamada de prostituta, por várias vezes. Ela ainda diz que o professor de dança teria pedido o dinheiro do cachê pago por um bar aos bailarinos, pois a companhia estava em dificuldades financeiras. Depois disso, a jovem diz não ter mais recebido o dinheiro pelo trabalho.

Sobre fazer a denúncia anos após ter deixado o grupo de dança, ela explica que “Eu não queria ter demorado tanto a falar sobre isso, mas ainda é muito difícil. A culpa e o medo que cerca esse meu discurso as vezes pesa mais do que a vontade de falar e sanar injustiças. São poucas pessoas que sabem dessa história e hoje eu quero que todo mundo fique sabendo. Ainda com medo, ainda com vergonha”.