Autoridades policiais de São Paulo e Brasília (DF) descobriram um novo plano de resgate de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder do PCC (Primeiro Comando da Capital. Os responsáveis pela organização estariam montando um grupo com integrantes de todos os Estados do país para o resgate. Em Mato Grosso do Sul, a facção seria a de maior número de integrantes.

Em março, com a chegada de Marcola a Brasília, os faccionados se mobilizaram em uma tentativa de providenciar o resgate. Anotações captadas por autoridades da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP) indicam que os criminosos apenas aguardam o aval do traficante internacional Gilberto Aparecido dos Santos, conhecido como Fuminho.

Ele é um dos principais nomes do PCC que está solto e atua nas ruas. Segundo os detalhes da matéria veiculada pelo site Metrópoles, há indícios de que Camacho desembolsou valores milionários para que o acordo com Fuminho seja cumprido. Após a saída de Marcola da Penitenciária de Presidente Venceslau, as funções estratégicas do grupo dentro do sistema carcerário foram divididas entre três internos: Márcio Domingos Ramos, Valdeci Francisco da Costa e Wilber de Jesus Marces.

As investigações apontam que o trio está alinhado com Fuminho para orquestrar o resgate. Algumas funções já teriam sido definidas, como o responsável pela seleção de integrantes com alto nível de conhecimento militar e de armamentos. O PCC chegou a sobrevoar a Penitenciária Federal de Brasília com o uso de drones. O artifício é comumente usado pela facção para mapear e traçar estratégias de ataque.

Confira o compilado de anotações do PCC com as devidas adequações textuais:

Primeiramente, um forte abraço a todos. A situação está da seguinte forma: quem está fechando no pavilhão um da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau são os nossos irmãos Gaspar e Ralf e no pavilhão dois, o Ariel. A sintonia está na rua, mas temos ordens deixadas pelo Marcola que temos que agir na inteligência.

O da Zona Norte já está se alinhando com os integrantes que tem conhecimento de armamentos e mandou um recado para todos de outros Estados. Tem que disponibilizar dois irmãos de responsa de cada Estado para formar um time da hora. Estamos no aguardo do Fuminho para dar retorno se vai tirar o Marcola da Penitenciária Federal de Brasília.

Sabemos que o já voou lá e até o momento não tinha militares do Exército. Mas sabemos que tirar o Marcola de Brasília tem que ter um planejamento diferenciado de todos e só com o apoio do Fuminho que podemos concluir o resgate.

Esse time do Carlão é para agir com cautela, no momento certo vamos para cima dos agente públicos que mandaram a cúpula do PCC para aquele lugar desumano. Sabemos que o planejamento utilizado não era o correto, mas só tinha esse para se comunicar na urgência.

Advogada recrutada pela facção

O monitoramento feito dentro da Penitenciária Federal de Brasília resultou na identificação de uma tentativa de transmissão de mensagens da cúpula do PCC por meio de advogados, os chamados “gravatas”.

Segundo o (Departamento Penitenciário Nacional), uma advogada brasiliense que atende os integrantes do primeiro escalão detidos na Penitenciária Federal de Brasília é suspeita de transmitir recados da cúpula para os demais integrantes da facção.

Ela foi alvo de um mandado de busca e apreensão na terça-feira (7), na Operação Guardiã 61. A investigação conduzida pela Polícia Civil do DF, com apoio do Depen, ajudou na coleta de mais provas sobre a tentativa de estabelecimento do PCC na capital federal.

Moradora do Jardins Mangueiral, em São Sebastião, a jovem tinha como livros de cabeceira obras dedicadas à história da facção paulista. Na residência, os investigadores colheram contratos, comprovantes de transferências bancárias e anotações conhecidas como “cara-crachá”, uma espécie de formulário contendo informações pessoais dos integrantes assim como as suas respectivas funções.

Os clientes da advogada no presídio federal são: Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, conhecido como Marcolinha, irmão de Marcola; Antônio José Müller Júnior, o Granada; e Reinaldo Teixeira dos Santos, apelidado de Funchal, ou Tio Sam.