O TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) decidiu não se manifestar oficialmente sobre a fala do empresário Jamil Name durante sua prisão na última sexta-feira (27). “Desembargadores de bosta e analfabetos”, teria dito o empresário aos policiais e promotores de Justiça que cumpriam mandados da Operação Omertà. A ação levou a prisão de policiais civis, guardas, policial federal e até do Exército, suspeitos de integrarem uma organização criminosa voltada à prática dos crimes de armada.

O Tribunal de Justiça afirmou que a fala do empresário não se dirigiu “a nenhum membro individual do Poder Judiciário” e que “se este fato realmente ocorreu, se trata mais de um desabafo em um momento de tensão sem individualizar ninguém”.

O TJMS ainda ressaltou que a segurança dos magistrados que tratam sobre casos de organizações criminosas é tratada pela Comissão de Segurança Institucional. “A segurança dos magistrados envolvidos em processos que tratam de organizações criminosas, que possam de alguma maneira gerar insegurança para membros do Poder Judiciário, é tratada pela Comissão de Segurança Institucional do TJMS, cujas medidas são adotadas de forma imediata mas que são obviamente sigilosas, tendo em vista a necessidade de proteger os membros do Poder Judiciário”.

Atentado a delegado de polícia

Nesta terça-feira (1º), o MPMS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul), por meio do (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), alegou que presos na Operação Omertà estariam planejando atentado contra a vida de um delegado que atua nas investigações.

Ainda conforme o , após tomar conhecimento de que seria preso preventivamente, o empresário teria gritado “o jogo só começa agora” e ainda se despedido da esposa dizendo “até amanhã”, dando a entender que seria solto no dia seguinte. “Fez isso para realçar o seu poder político e econômico aos presentes, com nítido viés intimidatório”, diz o documento.

Os promotores reforçaram a importância de que seja mantida a prisão dos empresários.

Arsenal em casa de empresário

Um contrato registrado no Cartório do 5° ofício de Notas da Comarca de levou a polícia a relacionar o endereço onde foi encontrado verdadeiro arsenal de guerra ao empresário e ao filho dele, Jamil Name Filho. A ligação foi decisiva para implicar os dois na investigação de suposta milícia armada e de crimes de pistolagem.

O contrato do imóvel, avaliado em R$ 850 mil, foi assinado em 16 de maio de 2017, por Jamil Name e Jamil Name Filho. O documento aponta que a casa teria sido entregue como ressarcimento após Jamil desistir da negociação de um terreno na Vila Santo André, em fevereiro de 2015. O casal não teria como devolver o dinheiro envolvido na transação, e por isso teriam passado o imóvel para os Name.

E foi neste imóvel, no bairro Monte Líbano, que a polícia localizou o arsenal avaliado em mais de R$ 200 mil. Foram encontrados dois fuzis AK-47 calibre .76; espingarda calibre .12 e calibre .22, quatro fuzis calibre 556, além de munições de diversos calibres, além de papel, 17 folhas com logomarca da Polícia Federal e equipamentos diversos.

Na ocasião, o então guarda municipal foi preso. Era o início das investigações que levaram à deflagração da Operação Omertà.

Operação Omertà

O Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros) e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), com apoio dos Batalhões de Choque e o Bope (Batalhão de Operações Especiais) da Polícia Militar, cumpriram mandados de prisão preventiva, prisão temporária e 21 mandados de busca e apreensão, nas cidades de Campo Grande e Bonito.

A operação tem como foco uma organização criminosa voltada à prática dos crimes de milícia armada, porte ilegal de armas de fogo de uso restrito, homicídio, corrupção ativa e passiva, entre outros crimes. As investigações do Gaeco tiveram início em abril deste ano, com o objetivo de apoiar as investigações dos homicídios de Ilson Martins Figueiredo, Orlando da Silva Fernandes e Matheus Coutinho Xavier, conduzidas pelo Garras.