Testemunha diz que carro estava parado quando PRF atirou e matou Adriano
Adolescente disse que empresário foi atingido pelo primeiro disparo
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Adolescente disse que empresário foi atingido pelo primeiro disparo
Depoimento do adolescente, de 17 anos, que estava na caminhonete onde morreu o empresário Adriano do Nascimento Corrêa, de 32 anos, contesta tese da defesa de que o policial rodoviário federal Ricado Hyun Su Moon,de 47 anos, teria atirado para de defender de um possível atropelamento.
De acordo com o adolescente, o agente atirou contra o empresário quando o veículo ainda estava parado e que Ricardo seguiu atirando mesmo com o empresário atingido.
Ao juiz Carlos Alberto Garcete o adolescente contou que estava sonolento quando saiu da boate no dia do crime. Ele disse que quando Adriano entrou na Avenida Ernesto Geisel só ouviu o soar da buzina da Pajero de Ricardo.
O menor de idade afirmou que assim que Adriano parou no sinal, Ricardo desceu do carro. Em seguida, Agnaldo, que estava na caminhonete, também desceu do automóvel, e neste momento o agente teria pegado a arma. “O Adriano chamou o Agnaldo para ir embora e assim que ele entrou, o carro foi ligado e ele acelerou”, disse.
O adolescente explicou que o policial pediu para que o carro ficasse parado por duas vezes, e atirou quando Adriano acelerou pela terceira vez. “O primeiro tiro já atingiu o Adriano e mesmo assim ele atirou novamente”, contou.
Outros depoimentos
Também durante a terceira audiência do processo do policial, na tarde desta quarta-feira (12), Christian Queiroz Felipe, dono da boate de onde Adriano saia quando o crime aconteceu, disse que notou que o adolescente, Agnaldo e Adriano já tinham bebido quando chegaram na casa noturna.
Para justificar a entrada do menor de idade na boate, o empresário afirmou que Adriano tinha liberdade no estabelecimento e por conta disso, no dia, os seguranças não pediram o documento do adolescente. A liberdade garantia até permuta no consumo de Adriano.
Natália de Freitas Gonçalves, a terceira pessoa a depor. Ela passava pelo local do crime e contou que viu a arma na cintura do PRF. “Nós ligamos para a polícia e fomos informados de que a pessoa armada era um policial”, disse.
Amizade e surgimento dos flambadores
Durante acareação, na tarde de ontem, a perita criminal responsável pela análise na caminhonete do empresário levantou a suspeita de que um colega, também perito teria ‘plantado’ os flambadores no carro. Os objetos foram encontrados, no dia 4 de abril, depois que o perito questionou a análise de trajetória dos tiros feita pela colega.
A servidora, responsável pelo caso, convidou o colega para ir até o carro, acompanhados de um APC (Agente de Polícia Cientíca), momento em que os objetos foram encontrados.
O servidor é um dos alvos da sindicância aberta pela Coordenadoria de Perícias para apurar o “aparecimento” dos flambadores de sushi no carro de Adriano. Funcionário antigo, no Instituto de Criminalística, ele foi exonerado do cargo de diretor do Departamento de Apoio Operacional no dia 1º de março, conforme consta no Diário Oficial do Estado.
Ainda durante depoimento, a servidora disse que o colega de trabalho sempre teve muitas informações do caso, e até de ligações recebidas, que nem os profissionais que estavam no caso tinham conhecimento. Ele até teria dito que “é amigo pessoal do advogado do acusado”, ressaltou.
Nesta quarta-feira (12), o Jornal Midiamax indagou o advogado Renê Siufi sobre a afirmação da perita, que negou a amizade com o servidor e disse que exigirá cópias das conversas de Whatsapp. “Isso é uma afirmação que eu teria influenciado ele.. Quando a perícia foi realizada eu nem era advogado dele”, disse.
Para o assistente do MP (Ministério Público) Iraja Pereira Messias a afirmação da perita é séria. “Não estou acusando meu colega (Renê), mas a perita disse que tem como provar a conversa, vamos aguardar”, disse.
O crime
Ricardo Sun Moon passou de policial a réu na madrugada do dia 31 de 2016, quando envolveu-se em uma confusão no trânsito, e atirou contra Adriano e as outras duas pessoas que estavam com ele no carro, Agnaldo Espinosa da Silva e o enteado de 17 anos. O empresário morreu na hora. Moon alegou legítima defesa, versão que não prosperou nem no inquérito da Polícia Civil nem na análise do Ministério Público Estadual.
Uma reconstituição com todos os envolvidos e também testemunhas foi realizado no dia 11 de janeiro de 2017. Na data, Moon estava preso em virtude a um mandado de prisão preventiva, mas no dia 1º de fevereiro, ele ganhou a liberdade. Em resposta, o MPE entrou com recurso pedindo que o policial fosse novamente preso e também respondesse pelo crime de fraude processual, o que foi negado pelo magistrado em despacho anterior.
Ainda assim, a denúncia feita pelo MPE pelo homicídio já foi aceita e o processo segue até que o juiz decida se o policial vai ou não a júri popular pelos crimes contra a vida dos quais é acusado.
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