Menina ficou dois meses no abrigo
A história trágica da adolescente de 14 anos que foi estuprada por mais de um ano pelo próprio pai, que teria filmado os abusos, parece estar próxima de um fim. A menina fugiu do abrigo onde estava há dois meses, no dia 27 de julho.
Após a fuga ela procurou a mãe que com medo que perdesse de vez o direito de ficar com a filha procurou o abrigo, onde a menina estava para informar da fuga e do paradeiro da menina – sua residência. “Eles só falaram que não iam aceitar ela de novo lá, e que não podiam fazer mais nada”, fala a mãe da garota.
Segundo ela foi informada de que uma sindicância será aberta para apurar as circunstâncias da fuga da filha. “Agora nem a audiência para determinar a guarda foi marcada, e ela está de forma ilegal comigo, sendo que estava sob a guarda do Estado”, diz.
A mãe da menina, que abriu em sociedade um restaurante em um bairro da Capital, diz que agora só quer paz, “Quero viver com minha filha tranquilamente”, finaliza.
O caso trágico da adolescente trouxe à tona uma séria de equívocos no atendimento às vítimas de abuso e às crianças em situação de risco em MS. A menina nasceu em lar desestruturado, filha de mãe viciada, e pai abusador. Ela pediu ajuda às autoridades, mas o sistema falhou e a devolveu para morar um ano com o pai estuprador. Para provar os abusos, teve de usar um vídeo do próprio estupro.
Estupros
Três boletins de ocorrência foram registrados pela menina por estupro, e uma por maus-tratos contra o pai, com que foi obrigada a viver por um ano e uma contra o tio por estupro. Após o registro em 2015 por maus-tratos contra o pai, a menina foi devolvida a ele e retirada do convívio com a mãe.
O terror da adolescente estava começando quando passou a ser estuprada por ele. Depois de meses de abusos e sessões de espancamento sempre que tentava fugir ou resistia, a menina conseguiu fugir.
Desta vez, com um vídeo gravado pelo próprio pai durante o estupro. As imagens teriam sido feitas no dia do aniversário dela, o homem a teria dominado e prendido na cama com um travesseiro, enquanto filmava o ato sexual.
Ela fez uma cópia das imagens, e em maio deste ano, acompanhada pela mãe, procurou a Casa da Mulher Brasileira para registrar novo boletim de ocorrência por estupro de vulnerável. Desde então, a adolescente foi retirada do lar e está novamente abrigada. No dia 27 de junho, o pai foi preso com um mandado de prisão expedido contra ele por estuprar a filha.
Fuga e Devolução
Na tentativa de não ser ‘devolvida’ ao pai de quem tentava fugir para não ser mais estuprada por ele. A adolescente fugiu do abrigo para onde foi levada, em 2015, após ser retirada do convívio familiar e ser proibida de ver a mãe.
Mas, quando foi localizada o terror vivido por ela voltou, quando passou novamente a morar com o abusador, o próprio pai. Servidores que acompanharam o processo na época, dizem que o estuprador se mostrava ‘amoroso e preocupado com o sumiço da filha’. Foi assim que Defensoria Pública, Ministério Público e a própria juíza deixaram a garota morando com o próprio estuprador em um bairro de Campo Grande.
Os estupros continuaram, e sempre que tentava fugir era agredida fisicamente por ele, que a queria transformar em sua esposa.