“Ninguém dá emprego para mulher de preso”

Foi através de denúncias que os policias da Denar (Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico) chegaram a Suelen Ortiz de Oliveira, de 24 anos, e Rafaela Cristine Woglel Maria, de 31 anos, na manhã deste domingo (12). Com as mulheres, que são esposas de presos, foram encontradas porções de maconha e cocaína que seriam enviadas ao Presídio de Segurança Máxima de no corpo de mulheres dos internos.

Segundo o delegado João Paulo Sartori, responsável pelo caso, os investigadores receberam informações de que mulheres tentariam entrar no presídio com cocaína no corpo. A denúncia então levou os policiais ao endereço de Suelen Ortiz de Oliveira, uma casa localizada na Rua Atibaia, a menos de duas quadras do estabelecimento penal.

Com a jovem de 24 anos, os policiais encontraram uma porção de maconha, embalada de forma cilíndrica, o que levantou a suspeita de que a droga seria introduzida nos órgãos genitais da presa, para assim passar pela vistoria na entrada do presídio. Suelen foi levada para a delegacia e acabou confessando em depoimento que além dela, sua vizinha também tinha drogas escondidas em casa.

Os policiais voltaram à rua e na casa ao lado prenderam Rafaela Cristine Woglel Maria. Os investigadores descobriram ainda um imóvel desativado que ligava o terreno da casa das duas mulheres, foi nesse local que encontram mais porções de maconha, que somadas a primeira apreensão pesou cerca de 1,5 quilo e também 300 gramas de cocaína.

Conforme o delegado, as investigações apontaram que o imóvel não era usado só pelas presas, mas também por outras mulheres de presos. Era ali que elas preparam e introduziam as drogas nos órgãos genitais para levar até o presídio para os maridos.

“Necessidade”

Para a reportagem Suelen confessou o tráfico e afirmou que ajudava outras mulheres a entrar com drogas no estabelecimento penal. A mulher negou que iria levar pessoalmente as porções apreendidas e relatou te sido contratada para embalar a droga. Era ela quem pagava o aluguel do imóvel usado para os ‘encontros' com as mulheres de internos.

Rafaela também confessou o envolvimento com tráfico, mas, segundo ela, vendia as porções na rua. Para o delegado, as presas relataram pertencer a uma facção criminosa. Sobre os motivos de as levaram ao tráfico, tanto Rafaela como Suelen afirmaram a necessidade de sustentar a família. Sem ajuda dos maridos, ambos presos na Máxima, elas afirmam se envolver para criar sozinha a família.

Suelen é mãe de quatro crianças, de 9, 6, 2 e o mais novo, de 6 meses. Os três mais velhos ela perdeu na primeira vez que foi presa, na cidade de Coronel Sapucaia, quando foi flagrada também por tráfico. Ela é casada com Julielton Aparecido Gonçalves, preso em 2012 pelo latrocínio de Alberto Raghiante, 55 anos e Luzia Barbora Damascena, 25 anos.

A mesma situação é a de Rafaela. Mãe de três filhos, de 5, 4 e 5 meses, relatou que entrou no mundo do tráfico por dificuldade de arrumar emprego. “Ninguém dá emprego para mulher de preso. Tem muito preconceito” lamentou.  As duas foram presas em flagrante. 

Confira o vídeo: