Veículos eram encaminhados para Defurv

Na manhã desta quinta-feira (29), foi inaugurada em Campo Grande a Deletran (Delegacia de Repressão aos crimes Relacionados à Atividade Executiva de Trânsito), no Detran (Departamento Estadual de Trânsito). A delegacia investigará crimes de fraudes e falsificações de documentos, antes encaminhadas para outras delegacias especializadas da Capital.

A nova delegacia será comandada pela delegada Alexandra Maria Favero, antes membro da Corregedoria do Detran. Na inauguração, ela lembrou que a Deletran deve ‘desafogar’ a Dedfaz (Delegacia Especializada de Defraudações) e a Defurv (Delegacia Especializada de Furtos e Roubos de Veículos). “Ao menos 800 inquéritos por ano serão agora cuidados pela nova delegacia”, apontou o secretário da Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública) José Carlos Barbosa.

Para Barbosinha, apesar das dificuldades impostas pela crise em 2016, o ano fechará com saldo positivo para a Segurança Pública no Estado e relembrou projetos como o “MS Mais Seguro”, de entrega de viaturas, armamentos e outros materiais de serviço para as forças de segurança.

O arcebispo emérito de Campo Grande, Dom Vitório Pavanello, também esteve presente no evento e abençoou a sede da delegacia, o Detran e estendeu as bênçãos para todas as forças de segurança.

Segundo a Sejusp, a nova delegacia deverá investigar crimes como de falsificação de documentos CRLV (Certificado de Registro Licenciamento de Veículo) e CNH (Carteira Nacional de Habilitação). Além disso, também investigará adulteração de sinais identificadores de veículos retidos pela Polícia Militar e encaminhados ao Detran. O decreto que cria na estrutura orgânica e operacional da Deletran foi publicado no Diário Oficial desta quinta-feira.

Fraudes e denúncias

A criação da nova delegacia também reformulará o encaminhamento de peças que não passam na vistoria do Detran, apontadas como irregulares, antes encaminhadas para a Defurv. Desde 2008, o Midiamax publicou série de matérias relacionadas à denúncia de suposta fraude em vistorias veiculares.

O ‘esquema’ envolveria o Detran e também a Polícia Civil e funcionaria alegando que motores originais de fábrica estariam irregulares. A fraude teria começado em 1995, e foi revelada após denúncia ao MPE (Ministério Público Estadual).

No caso dos motores originais, a denúncia é de que eles eram submetidos à vistoria e considerados regulares. Mas, em outro momento, numa nova vistoria, eram apreendidos e levados para a Defurv, onde o crime se consumaria. Os motores originais eram retirados sob alegação de que “estariam fraudados” e os carros deixados no pátio até que o proprietário adquira uma nova peça, ou seja, outro motor, para serem liberados.

Toda vez que a vistoria do Detran detecta um motor adulterado, o veículo é levado à Defurv, onde peritos endossam o laudo do órgão. Sem opção, e não querendo enfrentar a polícia, os donos pagavam o novo motor do próprio bolso e eram liberados, mas a peça “irregular” ficava na delegacia.

*Foto: Delegada Alexandra Maria e secretário Barbosinha