Israel liberta presos palestinos, mas busca ampliar assentamentos

Israel libertou nesta quarta-feira 26 presos palestinos, como parte de um processo de paz mediado pelos EUA, mas anunciou que mantém planos para construir mais casas para colonos judeus, numa aparente tentativa de agradar israelenses radicais. Os presos, condenados pela morte de israelenses, foram recepcionados como heróis na Cisjordânia ocupada e na Faixa de Gaza. […]

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Israel libertou nesta quarta-feira 26 presos palestinos, como parte de um processo de paz mediado pelos EUA, mas anunciou que mantém planos para construir mais casas para colonos judeus, numa aparente tentativa de agradar israelenses radicais.

Os presos, condenados pela morte de israelenses, foram recepcionados como heróis na Cisjordânia ocupada e na Faixa de Gaza.

“Nossos heróis estão vindo para casa, longa vida aos prisioneiros”, gritava a multidão em frente à sede do escritório do presidente palestino, Mahmoud Abbas, em Ramallah, na Cisjordânia.

Issa Abed Rabbo, condenado por assassinar dois excursionistas israelenses em 1984, foi carregado sobre os ombros de simpatizantes pelos becos da cidade bíblica de Belém, ao som de rojões e canções patrióticas.

“Minha sensação é a de um comandante regressando da batalha, carregando uma bandeira de vitória e liberdade”, disse Abed Rabbo, fazendo um V de vitória com os dedos.

Os presos, encarcerados antes ou logo depois do primeiro acordo de paz provisório entre palestinos e israelenses, há 20 anos, foram soltos como parte de uma anistia limitada, exigida pelos palestinos como condição para a retomada das negociações.

Essa é a segunda leva de prisioneiros a serem soltos desde a retomada do processo de paz, em julho, após um hiato de três anos. Parte da coalizão que governa Israel –principalmente o partido Lar Judaico, favorável aos colonos judeus da Cisjordânia– pressionava o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu a cancelar a anistia.

Paralelamente à libertação, o Ministério do Interior israelense anunciou que levará adiante os planos para a construção de 1.500 novas moradias em Ramat Shlomo, assentamento que fica numa área da Cisjordânia vista por Israel como parte de Jerusalém.

O projeto foi anunciado inicialmente em 2010, mas desagradou aos EUA por atrapalhar o processo de paz, e por isso foi arquivado. Em dezembro de 2012, Israel anunciou a intenção de retomar o projeto, mas o arquivou novamente em março deste ano, antes de uma visita do presidente norte-americano, Barack Obama, a Israel.

Os palestinos, que desejam estabelecer um Estado para si em Jerusalém Oriental, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, territórios capturados por Israel numa guerra em 1967, condenaram o anúncio das obras. “Essa política é destrutiva para o processo de paz”, disse Nabil Abu Rdeineh, porta-voz do presidente palestino, Mahmoud Abbas.

A maioria dos países considera os assentamentos israelenses como ilegais, e os palestinos dizem que esses enclaves inviabilizam a formação de um Estado seu. Israel diz que Ramat Shlomo, como parte do município de Israel, permanecerá sob controle do Estado judeu após um eventual acordo de paz.

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