O bom senso na CPI

Como é bom ter gratas surpresas na avaliação de políticos brasileiros nestes dias. O senador Eduardo Girão, do Ceará, foi uma boa revelação. Membro da CPI da Pandemia, tem sido exemplar na correta observação do que deve ser a CPI no que toca ao momento que vivemos. Desprovido de conceitos preconcebidos, ele estranha a maneira […]

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Aristóteles Drummond
Aristóteles Drummond

Como é bom ter gratas surpresas na avaliação de políticos brasileiros nestes dias. O senador Eduardo Girão, do Ceará, foi uma boa revelação. Membro da CPI da Pandemia, tem sido exemplar na correta observação do que deve ser a CPI no que toca ao momento que vivemos.

Desprovido de conceitos preconcebidos, ele estranha a maneira com que o presidente e o relator tratam depoentes, transmitindo que as conclusões deles estão prontas. E na direção de condenação do presidente da República.

O senador cearense vem se manifestando como que convencido de que o presidente negligenciou no trato da questão da vacina, no apoio às medidas recomendadas pelo mundo quanto ao isolamento e ao uso de máscaras. Ainda assim, lamenta que a CPI se limite a isso. 

Está patente que o governo levou seis meses para alterar a legislação que impedia as compras. Essa indiferença fez o nosso país levar meses dependente de duas vacinas, uma das quais claramente sabotada em sua fabricação pelo presidente, a Corovac, que acabou sendo a de uso majoritário na população. Estamos muito mal na vacinação pela insistente omissão do alto escalão do governo em providenciar vacinas , numa pandemia, alegando questões legais  facilmente removíveis, como, aliás, foram quando  não deu mais para empurrar com a barriga.

Girão cobra, e terminou por conseguir, que seja feita apuração rigorosa do uso dos vultosos recursos repassados pela União a estados e municípios. Estranha a demora com que a CPI procurou saber sobre os mais de 60 inquéritos abertos na Polícia Federal para apurar desvios. Cheira até a cumplicidade ou blindagem.

A CPI não pode ignorar a farra do dinheiro para salvar vidas. Teve estados que colocou a folha em dia, outros compraram respiradores, pagaram e eles não foram entregues. Outros compraram por preços, muitas vezes, superior ao de mercado. E ainda teve quem comprasse respiradores de uso apenas em ambulâncias. E ainda teve os fantásticos, e de passagem meteórica, hospitais de campanha. Cômico, não fosse trágico!

Pena que outros parlamentares representem esse espetáculo de radicalismo, defendendo o indefensável ou exagerando nas acusações e exorbitando no trato com depoentes. E fatos de conhecimento público não provoquem a ação do Ministério Público, do TCU e dos estaduais.

Vergonha internacional é termos admirável condição de vacinar até dois milhões de brasileiros por dia e estarmos sem vacinas. E com 60 países com melhor relação de vacinados por cem mil habitantes. Imperdoável!

A sociedade hoje não se deixa levar por esse tipo de comportamento. Mas, infelizmente, os homens que dominam a cena, no governo e na oposição, ainda não perceberam isso. Podem ter surpresas desagradáveis mais adiante.

O senador Eduardo Girão, sem procurar ser, se tornou um exemplo de equilíbrio e bom senso. Enquanto Renan Calheiros destila ódio e Fernando Bezerra tenta tapar o sol com a peneira.

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