e o grupo terrorista Hamas concordaram, nessa segunda-feira (27), em prorrogar sua frágil trégua por mais dois dias, até quinta-feira, dia 30 de novembro, em um ato de cooperação que deve permitir o fluxo de mais ajuda humanitária para Gaza e a libertação de mais reféns e prisioneiros do que o inicialmente esperado. A prorrogação, no momento em que a trégua de quatro dias iria expirar, foi anunciada por mediadores do Catar poucas horas antes de mais 11 reféns israelenses serem libertados.

Foi o quarto grupo solto, um para cada dia de cessar-fogo. Segundo o Catar, 11 cidadãos de França, e Argentina com nacionalidade israelense foram libertados em troca de 33 palestinos detidos em prisões israelenses. Seis cidadãos tailandeses foram soltos em negociação separada. Ao mesmo tempo, 200 caminhões de ajuda entraram em Gaza.

Assim como no sábado, 25, a troca prevista para ontem atrasou. Oficialmente, Israel afirmou apenas que havia uma discussão sobre a lista dos nomes. Segundo informações da imprensa local, o problema para Tel-Aviv seria uma tentativa do Hamas de separar crianças de suas mães. A libertação acabou ocorrendo à noite.

A extensão da trégua foi anunciada pelo Catar, que mediou as conversas junto com o Egito, e confirmada depois pelos dois lados do conflito, sem revelar detalhes. Os EUA disseram esperar que a trégua possa ser prorrogada mais uma vez ao fim do período

Segundo o jornal britânico The Guardian, o Hamas teria buscado uma prorrogação de quatro dias, enquanto Israel queria que ela fosse diária.

Um oficial israelense reiterou ao jornal que a posição de Israel era a de um dia extra de trégua para a libertação de cada grupo de 10 reféns. Em troca, três vezes o número de prisioneiros palestinos seriam soltos de cada vez. O limite seria de cinco dias.

Antes da libertação do grupo de ontem, um porta-voz do governo israelense disse que o número total dos que ainda estavam cativos era de 184.

O Catar disse que o Hamas precisa encontrar dezenas de reféns para conseguir estender a trégua. O primeiro-ministro do Catar, o xeque Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, disse que pelo menos 40 mulheres e crianças estavam detidas em lugares desconhecidos, por outros grupos independentes do Hamas.

Arroz e pão

À medida que os reféns chegam em Israel, as informações sobre as condições do cativeiro começam surgir aos poucos. Essas informações têm sido rigorosamente controladas, mas os parentes dos reféns começaram a compartilhar detalhes de suas experiências.

Merav Raviv, parente de três reféns soltos na sexta-feira, disse que eles foram alimentados de forma irregular e comeram principalmente arroz e pão nos quase 50 dias que ficaram sob o poder do Hamas. Segundo ela, sua prima e tia, Keren e Ruth Munder, perderam cerca de sete quilos. As duas relataram terem dormido em fileiras de cadeiras juntas e às vezes tinham de esperar horas antes de poder ir ao banheiro.

Adva Adar, neta da refém libertada Yaffa Adar, de 85 anos, contou que sua avó, que também perdeu peso, achava que seus parentes estavam mortos, mas recebeu a notícia de que haviam sobrevivido. Ainda assim, sua libertação foi agridoce: ela descobriu que sua casa tinha sido destruída pelos terroristas.

A imagem mais completa da vida no cativeiro do Hamas foi feita por Yocheved Lipschitz, de 85 anos, libertada antes do cessar-fogo. Ela relatou ter sido mantida em túneis que se estendiam sob Gaza “como uma teia de aranha”. Segundo ela, seus captores disseram aos reféns que “eram pessoas que acreditavam no Alcorão e não os machucariam”.

Lifschitz disse que os cativos foram bem tratados e receberam cuidados médicos. Os guardas mantiveram os locais limpos. Os reféns recebiam uma refeição diária de queijo, pepino e pão sírio, acrescentando que seus captores comiam a mesma coisa.

(COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)