Protestos anti-Trump provocam choques com polícia e 217 detidos

Pouco depois da posse

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Pouco depois da posse

Novos confrontos explodiram nesta sexta-feira (20) entre manifestantes anti-Trump e a Polícia no centro de Washington, pouco depois da posse do presidente Donald Trump – constatou um jornalista da AFP.

Entre 500 e mil manifestantes lançaram objetos contra os agentes do Batalhão de Choque, que responderam com bombas de gás lacrimogêneo e com gás pimenta. Cerca de 200 policiais tentaram dispersar a multidão.

Nas ruas, latas de lixo e carros foram incendiados, e vidraças, quebradas. Uma fumaça acre se elevava sobre dois quarteirões de casas sobrevoados por um helicóptero policial, em meio a lixeiras em chamas, estilhaços de vidro, caixas metálicas de venda de jornais destruídas e cartuchos de balas de borracha.

Os manifestantes também quebraram as janelas de uma limusine preta, atearam fogo ao veículo e grafitaram o símbolo da anarquia na porta.

“Quatro anos de luta”, dizia o cartaz de uma manifestante de rosto coberto, referindo-se ao mandato de Trump.

Muitos protestavam diretamente contra Trump, mas um grupo não tão pequeno tinha outras reivindicações, ligadas, sobretudo, aos direitos das minorias.

A Polícia de Washington prendeu 217 pessoas envolvidas nos protestos contra a posse de Trump, informou a corporação, acrescentando que seis agentes ficaram feridos.

Manifestações violentas similares haviam sido registradas no fim da manhã, no centro da cidade, antes do juramento de Trump na fachada do Capitólio. Nesses eventos, centenas de pessoas com o rosto coberto e vestidas de preto jogaram pedras nos policiais.

Agências bancárias, redes de fast-food, como a Starbucks, e outras lojas foram destruídas. Vários carros também foram atingidos.

“É lamentável”, disse um homem que votou em Donald Trump, com um gorro vermelho com o slogan de campanha do republicano “Fazer os Estados Unidos grandes novamente”.

“Os danos materiais não me incomodam”, disse Scout Holiday, de 21 anos, uma estudante da Universidade de Michigan. “É o que acontece quando as pessoas entram em cólera, e há muitas razões para estar encolerizado hoje”.

Depois de um ataque da Polícia, Raven Devanney, uma jovem loira de 19 anos, recuperou o fôlego em um ponto de ônibus grafitado com “Nós, o povo”.

“Estou aqui para defender os direitos das mulheres, dos muçulmanos, dos negros, dos imigrantes, dos homossexuais. Enfim, para conservar tudo pelo que lutamos nessa última década”, explicou Raven, que usava um boné de beisebol com a frase “Tornemos os EUA gay outra vez” (“Make America gay again”), um jogo de palavras com o slogan de Trump “Vamos tornar a América grande de novo” (“Make America great again”).

“Tenho medo de que Trump reverta muitos direitos que conquistamos”, acrescentou essa estudante que chegou de Boston, enquanto arrumava o lenço sobre o nariz e criticava os atos violentos do dia.

Também houve passeatas e reuniões pacíficas na capital americana, onde milhares de pessoas – entre partidários e opositores a Trump – se misturavam sem registro de incidentes. Eventualmente, ambos os lados trocavam insultos e gritos.

Sammy Lett, que veio de ônibus do Wisconsin e estava enrolado em uma enorme bandeira arco-íris da comunidade homossexual, resumiu seus motivos para estar na capital nesta sexta-feira: “Todos os que não são homens brancos heterossexuais têm razões para estarem preocupados”.

Não muito longe da Avenida Pensilvânia, que une o Congresso à Casa Branca, manifestantes anti-Trump bloqueavam a passagem dos pró-Trump que foram aplaudir o presidente.

“Vergonha, vergonha”, gritavam os primeiros, vendo os simpatizantes de Trump passar, a maioria usando boné de beisebol vermelhos – cor dos republicanos.

“Quero unir minha voz a todos os que protestam contra o racismo, o sexismo, a opressão em todas suas formas e trabalham por um mundo melhor”, declarou Nadine Block, na faixa dos 50, de Washington.

Daniel, de 19 anos, chegou de Nova York para protestar contra “a oligarquia” e para “empurrar o espectro político americano para a esquerda”, alegou, agitando adesivos de Bernie Sanders, o pré-candidato derrotado por Hillary Clinton nas prévias democratas.