Mexicanos vão às urnas para eleger 500 deputados e 9 governadores

O México vai às urnas neste domingo (7) para renovar a Câmara de Deputados e outros cargos locais depois de uma semana de violentos protestos e ameaças de um movimento de professores radicais, que busca boicotar as eleições nos empobrecidos estados do sul.

O governo do presidente Enrique Peña Nieto mobilizou neste fim de semana soldados e policiais federais para que patrulhassem o país por terra, ar e mar, e assim garantir a normalidade nas eleições do México. No entanto, os incidentes de violência não foram evitados.

Os pais dos 43 alunos desaparecidos da Escola Normal de Ayotzinapa iniciaram o boicote contra as eleições locais e federais, com a queima de material eleitoral no município de Tixtla, no sul do México.

Um grupo se reuniu bem cedo para visitar cada um dos colégios eleitorais e pedir aos funcionários que lhes entregassem as urnas onde os cidadãos deveriam depositar seu voto para escolher governador, prefeito, deputados locais e federais.

Ao menos 10 pessoas morreram no sábado em Guerrero (sul) durante um ataque armado lançado em Xolapa por um grupo de policiais comunitários contra uma facção rival, um incidente sangrento que as autoridades atribuíram a uma disputa territorial, e não às eleições.

A mobilização das forças federais foi decidida devido aos protestos diários organizados nos últimos dias por professores de uma ala dissidente de seu sindicato, que queimaram milhares de cédulas e saquearam sedes de vários partidos políticos no sul do país.

A operação de segurança se focou em Oaxaca, onde os docentes provocaram inclusive uma escassez de gasolina depois de bloquear um centro de distribuição da petroleira estatal Pemex. As forças federais tiveram que se encarregar do reabastecimento de combustível.

“Os mexicanos querem e têm o direito de votar em paz, e o governo da República exercerá suas atribuições e tomará todas as ações necessárias, dentro do âmbito da lei, para garantir isso”, declarou o porta-voz da presidência, Eduardo Sánchez.

A Coordenadoria de Trabalhadores da Educação (CNTE), facção dissidente do sindicato nacional ao qual os professores pertencem, exige a revogação da reforma educacional do governo de Peña Nieto, acusada por eles de privá-los de direitos trabalhistas. Alguns professores também protestam pela conivência que existe com frequência entre narcotraficantes e policiais.

Além dos protestos contra as eleições, ao menos quatro candidatos ou pré-candidatos a cargos eletivos foram assassinados desde março sem que os motivos dos crimes tenham sido esclarecidos, três deles em Guerrero e no vizinho Michoacán, dois estados assolados pelo narcotráfico.

“O que é inédito na história do México contemporâneo, como democracia consolidada, é que a possibilidade da violência social tenha um elemento de limitar o voto, que de alguma forma pode afetar os resultados”, estimou à AFP Javier Oliva, especialista em segurança da pública Universidade Nacional Autônoma do México.

Apesar da instabilidade, as autoridades acreditam que tudo transcorrerá sem incidentes durante o dia, no qual serão renovados os cargos de 500 deputados (Câmara Baixa do Congresso federal), os governadores de nove estados e 900 prefeituras.

As eleições são uma prova de fogo para Peña Nieto (2012-2018), cujo Partido Revolucionário Institucional (PRI) se perfila para manter a maioria simples na Câmara de Deputados, apesar dos recentes escândalos de corrupção.

No entanto, em Nuevo León, Jaime Rodríguez “El Bronco” pode fazer história nas eleições ao vencer a governança de Nuevo León (nordeste) como candidato independente, uma conquista inédita que pode se tornar possível por seu carisma e discurso contra a corrupção nos partidos políticos.