Filipinas: crianças de rua são levadas a presídios para ‘o Papa não ver’

Crianças detidas se queixam de violência, abuso e  alimentação deficiente ou inadequada 

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Crianças detidas se queixam de violência, abuso e  alimentação deficiente ou inadequada 

O Papa Francisco visita as Filipinas até o próximo domingo, mas ele não verá uma realidade triste que assombra as crianças de rua do país: as prisões ‘infantis’. O prêmio Nobel deste ano, Father Shay Cullen, 71 anos, levou o Daily Mail aos presídios da capital, Manila, e mostrou como vivem milhares de menores nas cadeias. Presas, sem condições básicas de direitos e cuidados, as crianças deixam as ruas “limpas”. Pelo menos é assim que o governo resolve o “problema”.

O tabloide britânico mostrou a realidade de menores com menos de cinco anos que moram na prisão – dividindo celas sem estrutura nenhuma, sendo “vizinhos” de detentos adultos que, não raramente, abusam das crianças sexualmente.

Conforme mostrou a publicação, os meninos e meninas dormem em chãos de cimento e relatam ser violentadas e abusadas. Em todo o país, há mais de 20 mil nesta situação em pelo menos 17 presídios. As crianças detidas se queixam não só da violência e abuso, como também da alimentação deficiente ou inadequada, e falta de saneamento. Elas recebem baldes para uso como “banheiros”. E qualquer tipo de educação ou contato com os membros da família são proibidos.

Como se não bastasse a realidade dura, mais e mais crianças sofrem quando personalidades internacionais vão visitar o país. Segundo a publicação, nesta semana, dezenas foram presas, especialmente aquelas que vivem nas ruas por onde o Papa Francisco vai passar. Assim aconteceu com a visita do religioso, também na visita do presidente americano Barack Obama em abril do ano passado, entre outras. A retirada dos menores das ruas fica ainda mais rigorosa e o aumento do número delas atrás das celas é evidente.

Mak-Mak, um menino de sete anos, foi resgatado por uma instituição de caridade liderada por Father Chay Cullen voltada para crianças. Autoridades do presídio acreditam que ele seja órfão ou tenha sido abandonado pelos pais ao nascer, por isso, nunca havia saído da prisão onde estava. Quando estava sendo levado para seu “novo lar”, a primeira pergunta que fez, foi “há brinquedos de verdade nesse lugar?”.

Já na instituição, que fica numa espécie de chácara, ele brincou por longas duas horas com as outras crianças. Depois, quando se encontrou com uma psicóloga pela primeira vez e foi indagado sobre sua vida na rua e no presídio, ele apenas soube chorar. “Há muito trauma aí dentro”, contou a especialista da Fundação Shay’s Preda.

Na luta pelo fim dos crimes contra as crianças no país, o nobel (que é missionário) diz estar orando para que o Papa fale sobre os direitos das crianças durante a sua visita de cinco dias, que termina no domingo, talvez atingindo “a consciência de funcionários no país” para que tomem mais cuidado com seus jovens desafortunados.

 

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