Laerte Rimole afirma que tentou renovar contrato

A novela em torno da demissão da jornalista Leda Nagle do programa ‘Sem Censura’, da TV Brasil, ganhou mais um capítulo nesta segunda-feira (12), quando o atual presidente da EBC (Empresa Brasileira de Comunicação), Laerte Rimoli, rebateu a versão da jornalista com uma publicação intitulada ‘O Show da Leda Nagle” em suas redes sociais.

Na publicação, Rimoli contou que a história era diferente do que foi exposto por Nagle. Segundo ele, a jornalista não foi demitida, já que houve uma reunião com a perspectiva de renovar o contrato, porém em outra modalidade, já que os custos para uma co-produção oneravam o roçamento da EBC. Porém, Nagle não teria aceitado as condições, abandonando a reunião e afirmando que tornaria público o encontro.

Rimoli também expôs algumas supostas regalias de Nagle, tais como 60 dias de folga e a utilização de estúdios e 4 produtores concursados da EBC, que recebem a alcunha de ‘investimento’, já que o ‘Sem Censura’ seria uma co-produção. Na reunião citada por Rimoli, também estavam o jornalista Caíque Novis, atual Superintendente da Tv Brasil, além de Cida Fontes, diretora de produção, e Marcelo Nascimento, assessor jurídico da EBC.

Após o enérgico relato, o presidente da EBC destacou que o pedido de revisão do contrato de Leda Nagle não se trata de nenhuma perseguição à jornalista, já que  “todos os contratos da EBC, com jornalistas, prestadores de serviços, colaboradores, estão sendo revistos” e apontou, ainda, que o reordenamento dos gastos reduziu um “rombo” na empresa de R$ 94 milhões para R$ 19 milhões. “Isto sim uma herança maldita.

Confira a nota na íntegra

O SHOW DA LEDA NAGLE:
Na quarta-feira, 07/12, as 11:30, na sala da presidência da EBC, no Rio de Janeiro, comunicamos à jornalista Leda Nagle que a empresa não poderia manter, em 2017,o contrato dela, da forma como estava. R$ 1,3 milhão ao ano, com o uso de estúdios e 4 produtores da empresa, na rubrica investimento, por tratar-se de co-produção. Nos meses de janeiro e fevereiro, os programas eram gravados e a profissional desfrutava de 60 dias de folga. Simples relato, já que o contrato vigente permitia essa lassidão. Os dados estão disponíveis pela lei de acesso à informação. Neste ano de 2017, uma novidade: Leda recebeu um generoso convite de um amigo (relato dela) e ficaria mais 2 semanas fora, em março, para conhecer Dubai. Presentes à reunião, o Superintendente da Tv Brasil, jornalista Caíque Novis, a Diretora de Produção, jornalista Cida Fontes e o assessor jurídico da EBC, Marcelo Nascimento. Ela entrou na sala, perguntou quem era o Caíque e disparou: o programa está ótimo, não precisa de mudanças. Quando eu disse o contrário, o mundo desabou. Você está me demitindo, gritou, furiosa. Cida tentou argumentar: seria uma prorrogação de 2 meses, até 5 de janeiro e um novo contrato, semelhante ao que temos com a jornalista Roseann Kennedy, seria discutido pelas partes. Aí Leda foi a Leda que todos conhecemos: “Não sou Roseann Kennedy, tenho 40 anos de profissão. Você sempre quis me demitir, Cida Fontes, não entende nada de televisão. Não vou brigar com você, Laerte, que é meu amigo (imagina se não fosse). Os concursados da EBC são incompetentes, desinformados, não gostam de trabalhar”. Levantou-se, parou em pose dramática na porta da sala e pespegou: “vou tornar isso público”. O título “Sem Censura” não pertence à Leda. Há 21 anos, a entrada dela na bancada, em substituição à jornalista Lúcia Leme, foi tempestuosa. Assim são as relações com Leda. É comovente ver a reação dos amigos, jornalistas, artistas que a apoiam. Cegamente, sem ter informações do outro lado (regra básica do bom jornalismo). Torço, do fundo d’alma, para que Leda Nagle encontre seu rumo. Amigos,com certeza, não lhe faltarão. De minha parte, tenho a obrigação de mudar a lógica perversa de que o dinheiro público existe para ajudar amigos e apaniguados. Respeito orçamento e acato os alertas que as áreas técnicas fazem sobre o futuro da empresa. Preocupante, como preocupantes estão as contas do país.

PS: todos, “todos”, os contratos da EBC, com jornalistas, prestadores de serviços, colaboradores, estão sendo revistos. Pegamos a empresa com previsão de R$ 94 milhões de rombo. Cortamos tanto que chegamos a um rombo de R$ 19 milhões. Isto sim uma herança maldita. Como é emblemático, e caro, determinei o fim do famoso “carro preto” do Presidente, que consumia R$ 190 mil/ano.