Novela estreia hoje na Rede Globo

Esqueça a favela como cenário, a violência urbana e todos aqueles temas considerados polêmicos, como beijos entre pessoas do mesmo sexo, por exemplo. “Velho Chico”, que estreia hoje, segue por caminhos de terra, às margens do Rio São Francisco, e bebe na fonte dos folhetins do passado. A novela de Benedito Ruy Barbosa, escrita por Edmara Barbosa e Bruno Luperi, quer emocionar o público com os encontros e desencontros de uma história de amor ambientada no sertão brasileiro.
“Vamos ressignificar a teledramaturgia com essa novela, vamos falar de paixão, resgatar os valores da família. As pessoas estavam sentindo falta. Acredito que o amor é a solução de todos os problemas”, explica Luperi.

Em duas fases ( a primeira tem 24 capítulos), o telespectador acompanhará o relacionamento de Afrânio (Rodrigo Santoro/Antonio Fagundes) e Iolanda (Carol Castro/Christiane Torloni). O romance dos dois é interrompido com a morte do pai do rapaz, que se vê obrigado a assumir os negócios da família. O reencontro só será possível quase três décadas depois. Do outro lado, teremos Maria Tereza (Julia Dallavia/Camila Pitanga) e Santo (Renato Góes/Domingos Montagner). De famílias rivais, eles serão impedidos de viver o amor que sentem um pelo outro. A fórmula é clara: mocinhos bem definidos e um antagonista para atrapalhá-los. Função que caberá ao personagem Cícero (Pablo Morais/Marcos Palmeira), que chegará a matar em nome do amor por Maria Tereza.

“Acho bom esse retorno ao clássico. Existem receitas que são magníficas, então, pra que mudar? Ivani Ribeiro (autora) trabalhava assim. Ela bebia nos grandes clássicos, por que eles estão no inconsciente coletivo. A pessoa até pode não saber quem é Shakespeare, mas reconhece sua história”, diz Torloni, que emenda: “É tanta realidade nas tramas atuais que você se pergunta: ‘Onde é que eu sonho?'”. A ideia é fazer sonhar.

Reflexões no folhetim

Protagonista da obra, Camila Pitanga acredita que, em meio às lágrimas e beijos de amor, “Velho Chico” fará o público refletir. A atriz faz parte da turma de entusiasmados com a proposta da trama. “Essa história tem esse lugar romântico, mas, ao mesmo tempo, tem um viés crítico. Você tem a figura do coronel, das tradições, da matriarca que quer ter voz. É pura reflexão”, diz Camila.

Rodrigo Lombardi será o capitão Rosa. Preocupado com o povo, ele será opositor do autoritarismo de Afrânio. Para o ator, a novela é mais do que a volta ao clássico, mas um regaste cultural: “Perdemos a nossa identidade com o passar dos anos. Essa novela vem para resgatar isso, mostrar a brasilidade que deixamos de lado. O Brasil é um país da agricultura”.

Ator de sucessos como “Renascer” (1993) e “O rei do gado” (1996), Fagundes está animado.
“Faz bastante tempo que não se tem uma novela assim. Passar para esse ambiente rural vai dar uma cor diferente até para discutir os mesmos assuntos. Vai ser um respiro gostoso para o público das nove”, acredita o ator.