Manoel Alfredo Ferreira, mais conhecido como Elinho do Bandoneon, morreu na terça-feira (10), aos 85 anos, após um período acamado em uma clínica para idosos. Amigos e familiares prestaram homenagens de despedida, relembrando a trajetória do artista autodidata, que deixa um marco na história da música de Mato Grosso do Sul, sendo pioneiro na tradição do chamamé.

Tocando acordeon, Elinho trouxe o estilo de música nascido na Argentina que disseminou pelo Paraguai e, logo em seguida, no Estado. O fascínio começou cedo, com as primeiras noções musicais passadas pela mãe.

Os passos na música começaram nos anos 60, mas, a partir da década de 90, passou a se dedicar ao bandoneon. Seguiu para Corrientes, na Argentina, onde encontrou os melhores instrumentistas do chamamé, aprimorando a técnica. O instrumento musical se tornou o principal nas orquestras de tango e variações do chamamé, pela vibração potente das duas palhetas.

Elinho é considerado por muitos como a lenda do chamamé, o extenso currículo de apresentações por vários estados brasileiros e pela América do sul.

Ainda neste ano, o Senado aprovou por unanimidade o título de Capital Nacional do Chamamé para Campo Grande. O senador Nelsinho Trad (PSD) relatou o Projeto de Lei (PL) nº 4.528, de 2019, de autoria do deputado Fábio Trad, que propôs o reconhecimento e teve, antecipadamente, a aprovação na Câmara Federal no fim do ano passado. Elinho foi citado na bancada como um um dos músicos reesposáveis pela história do chamamé em terras sul-mato-grossenses.

Na comemoração dos 40 anos de criação do Estado, em 2017, o músico esteve presente na programação, destaque por artista pioneiro e música raiz.

Elinho pioneiro no chamamé
CD lançado por Elinho. (Foto: Arquivo Pessoal)

Pioneiro do chamamé

Pelas redes sociais, amigos e familiares prestaram homenagem ao artista. “A vida é infinita, mas aqui no plano material é tão curta, o suficiente para lançarmos sementes e cuidar para que frutifiquem. Hoje, lembrando Elinho Bandoneon, Celito Espíndola me dizia: Mesmo que a vida pessoal seja sacrificada para muitos, o verdadeiro artista produz muitas riquezas. E assim foi com Elinho, que se apaixonou pelo Chamamé, pegou seu Chevette e foi para Corrientes, beber na fonte. De lá pra cá, tudo é história”, escreveu um amigo.

Outro relembrou do CD Elinho do Bandeon – Sempre chamameceiro, são 12 faixas tocadas por ele. “Se foi, mas sua arte acompanhará para sempre”, pontuou.

Elinho foi velado na Capela do Jardim das Palmeiras.