A retomada do externo fez a praça Bolívia lotar neste domingo (14). O local estava repleto de famílias e sul-mato-grossenses com saudades das representações artísticas da Capital. Além disso, a feira se tornou cenário de introdução cultural para os ‘bebês da pandemia'.

Nascidos pouco antes ou até mesmo durante a pandemia do coronavírus, as crianças de até dois anos olhavam com atenção e curiosidade para o movimento da praça. O cheiro das comidas típicas ultrapassaram as barreiras das máscaras e deixaram o cenário colorido com aroma de domingão.

Vacinados, pais, tios e responsáveis por crianças passeavam pela praça em busca da mesma coisa: apresentar os ‘rolês culturais' para os pequenos. “Essa é a primeira vez que ele está vindo em um evento deste tipo mesmo”, explicou Temily Elias enquanto cuidava do sobrinho de quase um ano.

A videomaker de 28 anos afirmou que mesmo sendo apoiadora de eventos culturais da Capital, ficou reclusa durante a pandemia. “Agora que nós estamos voltando, com essa retomada de passeios e tudo”, disse animada.

Assim, ela destacou que “é o primeiro contato dele [sobrinho] com essa cultura sul-mato-grossense”. Como a criança nasceu na região de Mato Grosso do Sul, ela acredita que os passeios artísticos são “importantes para ele se identificar”.

Acompanhando Temily, Ricardo Guedes, back office de 32 anos, lembrou que a última vez em que frequentaram a feira foi há dois anos. Na época, os dois estavam com outra sobrinha pequena, que acabou conhecendo equipamentos de comunicação antigos.

“Mostramos máquina de escrever e telefones antigos para ela, e ela ficou muito encantada. E a gente quer apresentar e introduzir essas coisas para ele também”, disse sobre o sobrinho mais novo.

Com filhas de um e três anos, o educador físico Guilherme Campos, 29 anos, aproveitou o domingo para realizar atividades ao ar livre. Apesar de a filha maior ter nascido antes da pandemia, “acabou crescendo em casa” assim como a mais nova. “Agora é bom, porque elas podem curtir mais lugares”, disse sobre eventos como a praça da Bolívia.

Para o barbeiro Urias Paolo, 29 anos, a praça Bolívia é palco de interação e foi por isso que levou o filho de dois anos para aproveitar a manhã de aniversário. O pequeno aniversariante nasceu antes da pandemia e nos primeiros meses aproveitou atividades culturais com o pai.

“Nós começamos a levar ele antes da pandemia começar, tinha até levado ele no carnaval antes da pandemia começar”, lembrou. Mas com a pandemia, eles ficaram em casa e essa é a primeira vez que leva o filho a um ambiente cultural mais movimentado.

“Chegou aqui e ele ficou todo com vergonha de ver as pessoas, mas ele foi se soltando e agora está tranquilo”. Acostumado a levar o filho aos parques, Urias ressaltou que “na idade dele [filho] tem que ter um contato com o público, por isso que levo ele desde pequeno”.

Rolês dos vacinados

Para Ricardo, a retomada cultural só é possível devido à vacinação contra a . Mesmo assim, a família procura se proteger na medida do possível. “A gente só veio porque estamos todos vacinados e se tiver alguma aglomeração, estamos com a máscara no bolso”.

No mesmo sentido, Urias se sente mais seguro para frequentar ambientes mais arejados. Devido à profissão, ele explicou que “fica mais exposto” e aprendeu a lidar com segurança.

Mas a preocupação maior é o pequeno, que ainda não faz parte do grupo autorizado para vacinação contra Covid-19. O menino de apenas dois anos já passou pela Covid-19 de forma assintomática. “Só descobrimos depois, devido a outro exame que nós fizemos e descobriu que ele já estava com anticorpos”, explicou sobre o susto.

Mais movimento

Fechada durante a pandemia, a feira Bolívia retomou as atividades em 12 de setembro. Desde então, atrai um novo público, que procura alternativas para o lazer durante as flexibilizações da pandemia.

A artesã Marina Untem, 50 anos, expõe na praça há mais de sete anos. “Ficou bem difícil na pandemia, porque a gente ficou parado e estávamos vivendo do aluguel que nós temos”, lembrou.

O tempo sem feira foi difícil para ela, que sem saber mexer nas redes sociais, não migrou para o comércio online. “Então quando surgia algo para conhecidos assim, nós fazíamos”.

Ambientada há anos com a feira, Marina afirmou que o movimento da feira aumentou depois da retomada. “Acho que o pessoal estava com saudade desse calor humano aqui”, justificou.

Apesar de ver os colegas expositores de máscara e se sentir segura, a artesã comentou que existem pontos que podem ser melhorados sobre a biossegurança. “Eu sinto segurança, mas penso que agora que as pessoas tomaram a vacina, estão se afrouxando um pouco”, lamentou.

Vale lembrar que em Campo Grande o uso de máscaras de proteção facial é obrigatório. Com cerca de 66 mil pessoas sem imunização completa, a Capital decidiu manter a medida de proteção enquanto não atingir 70% de imunizados com duas doses.