Mais que um estilo musical, o Reggae é o símbolo de uma cultura muito rica, um estilo de vida, uma crença, uma plataforma social e política. Nascido na década de 60, nos subúrbios da capital Kingston, onde mora a população marginalizada da Jamaica, o reggae foi mundialmente difundido pelo ícone Bob Marley. O nome, surgiu do som produzido pela guitarra: re – ‘movimento para baixo’ + gae – ‘movimento para cima’ = Reggae.

O ritmo está diretamente ligado aos rastafáris, seguidores de uma religião que reconhece no Imperador Haile Selassie I, da Etiópia (único rei africano a governar uma nação independente na África) como uma divindade conhecida como Jah, abreviação de Jeová, que consta no texto sagrado da Bíblia do Rei James. Em 2018, a Unesco destacou a importância e o poder de comunicação do gênero como significativa forma de combate ao racismo e opressões, com canções que exaltam o amor e a celebração da natureza, e foi devidamente reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial da humanidade.

Na Orla Morena, em Campo Grande, há quase 4 anos, existe um lugar onde esta cultura é exaltada e o criadores e artistas autorais abraçados, reforçando a luta para que a mensagem passada através dos anos, se perpetue regionalmente. Encabeçado pela jovem Ana Carolina Ferreira, 24, a Maktub Reggae Shop é um ponto de resistência na cidade, visto a quantidade de lugares que fecharam suas portas por aqui, nos últimos anos.

Na Orla Morena, loja exalta cultura Reggae e vira point alternativo
Leandro Martins e Ana (foto: Leandro Marques)

“A Maktub está na caminhada há mais de três anos. Dia 24 de março completa 4 anos que estamos na batalha. Agora expandiu, estava ficando pequeno o espaço, aí a gente encontrou um lugar muito melhor onde podemos agregar novas culturas: cursos de DJ, a loja que vende roupas autorais e alternativas, tem tabacaria, incensos, artesanatos, ingressos de eventos alternativos e agora estamos em uma nova pegada, que é fazer eventos. Estamos vindo com o reggae que é nossa essência, aqui é uma Reggae Shop, é a primeira de Campo Grande”, conta Ana Carolina.

Com a proposta de abrir todos os dias da semana, exceto alguns feriados, a casa funciona de segunda à sexta-feira, das 10 às 22, e aos domingos, das 16h20 às 22h. A ideia é fomentar a cultura alternativa na capital e ser um espaço de criação coletiva e de novas ideias, usando a arte como bandeira. “Esses espaços autorais dinamizam os coletivos e são bem interessantes no momento. Aqui todo mundo vai na raça, cada um fazendo a sua parte. A alternativa é a gente se unir nesses coletivos e fortalecer a cena underground, autoral e artística em Campão”, enfatiza a Criadora Independente, Boli.

Música como difusor de consciência e paz

Liderados por Duke Reid e Sir Coxsone, na década de 50, na Jamaica, os Sound Systems (sistemas de som) é como se fosse uma rádio itinerante, uma alternativa da época para quem não tinham grana para ir aos shows, poder curtir um som democraticamente. Em Campo Grande, Thiago Hall Fya, do Vamo Apelá Sistema de Som, trabalha com esta vertente e soma ao coletivo com seu som de alta qualidade. “O modo que eu vim agregar é com a mensagem das músicas, coisas que as pessoas não estão acostumadas a ouvir. O reggae passa mensagem de protesto, de amor, de espiritualidade, agregando nessa cultura da rua, do rastafári, do lance autoral de CG, da gente estar e unindo e fazendo um bem maior”, diz Hall Fya.

Dub é um estilo musical que surgiu na Jamaica no final da década de 1960. No começo, era apenas uma forma de remix das músicas reggae, nos quais se sampleavam diferentes músicas, grande parte dos vocais, com destaque para os instrumentos como o baixo e a bateria. “Essa cultura mudou tudo dentro de nós, mudou os rumos, amadureceu a gente como pessoas, porque é uma cultura internacional. O Dub, cientificamente falando, é considerado como ferramenta de cura e o Dub, “abusa” do sub porque tem toda essa filosofia de vida”, conta o Produtor Musical e propagador do Dub na capital, ITalhêra. Ele também endossa o caldo no coletivo e todo conceito que envolve a cultura Dub e rastafári.

Cursos de DJ     

Os últimos três anos, houve um relevante crescimento na cena eletrônica do Trance na capital. Com o aumento, o DJ Leandro Martins, também conhecido como DJ Atomic Universe, encontrou uma oportunidade de fomentar a cultura eletrônica com cursos de DJ, hoje realizado na Maktub Reggae Shop.

Na Orla Morena, loja exalta cultura Reggae e vira point alternativo
Leandro Martins ensina a ser DJ

“Trabalho aqui na Maktub, sou funcionário da Ana, fortalecendo com ela, tentando trazer um pouco da galera do eletrônico, que é a cena que faço parte e tenho um pouco de influência. Comecei trazendo meu curso de DJ que eu já dava informalmente em casa e aqui consegui deixar mais profissional, pude divulgar mais e ter mais resultados com meus alunos. Em novembro de 2019 formou a primeira galera de Djs”, orgulha-se o DJ.

De uns anos pra cá, o trance cresceu bastante. Nos anos passados, as festas não davam 1000 pessoas, hoje dão 3, 4 mil nas maiores que foram realizadas. “Dá pra notar bastante esse crescimento, com isso eu vi essa necessidade de ensinar essa galera a tocar. Porque com um público maior, mais gente se interessa em aprender sobre ser DJ e aqui não tinha um lugar que ensinasse de forma profissional, como estou tentando fazer”, completa.

Para saber mais sobre os cursos, entre em contato pelos telefones 67 – 3204-2364 ou 67 – 99216-2805.


Maktub Reggae Shop

Av. Noroeste, 799 – Orla Morena
Nas redes sociais: https://www.instagram.com/maktubreggaeshop/
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