Coleção começou aos 12 anos de idade
O ser humano adora uma coleção, e tem pessoas que guardam latinhas de cerveja antigas, brinquedos e artigos “vintage”, objetos de decoração, filmes, DVDs… muita coisa pode compor um acervo particular. Porém, a campo-grandense Luisa Helena Leite Oliveira tem uma coleção muito curiosa, que ela mostra pela primeira vez ao MidiaMAIS: ela coleciona fotos em 3×4, de amigos, parentes, fotos suas e de completos estranhos. O hobby, conforme ela explica, começou quando ela tinha apenas 12 anos.
“É algo que existe, ninguém gosta de foto 3×4. Quando eu tinha 12 anos tirei uma foto 3×4 e eu achei lindo. Comecei então a pedir fotos para amigos, parentes, comecei a juntar algumas fotos”, descreve ela, enquanto mostra um caderno com um total de 156 fotos.
A jovem afirma que no começo pedia muitas para amigos e parentes, e com o passar do tempo foi fazendo contato com pessoas que trabalhavam em lojas de fotografia especializada nesse serviço de fotos 3×4, muitas lojas que nem existem mais hoje em dia. “Lembro de um senhor que tinha uma loja ali perto do antigo Colégio Latino-Americano, ele sempre guardava e me dava algumas fotos”, relembra.
Luisa conta que na época, estudava e tinha mais tempo para manter o hobby. “Eu tinha 15 anos e andava muito pelo centro, ia às vezes em frente da Funtrab (Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul), ou lugares onde as pessoas levavam currículos, e ali mesmo na fachada, acabavam jogando as fotos 3×4 fora. “Eu ia pegando essas fotos que as pessoas não queriam mais”, resume. Por alguns anos, as fotos ficaram dentro de um pote, mas há cerca de 7 anos ela organizou tudo em um caderno, que mostra orgulhosa. Dá para contar histórias pelas imagens, que registram rostos conhecidos ou não.
Semelhança cinematográfica
Quem já assistiu ao filme francês “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”, um dos longas da França de maior sucesso mundial que, com sua poesia parisiense, cores muito diferentes na tela e uma história muito singela, vai se recordar do personagem Nino Quincampoix, um jovem que colecionava fotos de estranhos direto de uma máquina de fotos – daquelas automáticas, que você entra na cabine e sai com as fotos em mãos.
No filme, Nino recolhia os pedacinhos de fotos rasgadas e jogadas fora – fotos em 3×4 na maioria – reconstruía todas em um álbum muito diferente. Antes de conhecer a protagonista Amélie – uma jovem que busca um sentido na vida ajudando as pessoas ao seu redor do jeito mais cômico e romântico – ele deixa um álbum repleto de fotos cair de sua motocicleta.
A ligação entre Luisa e o personagem fica clara, mas ela afirma que só viu o filme muito depois de ter começado a coleção. “Eu vi o filme aos 18 anos, e comecei a coleção bem antes, mas achei o personagem do Nino muito incrível, me identifiquei muito com ele e pensei: ‘então tem mais gente que faz isso'”, brinca.
Luisa é uma das proprietárias de uma loja de roupas e artigos de rock na Feira Central de Campo Grande, a Terror Rock Street Wear Shop, e está lá sempre a partir das 17 horas. Ela diz que adoraria aumentar sua coleção de fotos e que, quem quiser doar fotos 3×4, pode vir sem medo. A coleção atualmente permanece organizada e intocada, porém falta tempo de ir atrás de fotos, e na correria ela acaba não pedindo mais para parentes ou amigos. “Se alguém quiser me dar fotos, vou achar super legal. Queria preencher o caderno todo”, afirma.