Confira mais uma coluna ‘Pelo Mundo’

 

Pelo Mundo: Jornalista de MS em Portugal explica como Felipão ensinou o país a torcerChegamos no Porto há dois anos. Na companhia dos filhos, hoje com 16 e 6 anos, desembarquei em 2014, para fazer um doutorado e a cidade é uma sedução com seus pequenos e grandes encantos. Virou um amor correspondido. 

É claro que eu amo Campo Grande. Não nasci na Capital Morena, mas vivi nela a maior parte da minha vida. Fiz a faculdade de Jornalismo, tive meus filhos e fiz os melhores amigos que uma vida pode oferecer. Agora, é uma boa lembrança, uma cidade de braços abertos que mora no meu coração. 

Hoje, porém, minha vida está no Porto. As maravilhas daqui não estão somente na sua arquitetura histórica, na oferta infinita de bens culturais e no patrimônio fantástico. O que a cidade tem de mais rico são as pessoas. É incrível o valor que dão à tradição e à retidão. 

Sandra com os filhos em Portugal / Foto: Arquivo pessoalNão imaginava a importância que esta cidade e todo Portugal nutriam pelo futebol. Foi bom compartilhar da alegria dos portugueses campeões de uma grande competição. Ao vencerem a França, em casa, desataram o nó na garganta que apertava desde 2004. 

Há 12 anos, sob o comando de Luis Felipe Scolari, a bem preparada equipe portuguesa perdia para a Grécia. Os azarões calaram o estádio da Luz, em Lisboa. 

De lá para cá, vontade não faltou, mas a sorte pouco favoreceu esse povo. Tenho um amigo que diz ser do Felipão o crédito por “ensinar” o português a torcer. No comando da seleção lusa, o gaúcho pentacampeão estranhava as contidas manifestações e pediu à torcida que saísse às ruas. 

A receita brasileira demorou a fazer efeito, mas funciona. Acredito que a alegria e a força de vontade do povo para o Campeonato Europeu de 2016 influenciou de maneira positiva no resultado. 

Pelo que vi nas ruas, os torcedores têm orgulho da equipe e sentem-se um pouquinho atletas também. O lema comercial da seleção portuguesa era: não somos 11, somos 11 milhões. Parece muito do que o que havia no Brasil, quando éramos levados a acreditar sermos o décimo segundo jogador em campo. 

Quando a Seleção brasileira chega no gramado, cobramos a obrigação de ganhar. Não dá para relativizar, somos penta. Com os portugueses a emoção foi diferente. Para eles, o Campeonato Europeu é uma Copa do Mundo. É um sonho coletivo construído a cada jogo. Não tem já ganhou. 
Ah, e como foi muito bom ouvir os gritos de campeão e as buzinas alardeando o resultado. Não escondo que adorei ver a cara dos franceses com a garganta presa do grito abreviado por mais quatro anos. Até lá… PUR TU GAL, PUR TU GAL.