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MidiaMAIS

Solidão perdeu espaço quando Sueli voltou a pegar espátula e pintar momentos da infância

Artista comenta que chegou a não acreditar em si, mas, após retomar aulas de pintura, diz que volta feliz para casa
Graziela Rezende - Publicado em
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Quadros com as memórias da infância da Sueli. (Arquivo Pessoal)

Sueli Barcellos, de 64 anos, passou por grandes mudanças na vida quando se separou, deixou o Rio Grande do Sul e se mudou para Santa Catarina, acompanhando uma das três filhas. Mais uma vez, em 2011, o destino a trouxe para Mato Grosso do Sul. No entanto, com todas saindo de casa, a depressão e a solidão tomaram espaço, só que tudo mudou quando ela retomou as aulas de pintura. Em menos de dois meses, os quadros com “memórias da infância” já ganharam fama e sete foram vendidos durante live.

“Faz 43 anos que pinto com espátula, só que tive um grande intervalo por conta de situações da vida mesmo. Agora, após os 60 anos, achava que não tinha mais como, por estar enxergando mal e ocupando o tempo cuidando da minha neta. Mas, de repente, uma das minhas filhas me presenteou com um curso e tudo mudou. Não sinto mais solidão como antes”, afirmou ao MidiaMAIS a artista.

(Sueli Barcellos/Arquivo Pessoal)

Durante as aulas semanais, Sueli diz que se surpreendeu ao encontrar todas colegas 50+. “Na semana passada mesmo uma aluna nova chegou e ela tem 80 anos. É muito gostoso, todo mundo conversa, a gente nem vê a hora passar direito. Sempre tem assunto e a professora é maravilhosa. Ela é autodidata também e ensina muito bem. E eu também aprendo umas técnicas de óleo sobre tela mais modernas, coisas mais atuais mesmo”, contou.

Em casa, Sueli disse que ocupou um dos quartos com o cavalete e também para guardar os quadros. “Eu coloco uma música clássica, música italiana que gosto e começo a pintar. Ou então pego todos os apetrechos, vou para sala e lá eu pinto enquanto assisto televisão, por exemplo. Vou lembrando das minhas origens. Esses dias mesmo me lembrei da minha professora de pintura lá no Rio Grande do Sul. Ela era descendente de alemães, tinha família lá, sempre ia fazer visitas e faleceu há pouco tempo”, ressaltou.

(Sueli Barcellos/Arquivo Pessoal)

Ao rever as memórias, Sueli diz que coloca mais paisagens e flores nas telas, porém, tosto é algo que ela não gosta muito. “Eu me lembrei recentemente de um momento em que minha mãe detalhou a infância dela, falando da casa e um alambique de cachaça artesanal. Também estou aprendendo sobre estampas, em que a gente pode copiar. E já participei de exposições também, inclusive sendo premiada em algumas delas”, relembrou.

Mesmo com tanto talento, Sueli comenta que chegou a não acreditar em si. Quando mais jovem, disse que sonhava em ser arquiteta e era muito incentivada pelo pai, que era professor. “Eu fazia desenhos, projetava desde criança mesmo. Há muito tempo tinha feito um quadro de um negro no açoite e levei para um concurso sobre a Lei Áurea. Ele foi premiado e extraviou na mudança, era um quadro belíssimo. E eu saía dando de presente muitas telas”, contou.

As novas telas, que antes ficavam só no quarto, agora estão decorando a casa de apreciadores da arte.

“Eu tive um período triste, voltado para mim. Achei que não tinha talento, depois veio o problema da visão como disse antes. Mas aí fui em uma consulta, coloquei um óculos muito bem e estava sendo um novo começo. Quero continuar a fazer quadros enquanto eu aguentar. E agradeço muito a minha filha por este curso e também por me incentivar. Eu deixava guardado, ela abriu uma live e saiu vendendo e entregando para mim. Agora eu volto pra casa feliz”, finalizou.

Quem quiser conhecer mais sobre os trabalhos pode olhar na página da artista, no Instagram: Sueli Barcellos telas.

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