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Por que as antas estão indo para as cidades e entrando nas casas até para ‘ver TV’ em MS?

Saiba o que tem feito as antas saírem da natureza para se arriscar em locais não tão óbvios
João Ramos -
antas
Avistamentos registrados esta semana em Mato Grosso do Sul - (Fotos: Reprodução Nova News e Fala Povo, Jornal Midiamax)

Viu uma anta na rua ou em casa esta semana? Em , várias aparições em sequência desses animais em áreas urbanas inabituais – até dentro de casas de pessoas – chamaram a atenção para o comportamento da espécie.

Que avistamentos desses mamíferos não são nada incomuns em cidades de MS todo mundo sabe, mas, a recorrência recente dos flagrantes em um curto espaço de tempo e em municípios diferentes trouxe à luz um questionamento: o que será que tem feito a espécie sair da natureza para se arriscar em locais não tão óbvios?

Em Anaurilândia, por exemplo, uma enorme anta se sentiu bem à vontade para entrar em uma residência, onde até parou para ver televisão. No município, distante 376 quilômetros de , o exemplar explorou a cozinha da casa e foi bem alimentado pelos moradores, que o trataram com muito respeito e carinho.

Confira:

Antas na Capital

Já em Campo Grande, no mesmo dia, uma anta de grande porte foi flagrada por moradores transitando pelas ruas do bairro Coophatrabalho, nos arredores do Colégio Militar.

Do mesmo modo, no dia seguinte mais um caso. Uma outra anta aproveitou a calmaria das ruas e o silêncio da madrugada para caminhar livremente no bairro São Francisco. Por conta do horário e justamente da tranquilidade do trânsito, moradores ficaram preocupados com possíveis acidentes caso o mamífero aparecesse repentinamente em frente a algum veículo para atravessar as vias da região.

Na ocasião, a anta estava tentando entrar em uma área residencial, mas ao contrario do caso de Anaurilândia, o animal foi espantado por moradores. Depois, ela ficou quietinha embaixo de uma árvore e alguns campo-grandenses se aproximaram para fotografar. “Faz até pose para a foto”.

Veja:

Imagens: Fala Povo, Jornal Midiamax

Por que estão ocorrendo tantas visitas de antas em áreas urbanas de MS?

Para o biólogo José Milton Longo, as visitas que esses gigantes da floresta têm feito às casas das pessoas e as interações cada vez mais recorrentes com seres humanos são oriundas de dois fatores importantes e básicos para esse animal.

“Acho que é um comportamento que está se manifestando em busca de alimento. Porque as áreas rurais estão com pouca oferta de comida. A gente tem também essa crise hídrica que diminui as lâminas d’água, já que as antas têm o hábito de ficar próximas aos charcos”, comenta o pesquisador ao Jornal Midiamax.

Segundo Milton, as antas se alimentam de muitas frutas e é isso basicamente o que continua ocasionando visitas às residências, como o ocorrido em Anaurilândia. “Elas precisam consumir uma quantidade enorme de frutos, vegetação e folhagens, cerca de 4 a 5 kg por dia”, acrescenta.

“Entretanto, o comportamento também é preocupante porque pode estar refletindo a diminuição dos habitats que elas precisam nos entornos das cidades. Além dessa crise hídrica, a redução das matas promove o deslocamento desses animais. Não esquecer das queimadas e incêndios florestais como um dos fatores também”, ressalta o biólogo.

Conforme José Milton, em Campo Grande, por exemplo, os avistamentos têm sido comuns há algum tempo por conta dessa conjuntura provocada pela diminuição dos fatores citados.

Imagens: Fala Povo, Jornal Midiamax

Antas e humanos: há algum perigo?

Quanto às aparições recentes, ainda é possível ver humanos interagindo com as antas, acariciando e se aproximando sem qualquer receio. De acordo com o biólogo, não há mesmo o que temer pois as antas não oferecem riscos.

“Elas são mais solitárias, não são de bandos e são relativamente dóceis. Só apresentam comportamento agressivo – com relato de ataques – fêmeas com filhotes para defendê-los”, explica.

Contudo, o biólogo chama atenção para o fato do animal ter o status de “vulnerável” na lista das espécies ameaçadas de extinção, principalmente por ter sido objeto de caça por muito tempo e pela redução de seu ambiente natural provocada justamente pelos seres humanos.

“Mas ainda conseguimos vê-las em ambiente urbano porque algumas chácaras, casas e outros locais oferecem recursos e não apresentam perigo pra essas antas, então elas se sentem à vontade para satisfazer suas necessidades básicas de alimentação e abrigo, finaliza.

Iniciativa desestimula interação com antas, que são animais silvestres

Após a publicação da matéria, nota da Incab (Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira) trouxe alerta em relação às interações com antas. A nota reforça trecho que foi relatado na reportagem original, que traz que esses animais são relativamente dóceis e que o comportamento agressivo ocorre em situações específicas, conforme o leitor leu no parágrafo anterior.

“Já ocorreram diversos casos de ataques de antas a humanos ao redor do mundo, inclusive no , principalmente em situações de antas fêmeas com filhotes“, pontua a nota, assemelhando-se à ressalva mencionada na reportagem original.

Segundo a entidade, em 2023, uma professora de 66 anos foi atacada em uma lavoura de milho em seu sítio em Vilhena (RO) – ela teria sido arremessada para um riacho e mordida diversas vezes, o que resultou numa fratura do pulso. A nota também descreve acidente de 2013, com uma criança de dois anos, decorrente da interação com o animal no Zoológico de Dublin, na Irlanda, dentre outros.

“Não é necessário temer a presença do animal nas nossas imediações, mas não podemos, em
hipótese alguma, tratá-la como um animal doméstico. É preciso respeitá-la, da mesma forma que
respeitamos animais como onças e outros carnívoros que estão no topo da cadeia alimentar”, pontua trecho da comunicação.

O Jornal Midiamax não incentiva interação com animais silvestres.

* Matéria alterada para inclusão de trechos da nota da Incab às 17h de 21/10/24.

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