Mulher, mãe e agora delegada da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, com uma das maiores notas da academia da corporação, a Acadepol-MS, além de ter sido aplaudida de pé pelos colegas, durante a cerimônia de posse. Dias antes, Isabelen Alapenha foi aprovada no teste físico, mesmo muita gente temerosa com o fato dela estar no oitavo mês de gestação e insistindo para fazer a prova prática após o nascimento do filho.

“Eu fiz todas as etapas grávidas, porque descobri a gravidez na semana que fui realizar a prova objetiva do concurso de novos delegados de Mato Grosso do Sul. Fiz a objetiva, a discursiva e os exames médicos antes do teste físico. Na ocasião, já tinha apresentado o exame informando que estava grávida e tinha opção de fazer o TAF [Teste de Aptidão Física] depois que o bebê nascesse. Só que eu estava bem, já praticava muita atividade física antes”, afirmou Isabelen ao Jornal Midiamax.

Segundo a candidata, a corrida já fazia parte da sua vida e ela tinha a meta de 10 quilômetros todo final de semana, garantindo, então, a boa performance na prova. “E minha gravidez também foi muito tranquila. A médica não colocou nenhuma contraindicação, inclusive, nunca me proibiu de correr, daí pensei em esperar, só que uma semana antes, resolvi fazer. Fiz uma simulação antes, vi que conseguia completar e fui aprovada”, relembrou.

Em seguida, Isabelen também passou pela prova oral e decidiu iniciar a academia. “Decidi começar e ir vendo como a gestação ia evoluir, tomando as decisões lá dentro mesmo. Eu pensava: ‘Ao menos vou completar a parte teórica da academia’. E a parte física, enquanto eu estivesse bem, ia realizando as atividades com acompanhamento médico. A partir do momento que sentisse que não desse, apresentaria o atesto médico, principalmente porque tinha a opção de fazer depois os exercícios físicos da academia”, argumentou.

Já no 8° mês, Acadepol não queria deixar Isabelen fazer prova

(Instagram/Reprodução)

No entanto, desde o início, Isabelen conseguiu completar todas as atividades. “Só não fazia abdominal nos treinamentos. Pensava no meu corpo mesmo, na questão da diástase, porque a médica falou que não seria prejudicial ao bebê e sim para mim. Assim, fiz os exercícios adaptados. Depois, teve uma prova teórica que eu tirei 100, então, só precisava de 40 na prova física, seria suficiente para a média. E inicialmente o pessoal não queria me deixar fazer prova. Naquela semana, já estava prestes a completar 8 meses de gestação”, comentou.

Mesmo com as recomendações, Isabelen decidiu seguir adiante. “Seria prejudicial na questão das notas, principalmente porque eu estava muito bem classificada no concurso e isso ia interferir na minha escolha de lotação, então, não queria perder posição. Assim, continuei praticando atividade física e insisti para fazer. Apresentei o atestado de duas obstetras, assumi os riscos e ainda tive o apoio de uma médica, a Dra. Talita Franco, que foi um anjo em minha vida e se dispôs a acompanhar o meu teste físico”, disse.

Assim, no grande dia, lá estava Isabelen dando uma lição de empoderamento feminino. “Fiquei muito feliz com o meu desempenho no dia, foi Deus na minha vida e só de falar eu me emociono porque o resultado foi incrível. Eu precisava de 40 e tirei 97,5. Conversei com meu marido, ele estava em Rondônia e só veio na outra semana, mas me apoiou muito também, foi o principal incentivador na corrida e em tudo. Ele falava: ‘Meu bem, vai, corre no seu tempo. Se você sentir que você está bem, vai, sem forçar. E aí eu fui tendo a minha consciência corporal”, afirmou.

‘Fiquei muito feliz em concluir o curso’, diz futura delegada

No dia da prova, Isabelen diz que até o tempo colaborou. “Estava bem fresquinho e o papai do céu ajudou até na questão da temperatura, ainda mais porque no calor é sempre mais desgastante e aí eu fui correndo, no meu tempo, fiz a primeira volta e, quando fui executar a segunda, a minha amiga e parceira de curso, a Isabelle, foi outro anjinho na minha vida e começou a correr comigo para me dar apoio e não me deixar correndo sozinha. Aí eu fui fluindo… dentro da minha margem de segurança e tive um resultado que nem eu imaginava. Fiquei muito feliz em concluir o curso”, disse.

Por fim, Isabelen ressalta que até na classificação foi beneficiada. “Fui para segundo lugar do concurso, depois o primeiro não tomou posse, porque foi nomeado no Paraná, então, acabei sendo a primeira para fins de escolha de lotação, inclusive, a cerimônia de posse foi muito gratificante, um momento emocionante. Ao assinar o termo de posse, fui chamada para representar a turma e passou um filme na minha cabeça, de tudo que eu tinha vivido ali. Foi algo muito emocionante mesmo, surreal e, graças a Deus, deu tudo certo”, finalizou a delegada, que também passou no concurso da PF (Polícia Federal) e atua em Rondônia atualmente.