Como Terra e Paixão fez milagre na Globo e consagrou MS como ‘galinha dos ovos de ouro’ da emissora

Entenda os feitos de “Terra e Paixão” e como a novela saiu do fundo do poço e tirou a Globo da lama

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Segunda novela praticamente seguida da TV Globo ambientada em Mato Grosso do Sul, “Terra e Paixão” fez um verdadeiro milagre na emissora, considerado até impossível. É que a novela de Walcyr Carrasco termina nesta sexta-feira (19) como um fenômeno de audiência, batendo recordes não alcançados justamente desde o fim do remake de “Pantanal”, em outubro de 2022.

Coincidentemente ou não, as duas novelas, únicos êxitos de Ibope e repercussão na faixa das nove desde o fim da pandemia, tiveram o Estado de Mato Grosso do Sul como cenário e foram a aposta certeira da TV Globo para salvar a faixa das 21 horas da lama.

Primeiro “Pantanal”, um remake que teve quase dois anos de divulgação e, por isso, já entrou em cena elevando os números desastrosos do horário. Enquanto “Um Lugar ao Sol” marcava 22 pontos (audiência de novela das seis), “Pantanal” estreou batendo 28, logo alcançou 30 e se estabeleceu acima desse número.

“Travessia”, de Glória Perez, substituiu o remake em outubro de 2022 e derrubou a audiência conquistada. Ambientada no Rio de Janeiro, a telenovela afugentou o público e fez a faixa estagnar no 24 pontos de Ibope.

Mexendo os pauzinhos

Aí então o autor Walcyr Carrasco ganhou uma missão: ressuscitar o horário. A sinopse de “Terra e Paixão” foi feita às pressas e só foi construída depois que o autor viajou até Dourados e região em agosto de 2022. Após o sucesso de “Pantanal”, Carrasco escolheu MS para cenário de sua história, que contaria com plantações de soja e falaria da terra vermelha, forte característica local.

As apostas foram altas e todas as fichas foram investidas em “Terra Vermelha”, que depois tornou-se “Terra e Paixão”. A novela foi tratada como superprodução e era a esperança da casa para o Ibope voltar a subir.

Mas, nem tudo são flores e o folhetim estreou no dia 8 de maio de 2023 nem tão em alta como a emissora gostaria. Investindo em histórias em Mato Grosso do Sul por dois anos seguidos, com apenas uma novela entre as duas tramas ambientadas em MS, o canal se frustrou com o início do atual folhetim, que não levantou muito a moral do horário derrubada por “Travessia”.

“Terra e Paixão” fez milagre

Contudo, o jogo virou. O autor promoveu diversas alterações e a trama conseguiu engrenar. Aos poucos, “Terra e Paixão” foi subindo dos 25 para os 27 pontos. Depois de alguns meses, começou a marcar 28 e 29, até se estabelecer na casa dos 30 pontos de audiência.

Para os padrões atuais de Ibope, o feito é quase impossível. Dar 30 pontos nos dias de hoje é uma conquista e tanto para qualquer programa da TV aberta e, conforme especialistas de televisão, tornou-se até utópico atingir a marca.

Tanto que, “Terra e Paixão” se consolidou como a maior audiência da emissora desde “Pantanal”. Em comum entre elas, o Mato Grosso do Sul como cenário.

Desse modo, ao conseguir o milagre impossível dos 30 pontos, “Terra e Paixão” consagrou definitivamente MS como a “galinha dos ovos de ouro” da emissora. As histórias aqui adaptadas fisgaram o público, seja por seus núcleos, a escrita dos autores, mas também pelos ares diferentes, paisagens, cores e culturas jamais pintadas em horário nobre no canal com tanto destaque e ênfase.

Depois de dois anos, “tchau, MS”

Novidade até então, Mato Grosso do Sul virou assunto. O tereré se popularizou, a chipa foi apresentada, o “do sul” também foi explicado e a audiência começou a aprender a diferenciar MS de MT.

Agora, para substituir “Terra e Paixão”, a Globo aposta em mais um remake: “Renascer”, tal qual “Pantanal”, de Benedito Ruy Barbosa. Só que, desta vez, o cenário é Ilheus, na Bahia, seguindo a premissa da fuga do eixo Rio-São Paulo, que tem afugentado os telespectadores.

Resta saber se o remake de “Renascer” conseguirá manter o interesse e até os números, ou se os feitos históricos de audiência desta década ficarão restrito às histórias contadas em Mato Grosso do Sul, Estado que não deve voltar a aparecer tão cedo em novelas da casa, após tantos anos seguidos em destaque.

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