VÍDEO: Ex-funcionário de Elis Regina e Tim Maia, Toninho foi parar em Corumbá para tocar piano
Organista e pianista carioca, Toninho foi parar em MS após acompanhar duplas sertanejas. Aqui ele achou piano de 167 anos e toca nele após reformá-lo.
Graziela Rezende –
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O caminho até o piano é em passos lentos. Mas, é só se assentar e encostar os dedos no instrumento que o talento de Nilson Alves Abrantes, de 80 anos, é revelado. Ex-funcionário de Elis Regina, Tim Maia, Tom Jobim, Cezar e Paulinho, Zé Rico e Milionário e outras duplas sertanejas, “rodou” o Brasil e alguns países no exterior, até parar em Corumbá.
Na cidade, o organista e pianista passou a se apresentar em festas e também afinar pianos, único instrumento capaz de conectá-lo com a alma. “Sou aficionado por música. E tenho muito amor pelo piano. Cada vez que toco parece que é um vivace na minha alma. Me eleva”, disse.
Toninho, como é conhecido, também é tenor e, mesmo falando baixinho, mostra o vozeirão quando está diante a um piano, órgão e microfone.
“Eu sou do Rio de Janeiro. Nasci no dia 2 de janeiro de 1943 e lá estudei no Colégio São Francisco, onde fiz aulas de piano e canto. Na época, fiz um voto e me tornaria padre, só que não finalizei este processo e fui viver da música. Toquei primeiro com Elis Regina e, com ela, fui para o Rio Grande do Sul, Argentina, rodei pra caramba até ir tocar com o Tim Maia”, relembrou ao MidiaMAIS.
Ao lado dele, Toninho disse que passou três anos e meio percorrendo o país. “Com a Elias eu era organista. O pai dela, o César Camargo, é que era o pianista, só que eu dava apoio também. Com o Tim Maia também tocava piano e órgão. Depois, fui acompanhar duplas sertanejas e, de repente, estava em Piracicaba e depois em Corumbá”, argumentou.
‘Tive o presente de estar com Tom Jobim’, fala Toninho
No entanto, ainda de acordo com Toninho, antes de sair do Rio de Janeiro, ele teve o presente de participar de eventos com Tom Jobim. “Eu vivia nesse meio na década de 70, 80 e fiquei no Rio até 1998. Toquei com a cantora Valesca também, muita gente. Nunca me casei. Sofria sozinho o que tinha que sofrer. Não tenho família e sou despreocupado, porém, gosto de ajudar o próximo. Se hoje eu ganhar mil reais tá tudo certo. Se eu ganhar R$ 10, tá certo do mesmo jeito”, comentou.
Nas andanças, foi contratado para animar o ir e vir de hóspedes no Hotel Nacional, em Corumbá. “Este piano estava no Colégio Janick. Ele foi feito na Alemanha, em 1856 e está com 167 anos. Primeiro, chegou em Ladário e depois veio para cá. Ficou anos e anos no colégio das freiras e fui até lá afiná-lo uma vez. Depois, o dono do hotel o comprou e deixou um tempo em um depósito perto de carros antigos”, explicou.
Contratado como freelancer, Toninho fala que “encontrou uma sucata” e transformou o instrumento.
“Eu vi e falei que nem ia mexer. Achei muito destruído e ainda tenho alergia a poeira. Mas, um tempo depois não me aguentei. Coloquei uma máscara e vim lixar, polir e passar verniz. Depois montei ele todinho. O processo durou nove meses. Ainda não está 100% pronto, mas, já foi colocado no salão principal e estou tocando lá, há um mês”, finalizou.
Veja Toninho tocando piano em hotel de Corumbá:
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