Trineto da tia Eva comemora com tema ‘Santos’ e comunidade vai, mas avisa: ‘Maioria é corinthiana’

Os 60 anos do Eurídes Antônio da Silva, conhecido como “bolinho” na Comunidade Tia Eva, em Campo Grande, não podiam passar em branco. Desta forma, família e amigos compareceram na festa, mas, não deixaram de brincar com o fato dele ser um dos únicos santistas na região. Até mesmo o pai compareceu para comemoração, levando a caneca do time do coração: o Sport Club Corinthians Paulista.

“Eu tenho 11 filhos e o bolinho era para ser mais um corinthiano, porém, desde pequeno ele se apaixonou pelo Santos. Chegava a matar aula para assistir o time jogando. Tudo aconteceu porque ele se tornou fã do Pelé, questão de representatividade também”, comentou o pai, Sérgio Antônio da Silva, de 87 anos, conhecido como “seu Michel”.

A mãe do aniversariante, Luzia Bento da Silva, de 77 anos, fala que acompanha o marido e também torce para o “timão”. Os convidados também brincaram com a situação e disseram que o oposto deve acontecer em alguns dias, já que o seu Michel deve comemorar 88 anos no próximo dia 27 e o tema do aniversário, se ocorrer, deve ser do Corinthians.

Na festa, além de momentos em família estampados na parede, Eurídes e o pai também relembram as origens.

“São cerca de 100 convidados, muitos deles descendentes da tia Eva, então, não tem como a gente não relembrar estes momentos. E meu pai é uma das pessoas que chegou a conviver com ela, é o mais próximo vivo, então, temos que relembrar nossas origens sempre”, finalizou.

Quem foi Eva Maria de Jesus?

Escrava nascida em Mineiros, interior de Goiás, Eva tinha um sonho: dar um bom estudo para suas três filhas. Em 1887, aos 49 anos, Eva obteve sua carta de alforria, momento onde realizaria seu segundo sonho: ir para o Mato Grosso (atualmente, Mato Grosso do Sul) e construir um lugar para seus descendentes.

Saiu de Goiás em 1905, chegando em Campos de Vacaria, hoje, Campo Grande, onde trabalhou como lavadeira, parteira, cozinheira, curandeira e benzedeira. Ela impressionava a todos, pois sabia ler e escrever, algo que era inesperado de uma escrava.

Em 1910, decidiu pagar uma promessa a São Benedito por a ter curado de uma ferida na perna. Construiu uma capela em agradecimento ao santo e conclui a igrejinha em 1912, demolida e substituída por uma de alvenaria em 1919. Tia Eva está enterrada dentro desta pequena igreja, a mais antiga da cidade.

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