“É que hoje eu não estou afim de cair em golpe, seu merdinha”: esta foi a frase que fez um golpista de Campo Grande “perder tudo”. Crente de sua expertise e, aparentemente, já acostumado a lidar com pessoas vulneráveis propensas a cair em golpes, o criminoso foi pego “de calças curtas”, mas não abaixou a cabeça.
Já virou rotina em Campo Grande a comunicação entre golpistas e anunciantes nas redes sociais. Os criminosos entram em contato, demonstram interesse no produto, mas na realidade tudo não passa de uma armadilha montada para furtar o objeto do anúncio.
E foi justamente o que aconteceu com um editor de vídeo campo-grandense que compartilhou com o Jornal Midiamax a troca de mensagens que teve com o golpista. O profissional relata que anunciou um iPhone seu antigo em plataformas de vendas e recebeu o primeiro contato.
Não demorou muito para o editor perceber que se tratava de um golpe e ele logo fez questão de desmascarar o golpista. Não contente em ter seu plano arruinado, usando outro número, o criminoso voltou a fazer contato com o anunciante para tentar novamente levar o iPhone, e foi aí que a coisa “desandou”.
“Boa tarde! Sobre o iPhone, já foi vendido?”, iniciou o meliante. Ao ser informado que o produto ainda estava disponível, o golpista quis saber: “Como estão as condições dele? A bateria está em quantos por cento e quantos você consegue fazer à vista?”, indagou.
Pergunta-chave entregou tudo
Tudo foi prontamente respondido, até que uma fatídica pergunta entregou a “comunicação” do golpe. “Você tem caixa e nota [fiscal] dele ainda?”, perguntou o criminoso. Ele só não esperava que o editor de vídeo respondesse da seguinte maneira:
“Só tem um detalhe… o único detalhe é que hoje não estou afim de cair em golpe não, seu merdinha. Arruma um lote pra carpir. Nem pra roubar serve, mané demais, kakaka. Triste”, escreveu o anunciante, que não obteve resposta do golpista.
Insatisfeito e ainda obstinado o criminoso da internet então tentou contato por outro número e, mais uma vez, quis levar o iPhone anunciado. Entretanto, ele esqueceu que estava usando a mesma foto de perfil nas duas contas de WhatsApp e foi desmascarado mais uma vez.
“Fica chateado não… você tentou, mas, na moral, tá manjada, parte pra outra”, orientou o editor de vídeo.
Conversa foi longe e terminou “bem”
Respondão e afiado, o golpista desta vez não quis ficar quieto e retrucou: “Tá nada, pow. Brasil tem mais de 200 milhões de pessoas, todo dia tem um completando 18. E todo dia tem um nascendo e um morrendo”, disparou.
“E o foda é que sempre tem um trouxa, né? Ia falar pra você largar mão disso, mas sei que não vai. Então, boa sorte aí, Realmente espero que se dê mal para parar com isso”, compadeceu o editor de vídeos.
“Eu trabalho também”, garantiu o golpista, acrescentando: “Mas é isso, que dê tudo certo na sua vida aí”, despediu-se. “Abraço pra você também”, encerrou o anunciante do iPhone.
Casos em Campo Grande
A troca de mensagens, apesar do tom cômico, expõe a vulnerabilidade dos anúncios em redes sociais, mostra a obstinação dos golpistas e como eles estão acostumados a lidar com pessoas mais propensas a caírem no “conto da carochinha”.
Outro caso semelhante viralizou em maio, quando uma empresária de Santa Catarina decidiu se vingar de um golpista de MS e devolveu o golpe na mesma moeda, fazendo o criminoso de bobo. Veja:
Recentemente, o Jornal Midiamax também fez um alerta para o mesmo comportamento, só que, na ocasião, os produtos alvo de golpes foram geladeiras. Com uma dinâmica parecida com a narrada acima, criminosos fizeram três vítimas em uma única tarde em Campo Grande. Relembre:
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