Mar do Sertão: autor tem preguiça de escrever as cenas mais importantes da novela?

“Cadê a revelação?” Falta de sequências primordiais e muito esperadas em “Mar do Sertão” levanta boatos sobre preguiça do autor da novela, Mário Teixeira

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Final do capítulo desta segunda (2) não exibiu cena importante e causou revolta nos telespectadores – (Foto: TV Globo/Reprodução)

“Cadê a cena da revelação?”, “Por que não mostrou o Zé Paulino descobrindo que foi o Tertulinho que tentou matar ele?”, “Esperamos esse tempo todo para o José descobrir tudo e quando chega o momento a novela simplesmente não mostra? Me sentido lesada”.

O capítulo desta segunda-feira (2) da novela “Mar do Sertão” (TV Globo) foi um dos mais importantes e esperados pelo público que acompanha o folhetim assinado pelo autor Mário Teixeira. Só que, conforme expõem os comentários destacados acima, a audiência não ficou nada satisfeita com a ausência de diálogos fundamentais. E não é a primeira vez que isso acontece.

Quem assiste “Mar do Sertão” desde o início certamente já percebeu que sempre quando há um acontecimento de extrema importância para a trama, as cenas que envolvem o entrecho primordial simplesmente não acontecem.

Desse modo, a recorrência do descarte de momentos cruciais para o andamento do folhetim, na realidade, evidencia que essas sequências possivelmente nem são gravadas e muito menos escritas pelo autor, Mário Teixeira. Mas por quê? É o que todos querem saber.

Mário Teixeira, o autor de "Mar do Sertão" - (Foto: TV Globo/Reprodução)
Mário Teixeira, o autor de “Mar do Sertão” – (Foto: TV Globo/Reprodução)

Tem explicação? Autor decide não mostrar cenas fundamentais para o público em “Mar do Sertão”

Foram 114 capítulos até que nesta segunda-feira, 2 de janeiro, no episódio que abriu o ano de “Mar do Sertão”, o protagonista Zé Paulino (Sérgio Guizé) finalmente descobriu a identidade de quem tentou lhe matar e desligou seus aparelhos em um hospital, há 11 anos. O público aguardava ansioso pela revelação, que ocorreu em doses homeopáticas.

Antes disso, no último capítulo de 2022, exibido em 31 de dezembro, a mocinha Candoca (Isadora Cruz) colocou o vilão Tertulinho (Renato Goes) contra a parede sobre seu crime do passado. No episódio seguinte, Candoca então preparou o amado José Mendes para receber a notícia, na tentativa de evitar que ele cometesse um disparate ao se vingar de Tertulinho, assim que descobrisse quem tentou lhe matar há uma década.

Primeiramente, a médica avisou ao namorado que tinha uma revelação importante para fazer e pediu para ele se sentar. A novela então pulou para uma sequência menos relevante, em que Nivalda (Titina Medeiros) mostra ao ex-prefeito Sabá Bodó (Welder Rodrigues) a certidão de nascimento falsa que encontrou na casa de Candoca.

“Teve um corte”

Em seguida, a trama voltou para Zé Paulino e a revelação já tinha acontecido, só que sem o público ver absolutamente nada. “Teve um corte aqui”, disparou um internauta sem entender. “Cortaram, gente?”, indagou outro. Isso porque, o trecho já começou com toda a descoberta exposta para o protagonista.

“Tu tá recebendo essa notícia com essa serenidade mesmo?”, disse Candoca para Zé Paulino. Sem nenhuma reação e sem nenhum diálogo para mostrar ao público o momento mais aguardado da história, até então. Ficou subentendido que Candoca contou o que descobriu, mas a audiência que esperou 5 meses para ver o mocinho saber da verdade simplesmente foi privada do acontecimento.

Não haveria problema se esse fosse o ritmo de “Mar do Sertão” e se, apesar de não exibir trechos melodramáticos e apostar em ação, a trama preenchesse seu tempo com sequências de tirar o fôlego. Só que não é o que acontece, muito pelo contrário.

Primeiros indícios do problema em “Mar do Sertão”

O autor Mário Teixeira já havia frustrado o público quando, nas semanas iniciais da novela das seis, não permitiu que os telespectadores vissem a mocinha recebendo a informação de que seu noivo havia morrido.

Teixeira distribuiu em apenas um episódio acontecimentos que renderiam, pelo menos, 20 capítulos para “Mar do Sertão”. Resultado: muitos entrechos que a audiência noveleira espera ver nem sequer foram escritos.

Como quando Zé Paulino “morreu”, no capítulo 7. O carro caiu da ribanceira, a trama foi para o intervalo e, após a volta dos comerciais, houve uma passagem de tempo de sete dias. O corpo havia sido encontrado e a cidade de Canta Pedra preparava sua missa de sétimo dia.

Foi ali que Mário Teixeira deu indícios do que viria pela frente: o público se frustrou por não ver Candoca sabendo do ocorrido com o noivo, nem o município lamentando a perda do querido Zé Paulino.

Mais tempo

Uma semana depois, mais uma vez, Teixeira fez parecido. Em poucos segundos, ele avançou a novela em dez anos, privando o público novamente de acompanhar desdobramentos após a falsa morte do protagonista, que voltou à região no mesmo capítulo.

Em uma novela convencional, tudo isso certamente conseguiria ser distribuído em, ao menos, 50 capítulos, mas Teixeira aparentemente queria apresentar uma história cheia de adrenalina, que prendesse e não deixasse a audiência respirar.

Só que quando a segunda fase estagnou, o autor passou a preencher a trama com “vários nadas” e não manteve o ritmo frenético, fato que não justifica a pressa nos primeiros capítulos.

Teoria da preguiça

Agora, após aguardar mais de 100 episódios e quase cinco meses, o telespectador de “Mar do Sertão” voltou a não entender as decisões do autor. “Perdi as contas de quantos capítulos a novela ficou vazia, enchendo linguiça, pra num capítulo importante o autor nem escrever a cena do Zé Paulino descobrindo tudo”, escreveu uma internauta nas redes sociais.

“Ele tem preguiça de escrever as cenas mais importantes da novela, não é possível. Porque escreve um monte que não faz diferença para o rumo da história, mas as catarses que o público mais quer ver, parece que ele se recusa a ‘sentar’ o dedo no teclado e digitar”, respondeu uma outra telespectadora que acompanha o folhetim.

Seria mesmo preguiça? A dúvida paira no ar. Isso porque, conforme as cenas do próximo capítulo adiantaram, nesta terça-feira (3) “Mar do Sertão” incrivelmente mostrará Zé Paulino e Tertulinho descobrindo que são irmãos. “Para alguns momentos há dedicação, enquanto para outros não acontece o mesmo. O autor não escreve com a visão do telespectador, ele decide o que é importante, no que quer se debruçar, e no que tem preguiça”, opinou uma fã da obra.

Escrever cenas importantes é opcional em “Mar do Sertão”?

Sendo assim, Teixeira desperdiça, pela enésima vez, os entrechos robustos que a novela possibilita ao não desenrolar o novelo de acordo com a necessidade da exploração de cada acontecimento. Se sua dramaturgia é revolucionária ou pelo menos pretende ser, por eliminar os principais momentos para quem espera catarses e reviravoltas em novelas, só saberemos em um futuro.

Vale lembrar que o autor de “Mar do Sertão” é experiente, mas tem fama de “matar” suas histórias logo no início e “encher linguiça” nos meses restantes. Mário Teixeira, curiosamente, assinou junto com Walcyr Carrasco o fenômeno “O Cravo e a Rosa” (2000) e também é responsável por novelas que começaram bem e em seguida desandaram, como “I Love Paraisópolis” (2015) e “O Tempo Não Para” (2018).

Até então, “Mar do Sertão” tem sido sua trama mais linear e “menos defeituosa”. Prova disso é que segura bem a audiência e se mantém na casa dos 20 pontos mesmo depois de tantos meses no ar. No entanto, a atual novela das seis repete os mesmos vícios que destruíram suas obras anteriores. Mas ainda tem chão para “Mar do Sertão”, que deve ter seu último capítulo exibido no dia 17 de março.

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