A polêmica logo se instalou quando houve o anúncio de que o local seria exorcizado, em meados de 2019. Onde antes funcionava uma famosa boate, nos altos da Avenida Afonso Pena, deu lugar ao Santuário Nossa Senhora da Abadia, em Campo Grande.

Na verdade, o que houve na época foram bençãos e a consagração de nova casa de oração, a qual foi totalmente remodelada para receber fiéis e hoje tem mascote fofo na entrada, que é o Toy, além de outros pets que são o xodó do padre Paulo Vital, “mar” de santas projetadas por ele em uma das paredes e um altar totalmente inusitado.

No dia 15 de junho daquele ano o negócio foi fechado. Menos de um mês depois, no dia 14 de julho, o Santuário abriu as portas e o estacionamento da boate se tornou o ponto central, apenas com cadeiras brancas e um altar para a realização das santas missas.

Foto: Henrique Arakaki l Jornal Midiamax

Comunidade saltou para espaço 3 vezes maior

A comunidade, que já tinha ponto fixo em outro endereço, saltou de um espaço com lotação máxima de 150 para 450 pessoas.

“O endereço da nossa igreja já não estava mais comportando os fiéis. Nós tínhamos telão fora da igreja, em época de chuva e sereno era bem complicado e realmente precisávamos de um espaço maior. Nós então reaproveitamos as colunas do estacionamento e fomos colocando o piso primeiro, depois as cadeiras e a decoração contemporânea foi vindo aos poucos. Ainda tem bastante coisa que queremos fazer, mas, já avançamos bastante com ajuda dos fiéis e eventos que sempre estamos fazendo”, afirmou o padre Paulo ao MidiaMAIS.

Foto: Henrique Arakaki l Jornal Midiamax

‘Quase’ engenheiro e arquiteto

Especializado em arte sacra do espaço litúrgico e “quase” engenheiro e arquiteto, Vital conta que se envolve em todas as fases das obras na paróquia e usou o conhecimento que tinha para construir uma parede e lá contemplar Nossa Senhora, em suas mais diversas culturas.

“Eu representei um mar através destas ondas na parede, uma rede em que ela foi resgatada e aí fui colocando as santas. A Abadia claro, como a padroeira, e depois as outras, já que aqui é uma cidade com muitas colônias: portuguesa, japonesa, árabe, italiana e agora, com a chegada dos venezuelanos, também demos espaço para que todos se sintam acolhidos”, argumentou.

Foto: Henrique Arakaki l Jornal Midiamax

Entre as santas está Nossa Senhora de Copacabana, que é a padroeira da Bolívia, Nossa Senhora de Caravaggio, que é a da Itália, Nossa Senhora de Caacupé, representando os paraguaios, Nossa Senhora da Estrela da Manhã, a padroeira do Japão, Nossa Senhora do Líbano, Nossa Senhora de Coromoto, por conta dos venezuelanos e Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira do México e outras.

Ao fim deste “mar”, está a cruz do senhor e o sol. “Aqui, como temos esta devoção a Jesus Misericordioso, o rio que brota do coração de Jesus. A água e sangue representadas pela figura de Jesus Misericordioso, ao qual temos essa devoção e aí temos o rio, a salvação e a vida que brota da cruz. Ao fundo, o túmulo da ressurreição, ao qual Jesus ressuscita para nos dar a vida”, explicou o padre.

Camarim se tornou moradia

Foto: Henrique Arakaki l Jornal Midiamax

Nesta decoração contemporânea, são vários os conceitos e ainda há algo inusitado. O altar não só está ao centro, mas, também no canto. Na sacristia, também há espaço para relíquias, mosaicos e ainda há a versão moderna do confessionário, com os três arcanjos: São Gabriel, São Miguel e Rafael. Há curiosidades também, como o antigo camarim da boate que se tornou a moradia do padre.

“Faz três anos que estou aqui. Nós fomos nos adaptando e hoje convivo bem. Tenho o Toy, que é o mascote e fica ali na porta da igreja, além do Pretinho e a Princesa. Fomos adaptando, retirando escada, colocando rampas, fazendo limpezas, adaptações, tivemos a benção do Dom Dimas e hoje estamos com toda estamos com missas, Cerco de Jericó e vários eventos da nossa igreja”, finalizou.