Pular para o conteúdo
MidiaMAIS

Graffiti! Intervenção artística vai transformar os muros da Aldeia Urbana Marçal de Souza

Intervenção vai restaurar muros, além de propor oficinas que integram a comunidade terena no resgate de costumes e memórias
Leandro Marques -
foto: Ana Carolina Fonseca

Uma vivência entre artistas muralistas e a população da Aldeia Urbana Marçal de Souza, em (MS), vai imprimir a expressão étnica ancestral em dois murais de destaque. O projeto denominado de Kéxunakoa – que significa “fortalecer a tradição” – e contemplado pelo FMIC (Fundo Municipal de Investimentos Culturais), por meio da Secretaria Municipal de Cultura e (Sectur), propõe uma integração durante 22 dias consecutivos. O resultado da revitalização será apresentado no dia 14 de abril, no Memorial da Cultura Indígena, e marca o mês dedicado a celebrar a herança e cultura dos povos originários do Brasil.

A restauração consiste na correlação dos elementos que representam a raiz terena e destaca a 1ª cacique mulher em MS, Enir Bezerra, símbolo da luta e força feminina entre todos da etnia. Os moradores participarão, ativamente, da produção dos painéis, bem como de vivências sobre a produção da arte urbana, ministrada pelos artistas Caio Mendes e Alice Hellmann. Ao todo serão quatro dias de oficina prática que antecedem o início das restaurações dos murais.

O muro antes do mural… vamos acompanhar essa transformação – foto: Ana Carolina Fonseca

Paralelamente, outras duas compõem a programação. Encabeçadas pelas indígenas Fabriciane Malheiro e Benilda Vergilio, trata-se da confecção dos novos trajes típicos, bem como as aulas e ensaios das danças tradicionais. Por meio de técnicas de pintura e de costura, todos os adornos produzidos por essas jovens e mães terenas, farão parte de um acervo e, posteriormente, utilizados durante as apresentações. A reprodução das vestimentas e o resgate das danças dão continuidade à preservação das memórias e costumes das 240 famílias da Aldeia.

Os muralistas Alice Hellmann e Caio Mendes são artistas tarimbados na cena artística quando o assunto é muralismo e graffiti. São eles os responsáveis pela execução de ambas as restaurações, uma delas num dos muros mais imponentes e o cartão de visita junto ao Memorial da Cultura Indígena, considerado um dos pontos turísticos de Campo Grande.

Caio Mendes – foto: Ana Carolina Fonseca

Caio Mendes, 36 anos, é formado em produção multimídia e multiartista há 16 anos. Mais conhecido como Green, assinatura que está no rodapé de diversas obras espalhadas pela Capital e até do interior do Estado. Com a temática regional, ele vem refinando seu trabalho, e por meio da técnica do realismo faz do graffiti sua maior forma de expressão quando o questionamento é: como manter as raízes sul-mato-grossenses. “A questão indígena sempre fez parte da minha vida, tanto no sentido artístico quanto no social e humano”, diz.

Sobre a incorporação dos aspectos das culturas ancestrais em suas obras, Green conta que seu maior interesse sempre foi desvendar o modo de vida e a organização desses povos. “Isso me fascina e sempre esteve muito presente em tudo que procuro desenvolver”. Sobre a idealização do projeto, ele explica que a proposta é de um intercâmbio de culturas ao levar técnicas artísticas modernas ao encontro da linguagem indígena. “Queremos que essa troca seja um novo incentivo e inspire as novas gerações da aldeia. É dar continuidade ao conhecimento tradicional que precisa ser levado de geração em geração, ainda mais quando falamos de uma comunidade terena que está inserida no coração da Capital”, garante.

Alice Hellmann – foto: Ana Carolina Fonseca

Já Alice Hellmann, 32 anos, que é formada em artes visuais, a arte, seja por meio da pintura e até da música, é o que move sua vida desde os sete anos de idade. “É lindo revitalizar e mais especial ainda por ser num local que abriga culturas originárias na cidade”, explana. Quanto ao tema e sua importância, ela é enfática: “apesar de toda toda dor e sofrimento desse povo, os terenas são políticos e organizados, vamos contribuir e ajudá-los a eternizar todo esse legado”.

Sobre as trocas de conhecimento e todas as vivências, ela explica que as ações destacam algo muito maior. “É sobre promover ensino técnico teórico e prático da pintura para que a comunidade possa espalhar cores e formas da sua cultura para o mundo, por meio de expressões de arte urbana como estêncil, letras, personagens, pintura sobre tecido e, assim, continuem dançando suas raízes”, conclui.

A mulher terena

Para a terena Fabriciane Malheiro, 39 anos, a iniciativa é uma forma de reavivar a memória ancestral por meio de costumes que precisam ser eternizados. “Serão semanas valiosas com muito aprendizado e trabalho. Envolver nossas crianças e jovens foi um dos desafios que encontramos, por isso, desenvolver práticas que sejam lúdicas e satisfatórias para ambos”, diz.

Fabriciane faz parte da comunidade há 23 anos. Aos 17 chegou sozinha e sem perspectivas, ainda carregando o filho nos braços, com poucos dias de vida. Por muito tempo, o trabalho de doméstica e as inúmeras tentativas de concluir os estudos para ingressar em uma universidade, fizeram parte da sua rotina. Em 2010, por meio do Enem e do acesso ao sistema de cotas, ela foi aprovada no curso de Letras da UEMS, dando início ao seu sonho. Em 2014 formou-se, ainda assim, um novo desafio pela frente. “No ano seguinte ainda não trabalhei como professora, pois demorei a perceber que eu poderia ter outra profissão que não somente a de doméstica”, confessa.

A ação acontece na Aldeia Urbana Marçal de Souza – foto: Ana Carolina Fonseca

E foi em 2016 que ela começou a desenvolver oficinas interculturais nas escolas municipais da Capital. “Neste período que comprovei o quanto as crianças se interessavam pela minha cultura e o que faltava era só mais incentivo”, conta. Hoje, além de ministrar aulas de língua portuguesa, também é responsável por disseminar as danças típicas entre as crianças e jovens da sua comunidade.

Programação

Dias 22, 23, 24 e 25 de março – Oficina de Arte Urbana com Alice Hellmann e Caio Mendes

29, 30 e 31/03 até 8 de abril – Restauração do mural

9, 10, 11, 12 e 13 de abril – Pintura do mural coletivo – Alice Hellmann/Caio Mendes e 20 jovens da comunidade

30 e 31/03 – 6 e 13 de abril – Oficina danças típicas

1 e 2 de abril – Oficina de pintura dos trajes de danças típicas

14 de abril – Evento de encerramento das atividades e apresentações da comunidade

O progresso das restaurações, bem como o andamento das oficinas, pode ser acompanhado em tempo real por meio das redes sociais do projeto: Acesse o perfil no instagram @projetokexunakoa

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Carro tem a traseira destruída após batida com caminhonete em Campo Grande

Homem é esfaqueado na Avenida Salgado Filho e socorrido em estado grave

Criança que atirou e acertou a mãe está sob cuidados da família e pai ainda será interrogado

Arma que matou mãe tinha registro federal de uso exclusivo para defesa do lar

Notícias mais lidas agora

Subprodutos e reduflação

De subprodutos a reduflação, fome e vulnerabilidade viram lucro para indústria alimentícia

Secretários de MS seguem em Israel e passam a noite em bunker

Criança que atirou e acertou a mãe está sob cuidados da família e pai ainda será interrogado

Caarapó fechou contrato emergencial de 3 meses para gerenciamento da frota. (Caarapó News, Arquivo)

Caarapó fecha contrato emergencial de R$ 1,5 milhão para gerenciamento da frota por 3 meses

Últimas Notícias

MidiaMAIS

Atitude 67 se apresenta neste domingo no Parque das Nações Indígenas

Show é gratuito e faz parte do MS ao Vivo

Sérgio Cruz - O dia na história

1915 – Criado o município de Três Lagoas

Pela lei n° 706, de 15 de junho de 1915, sancionada pelo governador Augusto da Costa Marques, é criado o município Três Lagoas, desmembrado de Paranaíba. Seu primeiro intendente geral interino, foi Sebastião Fenelon da Costa. Iniciada em 1911 com a chegada da estrada de ferro, em área doada por Antonio Trajano dos Santos e … Continued

Trânsito

Dois morrem e criança fica em estado grave após acidente entre ônibus e caminhão na BR-262

Uma peça do caminhão teria se desprendido e atingido os passageiros das três primeiras fileiras do ônibus

Esportes

Palmeiras e Botafogo estreiam hoje no Mundial de Clubes

Equipe alviverde entra em campo às 18h, e a capixaba, às 22h