A rotatória da Rua do Seminário com a Avenida Padre João Falco, em Campo Grande, nunca mais foi a mesma, desde que o “gaúcho veio” começou a passar algumas horas da manhã ali. Figura peculiar e trajado como um sulista, “toma chimarrão e sol” ao mesmo ao tempo, ganhando buzinadas de motoristas diariamente.

“Eu moro aqui na Rua do Seminário mesmo e, na minha casa, o sol não pega bem, então, gosto de vir aqui ficar olhando o tempo, o movimento das nuvens. E, claro, com o meu chimarrão junto. E as pessoas passam buzinando e, a cada vez, levando o meu chimarrão e digo: ‘Grande dia’. Falo com todo mundo, gosto de tratar bem a todo mundo”, afirmou Joaquim Ferreira, de 69 anos, como o gaúcho se identificou.

Gaúcho diz que gosta de tomar cidade e admirar a cidade. Foto: Graziela Rezende/Jornal Midiamax
Gaúcho diz que gosta de tomar cidade e admirar a cidade. Foto: Graziela Rezende/Jornal Midiamax

Natural de Porteirinha, em Minas Gerais, ele diz que é a junção de “mineira com gaúcho”. “Eu nasci lá, porém, fui criado no Rio Grande do Sul, em um sítio no município de Carazinho. Quando tinha sete anos, me mudei pra lá e só fui embora quando entrei no quartel. Passei por várias cidades e a minha última morada foi Campo Grande. Aqui estou há 28 anos e nunca deixei de tomar o meu chimarrão”, comentou.

Segundo o gaúcho, ao menos três vezes ao dia ele toma a bebida típica. “Aonde eu vou a minha cuia me acompanha. E isso acaba chamando a atenção. Tem alguns que passam aqui e falam gaúcho veio, outros chamam de gaúcho doido. Mas, eu nem ligo, uma pessoa na minha idade já é bem equilibrada, então, se me chamar de bonito, amém. Se chamar de feio, amém. Se chamar de sábio, amém e, se chamar de doido, amém também”, argumentou.

Em alguns momentos, Joaquim disse que gosta de andar descalço e, até nisso, já escutou críticas. “Tem um prédio na frente da minha casa e aí vão chegando as funcionárias. Algumas invocaram comigo, falando que eu estava andando descalço no frio e iria pegar uma doença. Só que daí eu conversei e expliquei que gosto, que fui criado tirando leite no tempo de inverno, que plantávamos capim onde tinham falhas, então, eu lembro da minha infância e juventude nestes momentos”, comentou.

Aposentado, o gaúcho fala que “leva uma vida de rei”. “Eu saio daqui, depois faço o meu exercício físico ali na Avenida Tamandaré. Já corri ali até com tora de madeira, gosto de fazer exercício e não preciso tomar nenhum remédio. Depois volto, tomo meu banho e aí fico por aqui. Faço minha carninha assada algumas vezes na semana e fico com minha mulher. Ela não pode reclamar de nada. Não dou trabalho para ela”, brincou.

Casado há 35 anos e pai de sete filhos, Ferreira fala que o descanso veio após muito trabalho. “Eu tive uma primeira esposa e tenho quatro filhos lá no Rio de Janeiro. Com a atual esposa tive mais três. Trabalhei como militar durante anos e, às vezes, faço homenagens. Foi um tempo muito bom. E procuro manter uma rotina boa. Só que eu como muita pimenta, sal e carne gorda. É por isso que tomo sol e faço o meu exercício todo dia. Gosto assim, de viver tranquilo, em paz e com a saúde boa”, finalizou.

Ao levar buzinadas, Joaquim levanta chimarrão e diz: 'Grande dia'. Foto: Graziela Rezende/Jornal Midiamax
Ao levar buzinadas, Joaquim levanta chimarrão e diz: ‘Grande dia’. Foto: Graziela Rezende/Jornal Midiamax

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