O som ecoa na maior rodoviária da América Latina, em São Paulo. Músicas clássicas, que acalmam principalmente quem precisa esperar horas entre uma condução e outra. Elas são tocadas pelo artista autodidata e morador de rua Michel Eduardo da Costa, de 37 anos, que nasceu em Campo Grande e contou sua história ao Domingo Espetacular, da TV Record, nesse domingo (20).

Conhecido como “cobertinha”, contou que esquece das dificuldades quando está diante do piano, localizado na praça central do Terminal Rodoviário do Tietê. Antes de chegar na capital, há 12 anos, estava morando em São Gabriel do Oeste, na região norte de Mato Grosso do Sul.

“Eu vim que nem nômade, vamos dizer assim, trabalhando de lugar em lugar. Aí, de uma cidade para outra, às vezes trabalhava e às vezes não trabalhava, até chegar em São Paulo”, disse ele ao programa dominical.

Ao todo, teve quatro empregos na capital paulista, porém, desde 2018, passou a morar nas ruas. Nesta época, passou a pensar na verdadeira vocação. “É a música né, é o que pulsa, parece que está no meu DNA”, afirmou.

Michel disse que nasceu em Campo Grande, mas, foi “tentar a vida” em São Paulo há 12 anos. (YouTube/Reprodução)

Aos 9 anos, Michel comentou que teve acesso a um teclado e, 20 anos depois, mesmo vivendo nas ruas, decidiu dar uma segunda chance ao sonho.

Desde então, passou a tocar flauta e depois a escaleta (instrumento de sopro que tem um teclado). E, durante suas andanças, descobriu o piano na rodoviária.

Foi quando o instrumento se tornou seu “amigo inseparável”. Na entrevista, ele comentou problemas que teve com o instrumento e até como dividiu as teclas. Em seguida, a equipe de reportagem promoveu um encontro entre o renomado maestro João Carlos Martins e Michel.

“A música, a história relacionada a música, automaticamente já é bonita, porque a música une corações e almas”, iniciou. Ao ver a apresentação do pianista, o maestro, de 75 anos, avaliou. “Ele tem uma noção rítmica fora da curva, é incrível, espetacular. Tem criatividade, e evidentemente, uma mão que não foi preparada para o piano e, aos 32 anos, teve contato o com o teclado, até colocar, é muito mais difícil você colocar a mão amoldada para a mão de um pianista”, comentou.

Diante a um piano profissional, “cobertinha” toca mais uma vez e recebe palmas do maestro. Ambos tocam juntos na sequência e Michel fala do sonho em compor músicas e, quem sabe, ensinar outras pessoas.

Veja a entrevista na íntegra: