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Polícia

Irmão nega ter dito que mecânico usou drogas antes de acidente que matou família na BR-060

Familiar disse que, na verdade, afirmou que o mecânico apenas fazia tratamento no Caps
Layane Costa, Lívia Bezerra -
Mecânico David Lopes Queiroz chegando de muleta à audiência desta segunda-feira. (Foto: Henrique Arakaki, Midiamax)

O irmão do mecânico David Lopes Queiroz negou que tenha afirmado que o rapaz usou drogas antes do acidente que matou Drielle Leite Lopes e seus três filhos, na BR-060, entre e , no dia 6 de abril.

Em depoimento na primeira audiência do caso no Fórum Heitor Medeiros, em Campo Grande, o irmão do acusado explicou que falou que o mecânico estava fazendo tratamento no Caps (Centro de Atenção Psicossocial).

“Se não me engano era umas 7h30 que eles [PRF] chegaram perguntando do meu irmão. Saiu muita coisa no jornal que eu não falei, que ele estava usando droga. Eu falei que ele estava fazendo tratamento no CAPS, há mais ou menos seis meses ele estava em tratamento”, afirmou.

O irmão de David ainda disse em juízo que ninguém sabe o motivo do mecânico ter ido parar naquela rodovia.

Ao fim da audiência, o Pedro Paulo Sperb, que representa a defesa do mecânico, manifestou-se sobre a fala do familiar de seu cliente.

“Na verdade, foi narrado no depoimento dos policiais rodoviários federais que o irmão teria dito um dia após que o acusado teria usado cocaína. Mas, na verdade, o irmão, ao ser questionado por esses policiais, disse que ele estava fazendo um tratamento. E esse tratamento é documentado, está nos autos que demonstra que ele frequentava o CAPS tratando desse uso de drogas, dessa dependência que tinha, mas mais de seis meses atrás”, esclareceu o advogado.

‘Fechei o olho e comecei a chamar por Deus’, disse passageira de caminhão

A passageira do caminhão envolvido no acidente é uma das pessoas ouvidas na audiência na tarde desta segunda-feira (30). Lucimar Gomes Vieira e Valdemir Lopes dos Santos seguiam no caminhão, no sentido Sidrolândia a Campo Grande. O caminhão foi atingido pelo veículo conduzido pelo mecânico David Lopes Queiroz naquele 6 de abril.

Em depoimento na primeira audiência do caso no Fórum Heitor Medeiros, em Campo Grande, Lucimar disse o que vivenciou naquele dia.

“Ele invadiu a pista contrária. Quando apareceu na curva, já estava na nossa mão, em alta velocidade. Eu fechei o olho e comecei a chamar por Deus”, relatou.

O motorista do caminhão explicou a dinâmica testemunhada por ele naquele dia. “Eu vi uma Saveiro branca na minha frente, um Corsa vinha em alta velocidade bem na curva, ele veio invadindo a contramão. Eu freei e joguei para o acostamento, quando ele viu que ia bater, ele tentou jogar para a contramão, a Saveiro saiu fora e o carro que bateu veio rodopiando com as portas abertas. Em seguida, o carro rodou para fora da pista e eu desci para acudir ele, o carro dele estava pegando fogo. Ele já vinha na contramão, pelo que deu para entender, ele veio correndo demais e não conseguiu fazer a curva”, contou.

Com a oitiva das testemunhas de acusação arroladas pelo MPMS (Ministério Público de ) realizada, a próxima audiência ocorre com o depoimento das testemunhas de defesa.

“Elas [testemunhas de acusação] narraram ali o momento inicial, sejam os policiais que atenderam a ocorrência, sejam as pessoas envolvidas no acidente, e nos narraram que houve, sim, um acidente de trânsito. E é isso que nós tentaremos comprovar para que não caracterize a incidência do dolo eventual e, sim, de um crime ocorrido de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, que é o justo”, explicou o advogado Pedro Paulo Sperb.

Mecânico não era habilitado para dirigir carro

Em depoimento, uma PRF (policial rodoviária federal) afirmou que o mecânico não tinha CNH (Carteira Nacional de Habilitação) na categoria B. Portanto, não era habilitado para dirigir o carro envolvido no acidente naquele domingo, 6 de abril.

“Ele não tinha categoria B, somente A, para motocicleta”, revelou a PRF Caroline de Carvalho Mota.

‘É ele quem me dá suporte’: pai encontra força no filho sobrevivente 

Oldiney Centurion Saraiva começou seu depoimento na audiência desta segunda-feira (30) relembrando que desmaiou após o acidente. Naquela noite de 6 de abril, faleceram Drielle; Helena Leite Saraiva, de 10 anos; João Lúcio Leite Saraiva, de 2; e o pequeno José Augusto Saraiva, de apenas 3 meses.

O pai explicou que se recorda apenas do dia em que acordou na casa de um familiar, e seu médico acredita que tenha ocorrido um bloqueio emocional.

“Nós estávamos vindo embora, eu estava vindo com a minha família. Chegando em uma curva, eu acredito que era um caminhão que estava vindo na curva e o rapaz estava ultrapassando, e eu não vi nada. Eu só me lembro três dias depois, na casa do meu primo, acordando; eu não lembro do velório, nem do enterro. O médico psiquiatra acha que pode ter ocorrido um bloqueio emocional”, falou.

Até hoje, ele disse que pensa que a esposa está viajando. “Eu relutei muito antes de perguntar para ele [filho sobrevivente] porque, até então, eu ainda acho que minha esposa está viajando, porque eu não me recordo”, relatou.

Ao responder aos questionamentos do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) na audiência, Oldiney disse que encontra forças no filho de 12 anos, que sobreviveu ao acidente naquele 6 de abril.

“Eu conversei com o meu filho, aos poucos, é ele que está me dando mais suporte; ele para de chorar, me abraça e fala que ‘é nós dois’. Ele falou que ele e a irmã estavam cada um de um lado e, quando o carro bateu, ele capotou”, revelou o pai.

Acidente na BR-060

Informações passadas para o Jornal Midiamax na época do acidente são de que o médico que atendeu a ocorrência atestou que o motorista do Corsa estava embriagado, mas não foi feito o teste do bafômetro. A suspeita para o acidente é uma tentativa de ultrapassagem malsucedida.

O veículo Corsa teria tentado ultrapassar uma carreta, mas não conseguiu, já que a Saveiro vinha na direção contrária. Nesse momento, ao tentar retornar para pista, bateu na lateral da carreta e acabou atingindo a Saveiro.

O motorista do Corsa não usava cinto de segurança e foi arremessado para fora do carro, socorrido com múltiplas fraturas. Em seguida, o carro caiu no barranco e pegou fogo.

O motorista da carreta contou que o Corsa estava em alta velocidade e não conseguiu evitar o acidente.

Cortejo marcado por dor e revolta

Revolta, choro, estado de choque. Assim foi a despedida de Drielle Leite Lopes e seus três filhos: Helena Leite Saraiva, de 10 anos; João Lúcio Leite Saraiva, de 2 anos; e o pequeno José Augusto Saraiva, de apenas 3 meses. A mãe de Drielle estava em estado de choque durante o velório, que aconteceu na Câmara de Vereadores da cidade.

O marido de Drielle teve de ser amparado por amigos e familiares durante a despedida da esposa e dos filhos. O bebê de 3 meses foi velado com caixão fechado. “Em relação ao acidente, eu quero a justiça. Não vai trazer de volta, mas que não aconteça com outros. Porque não foi um acidente, foi uma tragédia, provocada por um ser embriagado, que não pensa na consequência do que vai dar. Destruiu, destruiu muitas famílias”, disse Aucelia Gomes, sogra de Drielle.

A família tinha ido passar o fim de semana em Sidrolândia para visitar a mãe de Drielle e contar a novidade da compra da casa própria que o casal havia conquistado há uma semana, em Campo Grande. “Eles [nora e netos] eram amor, família unida, um pelo outro. Era assim, só brincando, ia para o mercado brincando. Eu ia lá e não sabia o que fazia, colocou o nome de dois filhos, por mim, José e João”, disse Aucelia.

Já sobre o filho, marido de Drielle, a mulher contou que, emocionalmente, ele está destruído. “Os ferimentos não foram muitos, mas o emocional está destruído. Ele até falou que não quer mais viver, mas tem outro filho, né? Nós vamos dar muita força para ele, e Deus já está segurando a mão dele. Nós vamos nos unir um pelo outro”, falou.

O neto de 12 anos que sobreviveu ao acidente continua internado e já teria passado por cinco cirurgias desde o acidente. “Vai ser um tratamento longo, doloroso, mas ele está fora de perigo. Quebrou os dois fêmures, os dois braços e o maxilar”, contou Aucelia.

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