Há seis anos formando um público plural, conectado à realidade cultural e artística de Campão, sobrevivendo a grandes obstáculos, algumas vezes levando altas doses de bordoadas e, ainda assim, sem perder a ternura. Assim o Laricas Cultural segue com a importante missão de continuar sendo um celeiro de criação, um espaço que valoriza o autoral e diverte com consciência.

“Conseguir resistir, sobreviver do Laricas em meio a pandemia com 4 filhos e sem emprego fixo foi nosso maior desafio! Estar viva p seguir resistindo foi privilégio, pois peguei covid e tive 70% do pulmão comprometido, fiquei internada 10 dias  e hoje estou aqui podendo comemorar!” , anima a proprietária Luanna Peralta, a Lu.

O movimento – foto: acervo pessoal

O Laricas na real não tem muito planejamento, ele é um quintal, a casa da Lu e se sua família (literalmente). O intuito sempre foi explorar todas as ideias, parcerias, para causas necessárias: O planejamento real é nunca ficar em cima do muro, ter posicionamento e buscar sempre a desconstrução e aprendizado.

É pique!

Com seis anos de corre e 3 anos de retomada já no espaço atual, nesse dia 08/02, quarta-feira, será celebrada a existência desse espaço único. 

“Teremos a presença do Projeto Kzulo ( que começou a se apresentar no nosso vagao ) Beca Rodrigues (que soma com a gente desde o vagão também), DJ Magão, meu amigo de uns 15 anos. O melhor DJ p mim kkk… vai ter também Intervenção com ‘Clandestinas’, que já fizeram parte do nosso sarau também!! A entrada será R$ 15,00, revertida aos artistas”, divulga.

Um detalhe da programação: Vai rolar também a inauguração da loja colaborativa do coletivo Madreloca, coletivo de mães empreendedoras.

Luanna ao centro e os migos – foto: acervo pessoal

O começo (em 1ª pessoa)

“Laricas da Lu nasceu da necessidade de ter uma renda extra, somos uma família grande , sou mãe de 4 filhos , eu era concursada na área de saúde da prefeitura e meu companheiro trabalhava numa empresa há 4 anos e abrimos o Laricas no intuito de fazer rango e tal. Abrimos em 2017 num vagão em frente à Morada dos Baís, numa parte caótica, de dependentes químicos, onde ninguém consegue resistir com comércio e nós conseguimos um ano e meio (eu Luanna fui dependente quimica durante alguns anos e creio que isso me ajudou a saber lidar com as pessoas de lá).

Com o tempo as pessoas, procuravam a gente pra se apresentar, mostrar sua arte. Percebemos a falta de um espaço onde as pessoas pudessem expressar sua arte e assim nasceu o Sarauzin. Lá ocupamos a rua com muita arte, abrimos espaço para artistas locais, saraus, feiras, experiências incríveis.  Mas pra gente foi ficando difícil pois trabalhávamos das 7h as 00h todos os dias ,em 2 trampos né  e tava ficando puxado. Então tivemos que tomar a decisão de ou fechar o Laricas ou sair do trampo , e decidimos continuar com Laricas , pq a arte começou a fazer parte da nossa vida de uma forma gigantesca, então eu pedi exoneração do meu concurso , meu companheiro saiu do trampo , alugamos um espaço e metemos a cara p abrir, com pouca grana , inauguramos o espaço novo Laricas Cultural dia 08/02 de 2020.

Ontem e hoje- foto: acervo pessoal

Infelizmente tomamos uma rasteira , assim como muita gente , dia 17/03 veio a pandemia , ficamos com muitas dividas , contrato do imóvel já assinado , enfim, perdidos, tivemos que se reinventar de todas as formas possíveis p manter o imóvel, e principalmente conseguirmos sobreviver mesmo com 4 crianças e naquele momento sem trabalho algum, fizemos delivery, ovos de páscoa, faxina,  tivemos apoio de muitas pessoas , em julho de 2021 eu peguei covid, fiquei 10 dias no hospital entre a vida e a morte, com o pulmão 70 % comprometido, quase fui entubada.

O Laricas parado, contas, crianças passando necessidade , e minha irmã resolveu fazer uma vaquinha virtual, foi aí que descobri a importância da minha vida, do meu espaço  cultural para as pessoas: em 5 dias arrecadamos 7mil, onde conseguimos  pagar contas básicas e se manter um tempo”, conta Luanna.