A adrenalina começou a aumentar, cada vez mais, em 10 minutos. Foi o tempo de vestir uma camisola, entrar na caminhonete e ver Pedro Luiz Neto dar o ar da graça. Para os pais, que estavam entre idas e vindas de Sidrolândia, onde sonhavam em fazer o parto natural, o nascimento foi um presente que surgiu na Avenida Gunter Hans, em Campo Grande, nesse sábado (24).

Enquanto a esposa permanece no HU (Hospital Universitário) com o recém-nascido, o professor Pedro Luiz de Araújo Filho, de 28 anos, conseguiu alguns minutos para se dedicar a outra filha do casal, Maria Júlia, de um ano e três meses, além de conversar com o MidiaMAIS. Segundo ele, foi incrível a maneira como as coisas foram acontecendo e a calma que ele teve para ajudar a esposa durante o parto.

“Nosso segundo filho tinha data prevista, de parto, para o dia 2 de janeiro de 2023. E eu e minha esposa queríamos tudo o mais natural possível, então, a gente tinha esta data como base, já que é onde fecha 40 semanas, só que a gente sabia que poderia vir a qualquer momento, então, ficamos esperando ela entrar em trabalho de parto, de maneira natural”, explicou o professor.

‘Contrações foram ficando cada vez mais intensas’, relembra pai

No entanto, há uma semana, quando as contrações foram ficando cada vez mais intensas e menos espaçadas, Pedro e a esposa, a pedagoga Bianca Ferreira Borges de Araújo, de 24 anos, passaram por uma consulta médica. “A doula até foi junto nesta consulta e lá vimos que ela já tinha uma certa dilatação do colo do útero e daí ela foi liberada. Depois, decidimos ir para Sidrolândia, porque lá tem o CPN (Centro de Parto Normal), que é um lugar que atende muito bem estes partos humanizados”, comentou.

Desta forma, o casal seguiu para Sidrolândia, almoçou na casa de uma familiar e seguiu para o CPN. “Ficamos lá por 12 horas e o que a gente achou que seria um trabalho de parto, não era, porque a bolsa não tinha rompido. Ela tinha algumas contrações, que estavam aumentando e o colo de útero continuava dilatando, mas, não ocorria o nascimento, então, no outro dia, 6 horas da manhã, a gente acabou sendo liberado”, relembrou.

(Foto: Arquivo Pessoal)

No início desta semana, a doula passou a explicar mais sobre o pródomus, que é a primeira fase do trabalho de parto e pode durar dias ou semanas, sendo mais comum da segunda gestação em diante. “Nesta semana passou segunda, terça, quarta e aí ela passou a ter as contrações mais fortes e intensas na madrugada, daí a gente ficava na expectativa”, comentou Luiz.

Já na antevéspera do Natal, o professor diz que saiu com o cunhado e a sogra, com a intenção de fazer as compras da ceia natalina. “Fizemos um tour nos mercados, compramos tudo e eu cheguei em casa pouco depois da meia-noite. Estava bem cansado e pensei que poderia dormir uma meia hora. Nisso, tirei um cochilo rápido e acordei com ela gritando e me chamando no banheiro”, explicou.

Ao chegar, Luiz encontrou a esposa tomando um banho quente para aliviar as dores. “Ela saiu, deitou e aí eu comecei a controlar as contrações, se eram 4 no intervalo de 10 minutos, que é o padrão. Só que ela estava reclamando muito mais de dor. Daí eu pensei que todo mundo dormindo, eu longe de hospital, de médico, doula, aí comecei a avaliar se não seria uma viagem desnecessária, tanto para Sidrolândia como um hospital aqui perto”, contou.

Mãe já entrou no carro em posição para ter o filho

No entanto, a esposa começou a sentir cada vez mais dores e o professor só sabia pedir para ela respirar, até que decidiu sair de casa. “Vi que realmente a gente teria que sair e, em questão de 10 a 15 minutos, foi tudo ficando mais intenso, até mesmo para sair do sofá estava difícil. Coloquei uma camisola nela e minha esposa já ficou na posição dos quatro apoios, que é mais confortável para a mulher no parto natural”, argumentou.

Dirigindo de forma tranquila, após cerca de 2 minutos, o pai perguntou: “E aí, vamos para Sidrolândia ou o HU. E ela respondeu: ‘vamos para o HU, pelo amor de Deus, que esse menino vai nascer’. Nisso até pensei em mudar a rota, mas, foi incrível que, em 10 minutos, nosso filho nasceu. Ele poderia ter nascido em casa, só que lá a minha esposa não estava relaxando o suficiente. Se a gente soubesse, acho que seria lá mesmo, porque não adiantou nada ter saído”, brincou.

Ainda no momento do parto, Luiz conta que passou por um quebra-molas e depois ouviu a bolsa estourando, quando se desesperou: “Ali eu estava pensando que o menino tinha nascido, então parei. Estava escuro e, com uma lanterna, para minha surpresa, enxerguei o cabelinho dele. Vi que não tinha mais o que fazer, daí liguei no 192 e falaram que ia demorar. Liguei então pra doula, fui ouvindo as orientações finais e fazendo carinho na minha esposa e dirigindo”, falou.

Pouco tempo depois, o menino “coroou” e o pai viu a cabeça mais uma mãozinha. “Mais um ou dois minutos, saiu o outro bracinho e aí ele saiu de vez. Nisso o celular já estava no chão da caminhonete eu só ouvindo alguma orientação. Peguei a tolha que já tinha, porque a gente realmente pensou que algo poderia acontecer. Ele ficou lá, ligado na mãe pelo cordão umbilical e a placenta e foi muito emocionante. Não sei como, mas, ainda consegui ligar no 192 para dizer que estava a caminho do hospital”, finalizou.

Veja o vídeo do pai revisitando o local do parto: