Pantaneira de 2 anos, Maria Clara já toca berrante e quer montar no cavalo para chamar a boiada
Pequena sul-mato-grossense mostra ser mais pantaneira que muitos peões da novela “Pantanal”
João Ramos –
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Enquanto Joventino (Jesuíta Barbosa) não quis montar na cela que foi de seu avô e deu o maior desgosto para Zé Leôncio (Marcos Palmeira) em “Pantanal”, Maria Clara faria os olhos do protagonista da novela brilharem com sua veia pantaneira.
Aos 2 anos de idade, a pequena pantaneirinha já nasceu montando, ajuda a carregar a “traia”, busca o cavalo, participa da carneada, ajuda o tio a curar bezerro, toma tereré desde bebê e ama a lida do campo.
Sua mais nova aventura foi aprender a tocar berrante, depois que viu o instrumento ganhar destaque no remake de “Pantanal”.
“No primeiro capítulo da novela, ela viu o berrante, gostou e perguntou o que era. Eu expliquei que é o que os peões tocam pra chamar a boiada. Foi a partir daí que ela se encantou e pediu pra tocar um. Levamos ela na chácara do tio Toninho e, chegando lá, ela já pediu o berrante”, conta Évelyn Renata, a mãe da menina, ao Jornal Midiamax.
Prestes a completar 3 aninhos, Maria é natural de Aquidauana, a mesma cidade onde as duas versões da novela foram gravadas. De família pantaneira, a pequena herdou da mãe o amor pelo campo, pelos cavalos e pela vida na roça. Elas moram em Anastácio, mas a chácara de familiares, a 21 quilômetros da cidade, é como se fosse a segunda casa.
Tão novinha e interessada na vida pantaneira, Maria, que já é acostumada com várias atividades típicas de peões, se encantou pelo berrante e está tocando até melhor que a mãe. “A Edilene, que é nossa prima, tocou pra ela ver como fazia e a Maria repetiu. Por ser a primeira vez, o som saiu super bem, melhor que o meu, afinal, é um instrumento difícil de tocar. Tem que ter jeito e, pelo interesse e esforço, logo ela já estará craque”, comenta Évelyn, que supervisiona a filha em todas as aventuras da criança na roça.
Maior do que a própria pantaneirinha, o berrante foi segurado pela avó e pela prima, para que ela pudesse assoprar. A família assistiu à cena encantada e se divertiu porque a pequena não queria mais largar o instrumento. Depois que aprendeu, Maria Clara já traçou planos para a próxima ida à fazenda. “Ela amou e agora pede toda hora pra tocar o ‘biante’. Falou que queria montar no cavalo pra ir chamar a ‘vacada’. Na próxima vez que formos, faremos isso”, garante a mãe.
Pantaneira mesmo
Segundo Évelyn, Maria adora o campo. “Acho linda essa relação dela. Ela ama cavalos (isso sai da própria boca dela). Sempre que vamos para a chácara, ela já pede o cavalo pra andar, se ele está longe ela não se importa de ir buscar, põe chapéu ou boné e vai. É um amor puro, lindo de ver”, comenta, emocionada.
A menina monta até “em pelo” nos cavalos, sempre acompanhada pela mãe e pela prima Edilene. Das comidas pantaneiras, Maria Clara ama todas, e é difícil não gostar de alguma coisa. “Eu faço questão de acompanhar e apoiar… o jeitinho dela gostar cativa todos em volta. A vovó Catarina está sempre junto também, e o tio Toninho, dono dos cavalos, se prontifica em pegar o animal e encilhar pra ela”, conta a mãe.
Novela Pantanal
Maria é apaixonada por tereré e por essa vida rural que está em seu sangue. Se ela assiste “Pantanal”? “Do jeito dela, entre um desenho e um TikTok e outro, mas assiste, principalmente as partes em que aparecem a onça e o berrante”, diz Évelyn.
A mãe de Maria Clara tinha 3 anos quando a versão original foi exibida pela TV Manchete, em 1990, mas sua mãe, Catarina, acompanhou e se lembra de muita coisa. “Eu não lembro muito, a mãe que lembra mais, mas sabemos que não seria exatamente igual, afinal, são outros tempos. A natureza muda, o tempo muda, as tecnologias mudam, os atores mudam… Dessa forma, entendemos que se trata de uma novela. Estamos assistindo e gostando”, finaliza ela.
Através de “Pantanal”, Maria Clara, de apenas dois anos, vê sua cultura representada na telinha e se identifica com o que assiste, assim como boa parte dos sul-mato-grossenses, que se encantam ao ver personagens tomando tereré, mencionando as cidades do Estado e comendo comidas típicas como os que vivem aqui.
Se para um adulto a representatividade já é grande, para uma criança o significado pode ser ainda maior. O remake, portanto, possibilita o acesso das novas gerações a esse reconhecimento na televisão e à história de Benedito Ruy Barbosa eternizada no coração de Mato Grosso do Sul há 32 anos.
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