Do chuchuzal à vendinha, Izolda mostrou que sabe plantar e viraliza no Youtube aos 84 anos
Florista possui mais de mil espécies de plantas em casa. Na pandemia, montou vendinha e é cheia de clientes.
Graziela Rezende –
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A florista Izolda Gereluz Nazarko, de 84 anos, viajou 1,4 mil quilômetros e aqui exigiu somente um “pedaço de terra” para plantar. E logo que se instalou no bairro Mata do Jacinto, em Campo Grande, já começou os cultivos, ouvindo de alguns vizinhos. “Vixi, aqui não dá nada não, nem chuchu”. Só que a resposta surpreendeu, quando ela apareceu com um chuchuzal enorme, em que doa, vende e ainda sobra o legume.
Só que nem é isso que mais surpreende. Na varanda da casa, em um terreno de 20X40 m², D. Izolda possui mais de mil espécies de plantas, além de uma horta. Ela não esconde que possui algumas favoritas, como uma orquídea morcego que decora a mesa e alguns vasos que não estão à venda.
“No ano de 2004 e 2005, fomos do Paraná para Rondônia e de Rondônia Para Mato Grosso do Sul. A família é grande. São 7 filhos, 20 netos e 15 bisnetos. Aqui vivo com meu marido, minha filha, genro e um neto, mas, sempre tem visita dos meus outros filhos e gente pedindo plantas aqui”, afirma ao MidiaMAIS D. Izolda.
Criada na roça, no sul do país, a florista diz que cresceu vendo os pais na lida campeira e também participando de feiras. “Meu pai cultivava copo de leite, amor perfeito e outras para vender. Fui aprendendo e gosto muito. Acordo às 7h, tomo café da manhã e já começo o ritual. Vai de 1h30 a 2h por dia para regar tudo. Isso de manhã e de noite”, comenta.
Conforme o neto, Leandro Nazarko, de 31 anos, a família até estuda a colocação de um sistema de irrigação no local, mas, a florista não aceita. “Fui fazer isso um dia e fiquei cansado. Ela fica ali segurando a mangueira, conversando com as plantas. Acho que tem mais energia que nós todos juntos”, brinca.
E a conversa, segundo D. Izolda, é essencial. “Eu dou bom dia para as plantas e, quando vejo alguma triste, falo assim: ‘A mãe vai dar água para você e vai ficar alegre e bonita”, conta. Nos últimos 16 anos é assim, enquanto estiver bem e com saúde”, diz. A florista fala que vai continuar cuidando das plantas, algo que, muitas vezes, a faz nem ter vontade de sair de casa.
Quando se mudou, além do chuchuzal, a idosa também plantou couve e alface. Com o passar do tempo, foi aumentando e todo o quintal e as paredes possuem plantas. Recentemente, quando ganhou um livro contendo nome científico e modo de cuidar das plantas ornamentais do Brasil, D. Izolda passou a estudar e aprofundar ainda mais o conhecimento.
No fundo do imóvel, conforme a família, D. Izolda apelidou o local de fundiária, exatamente como chamava quando residia com os pais no Paraná. “A gente falava que a parte mais afastada era a fundiária, então, chamo o meu quintal assim. E daqui os produtos vão para as feiras e também uma vendinha que eu fiz na frente de casa”, explicou.
A filha de D. Izolda, a estudante e também feirante, Irene Maria Nazarko de Souza, de 62 anos, fala que a mãe vira e mexe pede a abertura de uma floricultura. No entanto, com a chegada da pandemia, eles optaram por restringir o contato e diminuíram até o número de feiras.
“Foi aí que veio a ideia de colocar o mostruário. No início, tinha até uma plaquinha com o deposite o dinheiro aqui, só que as pessoas não querem. Elas batem palmas, porque querem falar com minha mãe, fazer perguntas, gostam das explicações dela”, comenta.
Ao falar sobre flores, D. Izolda abre um sorriso lindo e largo. “A natureza é beleza, representa o que Deus nos deixou aqui na terra. Eu amo estar em contato com elas. Quando acordo, estou sempre orando para não cair e nem escorregar, principalmente porque eu mudo de lugar, mexo bastante aqui. Na minha idade isso é problema, mas nunca aconteceu”, conta.
Em épocas festivas, como aniversário e Dia das Mães, por exemplo, os parentes já sabem o que a florista quer ganhar. “Meus irmãos ligam, perguntam e eu falo. A mãe quer o de sempre: orquídea, folhagens, saco de musgo, essas coisas”, explicou Irene, uma das filhas de D. Izolda.
Florista viralizou no Youtube ao falar sobre plantio de orquídeas
Recentemente, o quintal com pergolado e plantas para todo lado ganhou o mundo. Irene passou a filmar a mãe para enviar no grupo da família, já que a idosa tem parentes morando no Paraná, São Paulo e Rondônia. Dentro do grupo, uma das filhas jornalista pegou as imagens e decidiu criar um perfil no Youtube, já com mais de mil seguidores.
No entanto, um dos vídeos intitulado “Como plantar orquídeas no toco?” viralizou recentemente, com mais de 43 mil visualizações e várias perguntas para D. Izolda responder.
“Ela responde tudo, com muita paciência, é uma terapia isso pra ela. Se não estivesse com isso tudo, poderia estar doente, mas tem energia mais que todos os filhos juntos. Até lata de 20 litros, quando a gente vê, ela já carregou. Faz compostagem também, estuda inglês, não para. Sou eu quem faço o almoço e tenho que ficar chamando: ‘Mãe, vem almoçar’. Se deixar ela passa o dia envolvida”, finalizou Irene.
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