No que você é bom? Já parou para pensar nisso? Em época de datas festivas, como a festa junina – muito aguardada pelos sul-mato-grossenses – microempreendedores aproveitam o dom para fazer um dinheiro extra, seja com comida, acessórios, decoração ou até mesmo vestimenta.

Segundo levantamento feito do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), hoje, as festas juninas se transformaram em negócio milionário, sendo a segunda melhor data para o varejo, atrás apenas do Natal. Dito isso, o Midiamais entrevistou 4 mulheres inspiradoras e que fazem dinheiro extra nesta época junina. As únicas coisa que você vai precisar é descobrir no que você é bom, e muita força de vontade para fazer seu negócio dar certo.

Canjica quentinha

Nete Nelvo de 50 anos, moradora de MS, contou ao Midiamais que sempre gostou de cozinhar e fazer doces tradicionais. Algumas receitas, como a da canjica com amendoim, são ”herança” de sua vó. Como não trabalha mais, Nete pensou em usar a cozinha a seu favor para conseguir lucrar um dinheiro extra: ‘'vou fazer para vender, assim eu como e vendo'' disse ela.

Nete vende a canjica e os bolos durante o ano inteiro, mas disse ser nítido o aumento pela procura em junho e julho. ‘'Por mais que seja só R$5, a vantagem é que entra uns ‘trocadinhos' todo dia, eu sempre tenho dinheirinho” explicou a aposentada.

Canjica da Nete (Foto: Arquivo pessoal/ Midiamax)

Além de ser uma fonte de renda, Nete explica que também é um passatempo, pois ela passa o dia todo em casa, agora, porém, fazendo o que ela ama: cozinhando. Quando foi questionada sobre o preparo, Nete se encheu de orgulho ao dizer que faz com todo amor e carinho. ”Eu tenho um cantinho para o fogão de lenha, ai eu começo a cozinhar ela (a canjica) em um dia para no outro dia temperar. Ou seja, ela passa a noite inteira no fogão de lenha, e fica bem inchada, cozinha bem. Ai no outro que eu tempero com leite caipira e coloco amendoim. A receita é bem caprichada e feita com muito amor.''

Já neste mês Nete teve fez uma festa com encomenda de várias canjicas: ”de R$5 em R$5 consigo lucrar uns R$500 por mês”.

Fogão à lenha que Nete costuma fazer os doces (Foto: Arquivo pessoal / Midiamax)

Acessórios juninos

Já Adriana Medeiros de 35 anos, juntou a necessidade e a paixão pela profissão a seu favor. A infantil teve o contrato interrompido durante a pandemia e precisou se reinventar, para conseguir pagar suas contas. Com despesas e filhos para cuidar, a ela resolveu abrir o youtube para ver vídeos tutoriais de cestas de papelão e itens de festas juninas.

‘'Muita gente só reclama da condição financeira, eu já não fico parada, eu sempre busco observar o comércio e as datas comemorativas que vão vir para tentar fazer algo. Eu sou contratada, não posso depender só do salário, porque hoje estou trabalhando, mas amanhã posso não estar mais”.

Fazendo o que ama e ainda lucrando

Adriana contou à reportagem que, nesta época de festa junina, os pedidos aumentam muito e devido a grande demanda, ela passa a madrugada fazendo encomendas para entregar no prazo. ‘'É uma coisa que eu gosto muito de fazer. Quando termino e vejo o resultado, eu não quero nem vender de tão lindo, é gratificante'' brincou a professora, que contou que consegue lucrar até R$ 800 com os acessórios festivos.

Além disso, Adriana mostrou o quanto é resiliente e busca sempre aumentar sua renda. ‘'Fico indignada que as pessoas só reclamam e não buscam melhorar. Eu ganho um salário razoavelmente bem, mas eu sei que preciso buscar mais. As outras pessoas ficam paradas. esperando cair do céu. Eu vou me reinventando, cada data invento alguma coisa para vender'', comentou.

Chapéus juninos que Adriana faz (Foto: Arquivo Pessoal / Midiamax)
Kit de gravatas que Adriana faz (Foto: Arquivo pessoal/ Midiamax)

Costureira por amor

Mary Delmondes de 46 anos, é costureira há 12 anos e disse que nos meses de junho e julho ela praticamente não da conta da demanda. ‘'Eu trabalho com todo tipo de serviço, mas quando é época de festa junina, eu dou uma parada com os outros serviços ‘normais' só para fazer vestido de festa junina. Mas, eu não estou dando conta, faz duas semanas que eu estou procurando auxiliar para me ajudar, mas não tem. A procura é muito grande''

Questionada se esperava toda essa procura pelos vestidos neste ano, Mary disse que não esperava: ‘'Esse ano foi muito mais que o normal, acredito que foi pela pausa da pandemia, ai esse ano as festas voltaram com tudo”.

Com os vestidos custando R$150,00, Mary conta que costuma receber cerca de R$ 3 mil por mês, e em época junina, o lucro ‘'praticamente dobra''.

Conquistas

A costureira contou ao Midiamais que a casa mora atualmente é fruto do trabalho dela com as roupas: ‘'Comprei minha casa com dinheiro de costura, trabalhando com costura, sozinha, solteira, criando meus filhos e pagando aluguel. Eu precisava ficar com meus filhos e sustentar a casa, quando vi que dava certo, nunca mais quis trabalhar para as outras pessoas''.

Vestidos feito por Mary (Foto: Arquivo pessoal / Midiamax)

Maçã do amor

Ariadne Simões de 29 anos, trabalhava em uma confeitaria e está fazendo um curso de auxiliar de saúde bucal. Com a necessidade de estagiar, Ari explicou que tentou conversar com seus chefes para trocar um dia da semana e assim conseguir fazer o em fase obrigatória. Sem autorização dos seus chefes, Ari decidiu trocar o serviço fixo pelos doces. ‘'Minha patroa não queria me liberar, e eu precisava fazer meu estágio, foi quando pensei na maçã do amor. Esse é o terceiro ano que eu faço. Pedi minhas contas em maio, e em junho comecei a vender minhas maças'' contou ela.

A jovem explicou que há 3 anos faz maçãs do amor e os cento de doces para vender. Até então, era uma renda extra, mas com o pedido de demissão, passou a ser sua principal fonte de renda. ‘'Esse mês de junho eu me surpreendi, já no começo do mês vendi o triplo do que eu esperava e costumava vender”.

Empolgada, Ariadne contou que, em meses de festas comemorativas específicas, consegue faturar cerca de R$1,2 mil mensais, mas, só nessas duas semanas deste mês de junho, ela já faturou o valor do que costuma faturar por mês. ‘'Em duas semanas já consegui fazer mais de R$ 1,3 mil, mais do que eu recebia no meu antigo trabalho'' contou.

A maçã do amor que Ari faz custa R$3,00 e a partir de 20 unidades sai a R$2,50, agora a jovem consegue fazer o curso, estagiar e viver desse valor. Questionada se pretende continuar com as produções depois e formada, ela não hesitou em dizer: ”não largo meus doces não”.

Maçã do amor e cento de doces feito por Ari (Foto: Arquivo pessoal / Midiamax)

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*Texto supervisionado por Graziela Rezende