As cinco escolas de samba que se apresentaram na segunda noite de desfiles, nesta terça-feira (5), mostraram que o Carnaval de Campo Grande vem ganhando espaço no coração dos foliões pelo profissionalismo a nível nacional. Quem passou pela passarela do samba, montada na Praça da Papa, ficou surpreso com a riqueza de detalhes que as agremiações trouxeram para a folia deste ano. Alas ensaiadas, carros alegóricos gigantes e fantasias bem elaboradas encheram os olhos dos foliões que lotaram as arquibancadas e estruturas montadas pela Lienca (Liga das Entidades Carnavalescas de Campo Grande).
A Unidos do Cruzeiro trouxe para a avenida as delícias da região Nordeste. As figuras emblemáticas do Lampião e Maria Bonita foram representadas na ala dos bonecos de Olinda, na fantasia do mestre-sala e porta-bandeira mirins e também em um dos carros alegóricos. Evitando citar os aspectos negativos da região, a Escola fez somente uma alusão ao chão rachado, consequência da seca, no primeiro carro abre-alas. A bateria, comandada pelo mestre João Renato Guedes Neto, entrou vestida de Padre Cícero e fascinou ao misturar xote com samba. A audácia do mestre de bateria pegou de surpresa até os veteranos que não esperavam a mistura dos tamborins e das bumbas.
“Foi uma loucura. Tivemos somente uma semana de ensaio. Eu toco desde os 4 anos e gosto de inovar, é uma característica minha. Fizemos e deu certo”, comemorou João Renato.
Muito ouro e neon. Foi assim que a Catedráticos do Samba passou pela avenida com enredo dos encantos do mundo árabe. Na justificativa da escola pelo tema de 2019, a agremiação também lembrou a habilidade dos árabes comerciantes na “arte de pechinchar” e trouxe uma ala ressaltando a importância do café na economia brasileira. Uma lâmpada do Aladin gigante foi um dos destaques que abrilhantaram a passagem da Catedráticos pela passarela. A sola da sandália da rainha de bateria iluminou a avenida com luzes coloridas. As lâmpadas que piscavam no pé da rainha eram as mesmas que davam destaque aos tamborins dos ritmistas. A escola levou o público ao delírio ao trazer dezenas de integrantes cadeirantes, mostrando que não existem limitações para curtir a folia de Momo.
Maria da Glória Sá Rosa foi a aposta da Escola de Samba Deixa Falar na busca pelo bicampeonato. A agremiação narrou a história da professora desde a infância, no Ceará, até os inúmeros discípulos que deixou como herança na cultura sul-mato-grossense. As musas da Deixa Falar foram ousadas e colocaram todos da arquibancada para sambar. A vida acadêmica da professora, tão importante para o Estado, foi lembrada na quinta ala com fantasias de becas de formatura e detalhes em livros. A ponto alto do desfile foi o último carro alegórico que trouxe Sylvia Cesco representando a figura da homenageada.
A Igrejinha levou os feitos profissionais do multifacetado arquiteto Luiz Pedro Scalise para a avenida. Idealizador de bares temáticos que marcaram a vida noturna da Capital como o Pele Vermelha e a Valley Tai, o homenageado tem reconhecimento internacional por ser também um empresário de sucesso. Celma Prestígio, rainha da bateria, mostrou porque é figura tradicional da folia de Momo e levantou os foliões que acompanhavam o desfile. Para fechar com chave de ouro, o último carro alegórico reproduziu a Casa do Papai Noel. Scalise é o responsável pela obra inspiradora da Cidade do Natal, que é montada nos Altos da Afonso Pena e virou ponto turístico da cidade. A estrutura encantou ao carregar o homenageado, em destaque, vestido de árabe. O carro alegórico soltava gelo seco e cheiro que fazia os convidados voltarem à infância.
“Fiquei emocionado do início ao fim. Prontamente aceitei o convite e a escola representou muito bem os meus trabalhos”, explicou Luis Scalise.
Encerrando os desfiles do Carnaval 2019, a Vila Carvalho passeou pelos seus 50 anos de história. A comissão de frente foi em comemoração ao “jubileu de ouro” da agremiação. Os componentes representavam a alegria da vitória e a tristeza da derrota após a divulgação da pontuação dos jurados. A derrota foi caracterizada por rosas murchas nas mãos dos pierrôs e a alegria exibida nas máscaras brilhantes das colombinas. Uma das alas foi dedicada ao Felipão, fundador da Vila Carvalho. O escudo da verde e rosa apareceu estampado nas fantasias das baianas e até os antigos mestres-salas e porta-bandeiras foram lembrados no enredo da agremiação. Zé Carlos, atual presidente da Vila, fechou o desfile interagindo com o público que acompanhou eufórico o encerramento da festa, por volta das 3h30, na passarela do samba.
Resultado
A apuração dos pontos será nesta quarta-feira de cinzas (6), na Arena do Horto Florestal, a partir das 17h.