Vendedor no dia a dia, escritor campo-grandense luta pelo reconhecimento

Com apenas 20 anos, ele já tem mais de 50 textos aguardando publicação 

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Com apenas 20 anos, ele já tem mais de 50 textos aguardando publicação 

As dificuldades financeiras e obstáculos no caminho não foram suficiente para fazer com que Wanderlan Júnior, 20 anos, desistisse do sonho de ver suas obras como escritor, serem publicadas e apreciadas pelo maior número possível de pessoas.

Destaque nas redações desde os primeiros ano na escola, Wanderlan viu nos professores o primeiro incentivo para começar a lapidar seu talento e dar forma à sua arte: os mestres da sala de aula sabiam do futuro promissor que o garoto tinha.

Com o empurrãozinho, ele começou a escrever crônicas, poesias, frases e relatos de tudo que lhe chama a atenção por aí. O emprenho rendeu cerca de 50 textos que até hoje aguardam publicação.

Apesar da pouca idade, o jovem escritor é um crítico nato. Por meio de seus textos, ele faz análises do cotidiano nas esferas políticas e sociais. Se para uns, lidar com as palavras é um desafio, para ele, a maior dificuldade é o apoio, que infelizmente não é proporcional ao tamanho de seu talento. Mesmo fazendo uma verdadeira corrida em busca do que deseja, segundo o escritor, na prática nem tudo é tão simples e acessível.

“A cultura local é muito desvalorizada. É frustrante saber que no nosso Estado não há muito incentivo à cultura, mas a esperança é a última que morre”, diz.

Sem conseguir realizar o sonho da publicação de seu livro, o jovem que tem como inspiração artistas como Cazuza, Raul Seixas e Renato Russo, trabalha como vendedor para suprir as necessidades do dia a dia.

Embora saiba das regalias que a fama e o sucesso podem lhe oferecer, Wanderlan quer ter sua obra publicada não apenas por questões financeiras. Para ele, ver o fruto de anos de trabalho alcançar novos patamares tem um significado muito maior.

“Não penso tanto no dinheiro, apesar de que seria interessante viver da minha arte, mas é frustrante imaginar que minhas obras podem morrer comigo. Quero deixar um pedaço de mim para a sociedade e sei que posso fazer isso por meio das minhas obras”, finaliza.

Como uma forma de se despedir, Wanderlan mostra que em suas veias pulsam sangue de artista. Ao invés de um até logo, ele deixa uma de suas obras, escritas no ano de 2011. Confira:

 

Sonho lindo,

Jamais quis acordar

Fiz o que foi preciso

Lá fora o sol estava a me esperar.

 

À quem amava,

Já não existe,

Fruto de minha ilusão,

Sonho de um menino,

Para angústia de meu coração.

 

Quanta desilusão,

no tremor de minhas mãos,

No silêncio das noites eternas,

No frio deste mundo escuro,

só eu e a solidão.

 

W. Júnior